Por José Mendes Pereira
Lorena e Sá - É verdade que você anteviu a genialidade de LAMPIÃO?
Sinhô Pereira - Dos homens que deixei em armas no Pajeú, só Virgolino podia chegar à
celebridade. Os demais eram formiga sem formigueiro. Minha profecia foi
cabalmente comprovada. Lampião nada aprendeu comigo. Já nasceu sabendo".
INDEPENDENTE DA MINHA
INFORMAÇÃO, VAMOS LER O QUE ESCREVEU MARIANE ANNA CALEAZZI SOBRE SINHÔ PEREIRA.
Por: Marlene Anna Caleazzi
Sebastião Pereira vulgo Sinhô Pereira o homem que comandou Lampião só que de todos os cangaceiros o mais famosos foram Cabeleira António Silvino Lampião e Corisco e duas mulheres Maria bonita e Dada Maria bonita esposa de Lampião e Dadá esposa de Corisco o cangaço ganhou mais fama com a entrada de Virgulino Ferreira da Silva vulgo lampião e Cristino Gomes da Silva Creto vulgo Corisco.
No interior de
Minas Gerais foi fotografado de frente pela primeira vez depois que saiu de sua
terra natal, por volta de 1922, aquele que durante muito tempo teve fama de ser
o terror do Nordeste: Sebastião Pereira, o Sinhô Pereira, comandante de
Lampião.
Ao ouvir os
boatos que Lampião, seu vizinho, amigo de infância e companheiro do início do
cangaço, estaria vivo, foi categórico: “Lampião está morto, tenho certeza. Se
estivesse vivo, ele me procuraria” Diante de tanta certeza, as dúvidas
certamente desaparecerão, pois poucas pessoas conheceram tão bem quanto ele o
Capitão Virgulino Ferreira.
A vida dos
dois nordestinos lendários esteve estreitamente ligada por muitos anos, mas
suas origens foram diversas. Sinhô Pereira descendente do Barão de Pajeú de
Flores, fidalgo político que levou para Vila Bela, hoje, conhecida por Serra
Talhada, a civilização europeia, com todos os seus requintes. Em sua casa
existia boa música, bebidas finas e pratos de sofisticado estilo. Em sua
fazenda, Pitombeira, ele costumava ter em enormes cômodas e arcas 300 redes de
dormir, 300 travesseiros e centenas de lençóis de linho para servir aos seus
hóspedes. Sinhô ostentava, tanto pelo lado materno como paterno, o que nos
sertões naquela época se chamava de “fina linhagem”.
No entanto, os
Pereira viviam em luta com seus primos Carvalho, desde o início do império.
Existem versões de que essa luta era tão antiga que vinha de Portugal. As duas
famílias mandavam matar os seus homens, de emboscada ou a descoberto, a tiro ou
com arma branca.
Num desses
episódios sangrentos morreu Manuel Pereira da Silva Jacobina, conhecido pelo
apelido de Padre Pereira, por ter estudado em seminário. Sua filha, dona
Chiquinha, matrona destemerosa, achou que a vingança não devia tardar. E, para
consumá-la, convocou nada menos que seu próprio filho Luiz, apelidado Luiz
Padre.
Sinhô Pereira
à direita e Luiz Padre à esquerda
Luiz planejou
a morte do mais pacato dos Carvalho, Eustáquio (seu próprio avô era conhecido
por ser homem de paz e a idéia era olho por olho! Executante da vindita: Né
Dadu Pereira. Após a morte de Eustáquio, dona Chiquinha achou que seu filho
Luiz passara a correr perigo constante. Chamou, então, o sobrinho Sebastião,
que vivia em sua companhia desde que ficara órfão. E como fosse bravo e
conhecedor de armas, colocou-o como uma espécie de guarda-costas do filho:
"-De hoje em diante, Sebastião, disse ela, você acompanhará meu filho em
todas as tarefas de briga e vingança”.
Foi assim que
Sebastião Pereira passou a ser o rifle vingador por excelência de sua turbulenta
família. Unido ao seu primo Luiz, quatro anos mais moço, apetrechados os dois
de armas e ódios, quase acabaram com os Carvalho. Juntos, incendiaram toda a
região do Pajeú. Mais de 100 combates travaram com as polícias de vários
Estados nordestinos, além das lutas com os Carvalho. Acabaram se transformando
nos mais temíveis dos cangaceiros da época.
Entre 1920 e
1922, Sebastião já conhecido como Sinhô Pereira foi procurado por três jovens
sertanejos, nascidos nas proximidades de sua casa e cujo pai trabalhava na
fazenda de sua família. Os jovens eram Antonio, Virgulino e Livino. Alegavam
perseguições da polícia, contavam arbitrariedades e pediam para se alistar no
bando. Aceitos, passaram a obedecer cegamente a Sinhô.
Família de
Lampião
Os sangrentos
acontecimentos que se sucederam são do conhecimento geral. E o próprio Sinhô
Pereira, hoje com 81 anos de idade, vivendo pacatamente no interior de Minas,
próximo da cidade de Patos, costuma contar. Entre os fatos que ele lembra mais
vivamente está um encontro sangrento numa fazenda: “Nem gosto de falar, parece
até mentira. Esta luta foi das últimas que enfrentei ao lado de Lampião. Éramos
11 contra 122”.
Por volta de
1922, Padre Cícero e outros políticos se esforçaram para que Sinhô e Luiz
Padre, dois rapazes bem nascidos, deixassem o cangaço para ir tentar vida nova
em Goiás.
Sinhô Pereira
conta: “Aceitamos a proposta e começamos a empreender a fuga, uma verdadeira
operação militar. Durante quase um ano tentamos contornar as barreiras
policiais, colocadas em toda a parte. Eu tinha convidado Lampião para me
seguir, nessa tentativa de escapar, e ele não aceitou. Achava que o cangaço era
sua vida. Viemos dar com os costados em Dianópolis, eu e Luiz Padre. Nesse
lugar, passamos a ser conhecidos como os piauis. Eu, particularmente, passei a
ser chamado Chico Maranhão ou Chico Piauí. O Sinhô Pereira cangaceiro estava
praticamente morto. Em Dianópolis, ficamos amigos do famoso caudilho Abílio
Wolney. Luiz Padre casou com uma sobrinha dele. Mas por causa do assassinato do
Major José Inácio de Barros, em que fomos injustamente envolvidos, começou a
haver luta violenta entre os Wolney e nós, os piauís. A nossa vida se tornou
muito difícil. Então fomos embora para Anápolis. Mais tarde, sempre procurando
paz, seguimos para Minas sob a proteção do coronel Farnesi Dias Maciel. Os anos
foram passando. Luiz Padre morreu em Anápolis, Goiás. Na Revolução de 30,
cheguei a ser comandante de um destacamento revolucionário, em Minas. Depois,
vim parar neste sertão. Não gosto que digam o nome do canto em que me meti,
porque quero paz. E preciso ficar com minhas lembranças".
Na pequena
vila em que ele vive ninguém sabe quem foi Sinhô Pereira. Ali é conhecido
simplesmente como Chico Maranhão, dono de uma farmácia e capaz de dar um bom
conselho a respeito de doenças. Ao seu lado, a neta e vários bisnetos. Na
farmácia de Sinhô Pereira, também funciona uma agência de correio. E foi
selando cartas que encontramos Sinhô Pereira, há 50 anos oculto dos fantasmas
do seu passado.
Tranquilo e
ainda rijo apesar da idade, ele diz: “Muitos crimes atribuídos a Lampião não
foi ele quem praticou. Existe muita lenda em torno de Virgulino. Antes de tudo,
fomos vingadores de injustiças. Foi pena ele não ter me acompanhado. Ainda
guardo a carta que me enviou, explicando porque queria ficar no Nordeste. Entre
outras coisas, era impressionante a ajuda que o povo dava a Lampião”.
Fonte: https://www.facebook.com/moacyrteles/posts/2057796654266258/
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