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sábado, 10 de junho de 2023

A FERRO E FOGO

Por José Cícero da Silva

Com suas marretas mágicas e rígidas, eles batem no tempo, com os braços fortes de todos os gigantes que os habitam:

- Tengo, tengo, tengo... de modo intermitente a velha bigorna grita:

- Para Zé Quelemente! Baixe a pancada Zé de Sá do Araçá! Não vêem que são de metal e pluma o sentimento, a utopia e a desventura da vossa lida?

Mesmo assim os dois ferreiros prosseguem a temperar com sangue, suor e lágrima o sofrimento e a própria dureza de toda a vida.

E com martelo de aço e ferro eles forjam sonhos, gestos e desditas.

Vento no fole, brasa viva... Fogo no forjo. Logo em seguida, o ferro fica mole quase se derrete...porque duro mesmo e para sempre, apenas as coisas inflexíveis e fugidias da vida.

E a bigorna grita: - para Zé de Sá, baixe a pancada Quelemente! Vocês não têm medo de quebrar

o que se tem pra viver ou se poderia criar?

•J. Cícero.

foto: com o sr. Zé de Sá, o último dos ferreiros antigos d'Aurora.

https://www.facebook.com/photo/?fbid=10223309340743438&set=a.1905071148148

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