Por: João de Sousa Lima
O título acima faz referência ao livro Lampião o Mata Sete, porém devemos acrescentar nessa contagem o medíocre autor da citada obra e o apresentador do livro o Oleone Coelho Fontes.
LAMPIÃO O MATA NOVE
Com muita dificuldade li o livro e confesso não o fiz em sua totalidade, me detive apenas no que achei que seria mais importante rebater. O livro é uma verdadeira porcaria, só mesmo pela insistência do amigo Archimedes Marques, sem antes deixar claro que foi uma cópia xerográfica para não gastar dinheiro em vão e não somar prestigio há um escritor tão fraco.
A apresentação do livro é uma afronta aos homens sérios que pesquisam o cangaço, pelo puxa-saquismo de Oleone que depois de velho está se transformando em adorador de homens de cargos distintos, esquecendo os fatos que pesquisou e publicou no passado.
Oleone se intitula no texto um verdadeiro gabola, dizendo que é autor de uma obra clássica nos estudos a respeito da saga do cangaço no nordeste brasileiro e é verdade, só não acrescentou que estava se equiparando ao nível do apresentado, um escritor medíocre, sem contar que Oleone já tinha mostrado suas garras mercenárias, quando sem precisão urgente chegou a trocar seus livros por “TICKET REFEIÇÃO”, passe de ônibus e cartão telefônico.
Oleone diz na apresentação que se tivesse que culpar a morte dos pais de Lampião apontaria virgolino, Antonio e Levino. Agora pergunto: como podemos incluir a esses três o fato da mãe ter tido um enfarte fulminante no miocárdio?
Oleone se diz o maior pesquisador do mundo e que sua obra já se encontra na oitava edição, depois se revolta com quem escreve sobre o cangaço porque os livros são vendáveis e mais uma vez eu pergunto: E quantos livros dessas oito edições Oleone fez para distribuir entre as pessoas, mesmo sabendo que em todos eles o autor publicou com apoios financeiros? Como Oleone pode tecer críticas a quem escreve se vive escrevendo sobre o tema? É o cúmulo da insensatez!
Oleone se debruça em uma análise infundada do seu apresentado dizendo que o autor desmascara todos os autores e que escreve um livro verdadeiro. Oleone diante de tantas baboseiras ainda afirma que também ouviu durante suas pesquisas que Lampião não era lá esse homem todo. Não lembro ter lido essa passagem no seu livro Lampião na Bahia.
Diante de tantos impropérios e falso testemunho de Oleone diante da figura de Lampião creio que seja muito difícil alguém ler hoje o livro dele com os mesmos olhos que leram no passado.
Igual ao ensinamento da velha fábula Oleone não aprendeu “A COMER LENTILHAS” e por isso teve que se rebaixar ajoelhado diante da Torga do emérito magistrado, se igualando as imbecilidades escritas em um opúsculo desprezível.
Algumas observações sobre o folhetim de Pedro de Morais:
Na página 19 Pedro contando uma passagem em fantasia cinematográfica das mortes realizadas por um dos avôs de Lampião disse que ele morreu em Ipojuca, hoje Arcoverde e todos sabem que Arcoverde antigamente chamava-se Ouro Branco e não Ipojuca.
Na pagina 20 Pedro diz que o pai de Lampião era ladrão de cavalo e nem em outro livro, nem dos pesquisadores mais antigos se ouviu essa afirmação, acredito ser mais uma invenção do autor. Na pagina 22 Pedro fala que Virgolino quando ainda estudava, diferente dos outros alunos gostava de se dedicar com as meninas nas brincadeiras antigas de roda e que se exibia em leves rodeios pelo ar como a pluma, despencando nas correntes desfiadas pelo vento ou jogada na espuma boiando a deriva nas vagas...
Fala que virgolino era um janota no trajar, um mauricinho do sertão, um narcisista se venerando no espelho, enfeitando-se de rendas, sedas, bicos e babados, preciosidades da artesanal vestimenta feminina no nordeste.
No texto difamatório o Pedro cita de Anildomá, passando por Alcino Alves até Gilberto Freyre tentando colocar esses estudiosos com algo que se assemelhasse com as idiotices por ele colocadas no papel.
Pedro continua sua viagem histórica e sua fala mentirosa: vivia a andar pra cima e pra baixo com garbo e desempenho, todo engalanado, calçando meias coloridas adornando pés melindrosos , pisando macio a terra batida...
Chama virgolino de fresco, diz que o futuro cangaceiro passava noites entrelaçados com os amigos de caçadas, que se comparava as mocinhas na habilidade com os bilros na confecção de rendas.
Pedro além de todas as inverdades levantadas sobre a masculinidade de Virgolino levanta teses ultrapassadas e sem sentidos comprovados cientificamente, comparando a visão do cangaço através da “Psiquiatria Forense”. Traça um perfil do cangaceiro se apresentando com aspectos asquerosos, de acentuadas feiúras, maltrapilho, que banhava-se duas a três vezes por ano, exalando maus cheiros, desprendendo deles um forte odor de banha de animais putrefatos, afirmando com uma das maiores imbecilidades já ditas sobre o cangaço que as volantes policiais seguiam os cangaceiros pelos urubus que sobrevoavam a cabroeira.
O autor deveria ter incursionado na poesia ou nos contos fictícios, assim se sairia melhor em sua criação literária. Querer colocar a esse patamar, sem registro oral que tenha sido deixado por alguém que tenha presenciado ou vivido na época tais seguimentos de Virgolino é de uma irresponsabilidade espantosa, enquanto a historia real registrada aponta Virgolino como sendo um homem acostumado com a luta diária do trato com a terra, o manejo com as ferramentas agrícolas, além de ter sido um ótimo amansador de burros brabos.
O livro é péssimo, enoja pela aparente intenção de dotar Lampião com os piores deslustres e impropérios ao tempo em que destaca positivamente seus inimigos e os diversos policiais, ficando aparente sua parcialidade.
Fazendo uma análise mais aprofundada do contexto geral do pior livro que já li, a mentira e a invencionice é o ponto mais forte desse péssimo trabalho literário e em momento algum o fraco autor cita uma fonte concreta de sua pesquisa que possa ter deixado depoimentos sobre as mentiras que ele registrou em seu livrinho.
Na pagina 66 Pedro cita que João Ferreira era o irmão mais novo de Lampião e todos que pesquisam seriamente sabem que o irmão mais novo era Ezequiel.
Na pagina 83 o autor diz que: O cangaço merece por seu láureo, o esquecimento...
Vai entender o que ele diz, enquanto tece críticas ao cangaço ele tentar lançar no momento esse ridículo livreto com mentiras e calunias sobre o assunto. Diante da indagação de um amigo íntimo sobre as calúnias que estava escrevendo, ele deu a seguinte resposta: “EU TENHO AS COSTAS LARGAS”. Esse foi o único argumento, confiando na impunidade por ter na vida pública ocupado o cargo de juiz.
O Pedro fala ainda na pagina 83 que em um combate acontecido contra tenente Galdino enquanto Lampião tentava recuperar seu chapéu enfeitado com fitas de tafetá, acabou levando um tiro no saco escrotal que o castrou de imediato.
Só dando risadas desse coitado, dublê de escritor, quanta babaquice relatada, quanta mentira reunida em tão poucas páginas. Como explicar que Lampião teve quatro filhos com Maria bonita?
Na pagina 91 Pedro diz: Não há registro, pelo menos conhecido de práticas injustas de autoria das volantes.
Em que mundo Pedro pesquisou tamanhas disparidades?
Na pagina 121 Pedro cita que em perdão ao acidente que ocasionou a morte de Antonio, irmão de Lampião, com a bala saída da arma do cangaceiro Luiz Pedro, Virgulino exigiu de Luiz Pedro, em troca de sua vida as mais piegas juras de amor eterno...
Na pagina 126 o escritor cita que o verdadeiro nome de Corisco é Virginio Gomes da Silva.
...Há Dadá viva!!!
Quando ainda na pagina 126 cita: “os nazarenos sim, estes eram homens valentes...”
Fica notório ter o escritor uma “queda” por patentes, mostrando sua parcialidade, sentimento que fica fora do plano de produção do verdadeiro pesquisador. Para que se tenha uma linha de raciocínio lógico, justa e aproveitável é preciso agir com responsabilidade diante dos fatos. A tendência aspira a levar para um julgamento precipitado dos fatos e discorrer da verdade sobre a história. A meta a ser atingida não pode ser maculada pelo bel-prazer do autor, a não ser uma mentira ou uma obra de irrealidade.
Na pagina 127 o Pedro diz que: Zé Rufino exercia um libidinoso fascínio na afeminada fera do Pajeú...
Só faltou dizer que entre a mescla azul e as cores cruas usadas pelos cangaceiros distinguia-se o traje rosinha de Lampião e que ele foi o precursor da parada gay de Serra Talhada.
O Pedro é quem se desmancha quando se refere a Zé Rufino chamando-o de “Lendário”, “General das Caatingas” e que enfrentava os caminhos tortuosos do sertão com a impávida elegância das centúrias romanas em desfile. Um colosso, verdadeiramente ver passar nas trilhas sua tropa em marcha! “O valoroso e festejado caçador de cangaceiros da caatinga, o verdadeiro estrategista e general da caatinga, foi o novel da extinção do cangaço”.
Na pagina 160 o “grande pesquisador” Pedro diz que Corisco raptou Dadá em Sergipe...
Eu convido essa sumidade da pesquisa histórica para vir a Paulo Afonso para conhecer o Manuel, irmão de Dadá, com 102 anos de idade e Joana com 94 anos, irmã também da ex- cangaceira, eles lhe dirão aonde aconteceu o seqüestro.
Na pagina 162 Pedro diz que Lampião entrou para Bahia atravessando o rio São Francisco, entrando em Curral dos Bois e a verdade foi que ele atravessou em Rodelas. Na observação Pedro diz que Curral dos Bois chama-se hoje Santo Antonio da Gloria e a verdade é que atualmente é chamada simplesmente de Glória ou como ficou apelidada pelos moradores por “Nova Glória”, depois que a antiga cidade ficou submersa pelo barramento da usina Luiz Gonzaga, surgindo uma nova cidade.
O primeiro contato de Lampião na Bahia foi com o coronel Petronilio de Alcântara Reis e não com Horácio de Matos com é dito pelo autor.
Nas paginas 173 e 174 parece vermos os olhos brilhantes de contentamento quando Pedro se refere aos policiais: o jovem oficial da força pública da Bahia Manoel Campos de Menezes, um dos mais intrépidos e valentes.
O desconhecimento do escritor é mais evidenciado quando o assunto é Maria Bonita, sem contar que sobre ela Pedro foi de uma irracionalidade sem precedentes e de uma indecência e irresponsabilidade histórica nunca registrada no nordeste brasileiro.
Na pagina 135 ele começa falando que em 1931 o cangaceiro Luiz Pedro conheceu Maria Bonita em Santa Brígida, entre Serra Negra e Poço Redondo.
A verdade é que Lampião foi apresentado a Maria Gomes de Oliveira em 1929, no povoado Malhada da Caiçara, pertencente a Paulo Afonso e nunca ficou próximo a Poço Redondo e Serra Negra.
Pedro inventa um sobrenome para Maria que nunca foi citado por ninguém que pesquisou a vida da Rainha do Cangaço, o sobrenome é “Adelaide”.
Pedro chega ao cúmulo da ignorância histórica quando taxa Maria Bonita de prostituta, chamando-a de amante farrista de muitos homens.
Na pagina 182, Pedro continua sua fantasiosa e não menos desqualificada visão sobre Maria, afirmando que ela tinha com Luis Pedro “freqüente e safados encontros”.
O desconhecimento histórico e geográfico de Pedro é espantoso e em todo o seu livro fica provado que a intenção do falso escritor é de deixar essa desprezível obra, apenas para confundir quem nada conhece sobre o cangaço.
Nas paginas 197 e 198 Pedro cita João Maria Valadão, com seus 96 anos de idade, residente no sitio Olho D’água do Brejo, primo de Maria Bonita e que confirmou a história que Lampião matou uma criança. É mentira de Pedro! Conheço João Maria e sou muito amigo dele e ele nunca confirmaria uma coisa dessas, por não estar presente nesse fantasioso episódio. Foi João Maria quem matou o sargento Deluz e mesmo assim ele só conta este fato a quem lhe é muito achegado.
O escritor medíocre nunca esteve na região de Paulo Afonso, pois relatando a morte de Ezequiel deixa claro que escreveu esse capitulo tendo por base outros autores que escreveram sem conhecer o lugar, por isso as constantes e infundadas informações continuam no seu trabalho. Por exemplo: em Paulo Afonso nunca existiu a VARZEA DO TOURO, o nome certo é Tanque do Touro, porém o lugar onde o Ezequiel foi morto chama-se Lagoa do Mel. O coiteiro citado por Pedro de Mané Preto na realidade chamava-se Zé Pretinho.
Pedro diz que Ezequiel foi atingido por “UMA” bala e na verdade foi uma rajada de metralhadora.
Pedro fala que o corpo de Ezequiel foi abandonado pelos facínoras que fugiram e na verdade Ezequiel foi enterrado por Antonio Chiquinho, proprietário da Lagoa do Mel.
Em referência ao cangaceiro Volta Seca fica provado vontade de adjetivar Lampião dos mais variados apelidos difamatório, Pedro cita o cangaceiro Volta Seca como sendo mais um caso homossexual do chefe do cangaço, mais outro texto recheado de calúnias.
Volta Seca foi preso pelos irmãos Adão e Roxo e não pela volante do tenente José Joaquim como afirma em mais uma mentira o autor.
Pedro cita na pagina 218 que o tenente Liberato de Carvalho foi o vencedor do tiroteio da Maranduba contra os cangaceiros e a verdade desconhecida por Pedro é que na Maranduba morreram vários soldados, sendo uma das mais ferrenhas lutas entre cangaceiros e volantes e Liberato de Carvalho era um dos maiores coiteiros de Lampião inclusive vendendo armas e munições ao cangaceiro.
Na pagina 227 Pedro diz que Zé Baiano matou Lidia a golpes de punhal e todos sabem que ela foi morta a pauladas.
Uma coisa o autor Pedro pode ter certeza: Ele será lembrado no meio de quem estuda com discernimento o assunto cangaço, como o maior mentiroso que já apareceu no meio, suas historias serão ridicularizadas e comparadas aos absurdos escritos pelos maiores farsantes que povoaram os caminhos da história.
Nunca, em hipótese alguma, me senti tão ultrajado quando visualizei nas obras consultadas pelo autor. Quando vi meu nome citado por Pedro onde faz citações a dois livros de minha autoria me senti pequeno, diminuído, queria nunca ter sido escritor do tema só pra não ter meu nome nesse livro, sem contar que Pedro diz que meu livro está na décima edição e recentemente foi que lancei a segunda edição e não sei onde ele encontrou tantas edições de minha biografia sobre Maria Bonita. O que me conforma é saber que ele me citou apenas para impressionar quem ler seu livro querendo posar de um grande estudioso pela vasta relação descrita. O que na realidade, ainda falta bilhões de quilômetros para que ele se torne um pesquisador e escritor que mereça o mínimo de crédito e respeito. Também vi o nome de alguns companheiros e que também foram citados na relação e sei que todos estão insatisfeitos de constar seus nomes em um trabalho tão pobre e carente de veracidades. Sei que Amauri, Frederico, Alcino, Juarez, Sergio Dantas, Tenente João Gomes, Hilário, Margébio, Haroldo, Honório, Cicinato, Vilela e Anildomá, devem ter sentido o mesmo que eu, pois sei que em trabalho com essa qualidade de falsas informações e tão mal escrito, sem embasamentos coerentes nenhum, não dignifica em nada as obras dos verdadeiros homens que exploram o cangaço.
João de Sousa Lima
Escritor e Pesquisador, membro da ALPA-Academia de Letras de Paulo Afonso.
Enviado pelo escritor e pesquisador do cancaço João de Sousa Lima
http://blogodmendesemendes.blogspot.com
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