Por Rainer Sousa
O coronel controlava a economia e a política nos primeiros
anos da República
O coronelismo foi uma experiência típica dos primeiros anos
da república brasileira. De fato, essa experiência faz parte de um processo de
longa duração que envolve aspectos culturais, econômicos, políticos e sociais
do Brasil. A construção de uma sociedade vinculada com bases na produção
agrícola latifundiária, desde os tempos da colônia, poderia contar como um dos
fatos históricos responsáveis pelo aparecimento do chamado “coronel”.
No período regencial, a incidência de levantes e revoltas
contra a nova ordem política instituída concedeu uma ampliação de poderes nas
mãos dos proprietários de terra. A criação da Guarda Nacional buscou reformular
os quadros militares do país através da exclusão de soldados e oficiais que não
fossem fiéis ao império. Os grandes proprietários recebiam a patente de coronel
para assim recrutarem pessoas que fossem alinhadas ao interesse do governo e
das elites.
Com o fim da República da Espada, as oligarquias
agro-exportadoras do Brasil ganharam mais espaço nas instituições políticas da
nação. Dessa maneira, o jogo de interesses envolvendo os grandes proprietários
e a manutenção da ordem social ganhava maior relevância. Os pilares da exclusão
política e o controle dos grandes espaços de representação política
sustentavam-se na ação dos coronéis.
Na esfera local, os coronéis utilizavam das forças policias
para a manutenção da ordem. Além disso, essas mesmas milícias atendiam aos seus
interesses particulares. Em uma sociedade em que o espaço rural era o grande
palco das decisões políticas, o controle das polícias fazia do coronel uma
autoridade quase inquestionável. Durantes as eleições, os favores e ameaças
tornavam-se instrumentos de retaliação da democracia no país.
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Qualquer pessoa que se negasse a votar no candidato indicado
pelo coronel era vítima de violência física ou perseguição pessoal. Essa medida
garantia que os mesmos grupos políticos se consolidassem no poder. Com isso, os
processos eleitorais no início da era republicana eram sinônimos de corrupção e
conflito. O controle do processo eleitoral por meio de tais práticas ficou
conhecido como “voto de cabresto”.
Essa falta de autonomia política integrava uns processos
onde deputados, governadores e presidentes se perpetuavam em seus cargos. Os
hábitos políticos dessa época como a chamada “política dos governadores” e a
política do “café-com-leite” só poderiam ser possíveis por meio da ação
coronelista. Mesmo agindo de forma hegemônica na República Oligárquica, o
coronelismo tornou-se um traço da cultura política que perdeu espaço com a
modernização dos espaços urbanos e a ascensão de novos grupos sociais, na
década de 1920 e 1930.
Apesar do desaparecimento dos coronéis, podemos constatar
que algumas de suas práticas se fazem presentes na cultura política do nosso
país. A troca de favores entre chefes de partido e a compra de votos são dois
claros exemplos de como o poder econômico e político ainda impedem a
consolidação de princípios morais definidos nos processos eleitorais e na ação
dos nossos representantes políticos.
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho
escolar ou acadêmico? Veja:
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Coronelismo"; Brasil
Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/coronelismo.htm.
Acesso em 23 de dezembro de 2021.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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