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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

LAMPIÃO E O BALANÇO

 Clerisvaldo B. Chagas, 30 de janeiro de 2023

Escrito Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.834

Entre os 437,875 km2 do território de Santana do Ipanema, estão os sítios rurais “Queimadas do Rio”, “Serrote dos Brás” e “Tapera do Padre”. Queimadas do Rio, também popularmente simplificado para “As Queimadas”, está localizado a cerca de 4 quilômetros da sede. Seu acesso acontece pela AL-220, logo após um trecho do riacho João Gomes.  Entre a rodovia e o sítio, é preciso passar uma baixada que costuma formar lagoa em período de muita chuva, interditando a passagem. Subiu a rampa, estaremos nas Queimadas, uma área mais alta, muito agradável e usada para chácaras por pessoas de classe média. Nos tempos mais difíceis de estudos, muita gente rompia a distância para a cidade, a pé, em busca das escolas. Assim, inúmeras criaturas das Queimadas conseguiram se formar e trabalhar em empresas importantes do estado de Alagoas.

O seu nome tem origem num incêndio muito grande nas roças e caatinga que só foi parar ao atingir o rio Ipanema, vários quilômetros abaixo. Já o serrote do Brás, representa um monte, uma serra pequena habitada pela família que lhe empresta o nome. E ainda, entre outros sítios da vizinhança, vamos encontrar nas margens do Ipanema o sítio Tapera do Padre. Não sabemos se a Tapera (casa pobre) fora moradia de alguém que se formara padre ou eram terras que pertenciam a um sacerdote. O cenário também é agradável e completamente diferente do terreno mais alto das Queimadas. É incrível como a paisagem muda rapidamente de um sítio a outro no Sertão.

 Voltando ao sítio Tapera do Padre, quando Lampião, em 1926, invadiu a zona rural de Santana do Ipanema e entrou na, então, vila de Olho d’Água das Flores, passou na Tapera do Padre. Segundo um cangaceiro preso, entrevistado em Recife, Lampião submeteu a torturas um cidadão do lugar e o colocou num balanço, balançando-o até fazê-lo cair e morrer da queda e de tudo. Se não fosse aquela declaração cangaceira de referência muito rápida ao episódio do bandido maior, não teria sido registrado. Não temos tanta certeza, mas tudo indica que o entrevistado fora o cangaceiro santanense Gato Bravo (antes, conhecido por Josias Mole). Foi ele quem guiou Lampião nessa empreitada até a vila de Olho d’Água.

Se você curtir, tem mais. Se não curtir, a tendência é ir rareando esses trabalhos até desaparecer.

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/01/lampiaoe-o-balanco-clerisvaldob.html

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