Do acervo do professor, escritor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.
O governo da Bahia e Lampeão
Afinal de contas onde está a verdade do sr. Madureira de Pinho?
.
Os nossos confrades do “Jornal Pequeno”, de Pernambuco, tendo lido quanto o sr.
Madureira de Pinho expos no sei relatório, acerca da campanha contra “Lampeão”,
descarregam–lhe no seu numero de 4 do mez corrente, um desmentido que nos
envergonha.
Mas como sua alma, sua palavra, damos em seguida, sem mais commentarios, um
trecho daquelle jornal do Recife:
“Apenas o secretario do governo bahiano procurou ás forças do seu Estado em
operações durante poucos mezes em Pernambuco, logo após a conferencia dos
chefes de policia, um relevo que, francamente, as mesmas não tiveram. Diz por
exemplo o sr. Madureira de Pinho:
“Lampeão e os seus comparsas, perseguidos nos sertões de Pernambuco pela força
em collaboração de varios Estados, inclusive a Bahia, que, além dos 300 homens
de guarnição ás fronteiras, envia até ahi um contingente de praças vieram
internar–se na referida região bahiana”.
Ora, a Bahia nos primeiros mezes do governo Estacio Coimbra, apenas mandou para
o nosso Estado 100 praças de policia, distribuidas que foram em Floresta,
Cabrobó e Gamelleira.
Sua acção foi limitada não tendo jamais entrado em contacto com os bandoleiros.
Nem as praças bahianas, nem as de qualquer outro Estado, signatarios do
convenio policial, entraram em fogo com o grupo de Lampeão, dentro do nossos
territorio.
Apenas o contingente alagoano, no Ceará, portou–se bravamente ao lado das
forças pernambucanas, em varios encontros com bandidos.
Uma vez tão somente, os soldados bahianos estiveram prestes a combater: quando
destacados em Gameleira, em número de 50, para lá o grupo de Lampeão, reduzido
já a 20 homens, se dirigia. Assim mesmo o capitão Avila, commandante bahiano,
telegraphou ao dr. Souza Leão, pedindo auxilio da tropa pernambucana o que lhe
foi dado, motivo pelo qual os bandidos retrocederam.
É esta uma rectificação que julgamos de justiça ser feita, para que outros não
fiquem julgando dever Pernambuco ao esforço de outros Estados a extincção
completa do cangaceirismo em seu territorio.
Até mesmo a prisão do bandido Beija–Flor, na occasião que procurava atravessar
o rio São Francisco, que a policia bahiana reivindica para si, a mesma foi
effectuada por soldados do destacamento pernambucano sob o commando do tenente
Optato Gueiros. Assim não repouza em factos concretos a affirmação do illustre
dr Madureira de Pinho, de auxilio porventura prestado a Pernambuco pela policia
do seu Estado.
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