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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

SÓ COMO ARQUIVO - A IMPRESSIONANTE MÚMIA DA DAMA JOVEM, A POSSÍVEL MÃE DE TUTANCÂMON

Por HISTÓRIA E CULTURA NO MUNDO - Credito Izabela Barreiros

Com grandes ferimentos e uma constante dúvida sobre sua identidade, a mulher foi um importante membro da dinastia egípcia

Em março de 1898, o egiptólogo francês Victor Loret fez uma descoberta inestimável para a arqueologia. No Vale dos Reis, local conhecido por abrigar inúmeras tumbas construídas para faraós pertencentes ao Império Novo do Egito Antigo, o arqueólogo encontrou um antigo túmulo egípcio que escondia múmias de figuras muito importantes para a época. Hoje, acredita-se que o vale contém pelo menos 63 tumbas e câmaras faraônicas.

No túmulo, que passou a ser chamado de KV35, estavam as múmias dos faraós Amenófis II, Tutemés IV, Ramsés IV, V e VI, entre outros personagens vitais para a História egípcia. No entanto, existia ainda um outro corpo na câmara, cuja identidade permanece em disputa até os dias de hoje. Novas pesquisas e análises de DNA procuram revelar o real nome da múmia da Dama Jovem.

As controvérsias a respeito da múmia começaram logo quando ela foi encontrada. À princípio, não era possível saber se tratava-se do corpo de um homem ou uma mulher que teria vivido há muito tempo atrás. Quando Loret a viu pela primeira vez, pensou que ela fosse um jovem, possivelmente devido à possível cabeça raspada com a qual ela foi encontrada.

Essa percepção permaneceu aceita na comunidade de pesquisa durante muitos anos. O egiptólogo Grafton Elliot Smith, porém, realizou, no início do século 20, uma análise mais aprofundada sobre as características da Dama Jovem e chegou em uma conclusão diferente. Segundo o anatomista, a múmia na verdade era de uma mulher. A descrição feita por ele permanece como a mais aceita atualmente.

Outras informações importantes sobre o corpo foram observadas por Smith. Medindo tinha 1,58 m de altura, ela provavelmente tinha pouco mais de 25 anos quando morreu. Ele também descreveu os ferimentos que a múmia apresentava — muitos foram feitos por ladrões, mas outros já estavam presentes na época que a moça morreu.

De acordo com o especialista, o peito rachado provavelmente foi consequência de vândalos que adentraram no local e depredaram o artefato. O braço direito também havia sido arrancado e colocado de volta despretensiosamente.

Um outro machucado localizado no lado esquerdo da boca e bochecha da múmia também intrigou os pesquisadores. Inicialmente, pensou-se que se tratava do mesmo efeito do peito e do braço da Dama Jovem — a ação de vândalos. No entanto, um reexame mais recente, realizado por meio de testes genéticos e por tomografias computadorizadas, revelou que a ferida pode ter sido o motivo da morte da mulher. Pesquisas feitas pelo especialista Julian Heath afirmam que o machucado pode ter sido resultado de um golpe de machado, tendo sido letal.

Ainda durante o estudo de Smith, foi a primeira vez que a hipótese de que ela fazia parte da família real egípcia foi levantada por um pesquisador. Essa teoria pensada pelo egiptólogo foi muito importante para se questionar quem realmente era essa mulher.

A partir disso, a identidade da Dama Jovem passou a ser objeto de pesquisa de muitos egiptólogos, o que iniciou uma disputa para essa definição final. Até os dias de hoje, porém, existem apenas hipóteses mais aceitas que outras, porque é muito difícil ter uma resposta definitiva para tais assuntos.

Uma das mais conhecidas teorias foi a levantada pelo egiptólogo britânico Nicholas Reeves. Segundo ele, a Dama Jovem era a múmia de ninguém mais ninguém menos que Nefertiti, rainha do Egito Antigo e esposa de Aquenáton. Hoje, a hipótese não é aceita pela comunidade de pesquisa.

De acordo com arqueólogo Zahi Hawass, essa múmia foi identificada, por análises de DNA, como a mãe do faraó Tutancâmon e filha do faraó Amenófis III e da rainha Tiye. Ainda não se sabe quais das esposas de Aquenáton ela teria sido, mas os resultados também demonstraram que ela era irmã completa do marido. Ainda assim, outros pesquisadores, como o francês Marc Gabolde, ainda desafiam essa conclusão.

Atualmente, a Dama Jovem está em exposição no Grande Museu Egípcio, localizado no Cairo, no Egito.

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