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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

NESTE DIA 17 DE DEZEMBRO RECORDAMOS OS 70 ANOS DO MAIOR ACIDENTE FERROVIÁRIO DO CEARÁ NO KM 322 EM PIQUET CARNEIRO

 Por José Cícero

Quase tudo relacionado à história do trem do trem do Cariri foi indelével e determinante. De modo que, assim como foram marcantes as coisas boas, ficaram também inesquecíveis os seus acidentes. Alguns de grande repercussão pelos números de vítimas registradas. Portanto, na nossa linha Sul é imperioso dizer que o Km 322 localizado no município de Piquet Carneiro(antigo distrito de Senador Pompeu), ocupou um lugar de destaque nestas narrativas de fatos. Por ter sido, por assim dizer, o palco sinistro de diversos destes acidentes dramáticos ocorridos ao longo da história do trem da chamada linha sul. Sendo o maior deles, o que aconteceu na manhã do dia 17 de dezembro de 1951 deixando um saldo de quase cem mortes como ainda ainda pouco mais de 100 feridos, alguns com sequelas irreversíveis pelo resto da vida. Destaco este lamentável acontecimento pelo fato do Sr. Joaquim Gregório, morador de Aurora ter sido um dos seus sobreviventes. E que, conforme sua bisneta Lúcia França, hoje residente na cidade do RJ ter me relatado como tudo ocorreu. Informes estes baseados nos relatos do mesmo. "Meu avô sempre nos dizia que aquele trem virou de repente. E que foi muito triste tudo aquilo. Quando ele viu já estava desacordado no chão do lastro e sem enxergar nada. Apenas bolas de luzes coloridas tremulando na sua visão embaçada pela violência da batida. E de repente sentiu uma sede enorme. Desesperado diante daquele ambiente de tragédia urinou nas próprias mãos e bebeu. Melhorou um pouco. E quando deu por si. Percebeu o tamanho do acidente. Era triste e desolador o quadro de sangue e dor ao seu redor. Esqueceu dos seus ferimentos para cuidar das outras pessoas que ali sofriam. Muitos corpos ensanguentados espalhados por todo canto. Pessoas gritando de dor e pedindo socorro. Gemidos e choros de mulher, homens e criancas. Ele ajudou muitos dos que se encontravam ali sob os vagões de ferro retorcidos dentro dos barrancos dos matos. Nunca esqueceu daquele acontecimento triste e fatídico que vivenciou e escapou, segundo ele próprio, "por puro milagre de Deus". Uma senhora de nome Maria Dolores da cidade de Brejo Santo também pereceu neste O mesmo é considerado até hoje como o maior acidente ferroviário da história das ferrovias do Ceará e do Nordeste.

Porém esta tragédia não terminaria ali. Visto que no dia 04 de dezembro de 1957 às 16:30h a senhora Vicencia Gregório de Figueiredo( dona Nininha), filha do Sr. Joaquim( o sobrevivente na de 51) embarcava na estação de Aurora com destino à Fortaleza. Ela se fazia acompanhar do seu futuro genro de nome Abner, telegrafista da cidade e das suas filhas: Maria Eunicia(noiva), Nena e Silvany.

Dona Nininha(foto abaixo) era esposa do então conhecido comerciante aurorense e vereador José Lourenço do Amaral. Um casal benquiste por toda a comunidade e de muita reputação na cidade.

O trem pernoitou no Iguatu. E no começo da manhã do dia seguinte, 5 de dezembro, uma segunda-feira, seguiu viagem nos rumos da capital alencarina. Tudo ia bem e os passageiros da primeira classe conversavam de modo alegre e descontraído. Coincidentemente já em Piquet Carneiro, dona Nininha começou a explicar para as pessoas ao seu redor os fatos relacionados ao acidente de 51 em que seu pai sobreviveu por um milagre. E, no instante em que apontava o lugar exato em que tudo aconteceu, eis que de repente, o trem tombou. Como num piscar de olhos tudo ficou escuro e empoeirado. Um silêncio e em seguida, muitos gritos.

Às 20h do dia 05 de dezembro de 1957* a estação de Aurora recebia o comunicado pelo código morse acerca do acidente. Logo passando a triste notícia para à família. Duas vítimas fatais foram constatadas sendo uma delas, dona Nininha, que morria aos 45 anos de idade.

Toda a cidade logo ficou triste e comovida diante da informação, dando conta da morte de tão boa e conhecida cidadã aurorense.

Onze dias depois, isto é, no dia 17 de dezembro de 1957 no mesmo km 322 de Piquet Carneiro um novo acidente ferroviário aconteceu.

Passaram-se os anos como sempre tudo passa na vida. E eis que na manhã do dia 23 de julho de 1967 mais um acidente se daria em Piquet Carneiro. Novamente vitimando uma pessoa de Aurora. Desta feita, o jovem universitário Herlanio Leite Cruz, estudante do curso de engenharia de apenas 21 anos de idade. Filho do conhecido dentista, o saudoso dr. Enisio Cruz.

O jovem aurorense retornava para Fortaleza onde estudava, após passar suas férias escolares em sua terra natal. O mesmo embarcara na vizinha estação de Missão Velha já que seu avô paterno Pedro da Cruz, famoso dono de engenho residia no distrito de Missão Nova onde seus netos costumavam passar o período de férias. Aliás, cumpre registrar que neste mesmo trem de 1951 se encontrava também o ex-prefeito de Missão Velha o saudoso Sr. Geraldo Soares(seu Geraldão) sendo um dos sobreviventes.

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# Prof. José Cícero

fotos: Arquivo: I,II e III

C. Camocim: grupo Memória

das Ferrovias Cearenses.

IV- Arquivo do Face.

 https://www.facebook.com/josemendespereira.mendes.5/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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