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terça-feira, 24 de outubro de 2023

O PÁSSARO HUMANO JURITI VAI MORRER...

Por Helton Araújo 

Em 1941, já anistiado, Manoel Pereira de Azevedo, o agora ex-cangaceiro Juriti, decide retornar ao sertão sergipano. Ali ele pretendia rever pessoas e fazer algumas cobranças.

Mal ele sabia que seu fim estava próximo, a notícia da chegada de Juriti na região chega logo aos ouvidos de Amâncio Ferreira da Silva, o temido Sargento Deluz.

Juriti estava na casa do seu amigo Rosalvo Marinho, acreditava que sua anistia o protegeria de qualquer represália com relação a polícia. Triste engano, Deluz acompanhado de alguns homens, cercam o local.

Deluz assim falou : “Mais qui surpresa! Nunca pensei qui Juriti fosse um pásso tom manso, tom faci de ser agarrado. Teje preso cabra. Eu num quero cangaceiro perto de mim não"

O ex-cangaceiro questiona a ação, queria prevalecesse sua anistia, mesmo diante de um Deluz irredutível.

Juriti se recompõe da surpresa e desafia Deluz, dizendo: “Deluz, você é covardi. Eu sei quem você é. Um covardi. Mostri qui é homi e mi sorte. Só assim você vai ficar sabeno quem sou eu. Vamu, mi sorti, covardi. Você é um covardi”. Amarrado a uma corda, Deluz transporta Juriti na direção de Canindé.

Ao chegar a uma localidade chamada Roça da Velhinha, nas proximidades da fazenda Cuiabá, o sargento, friamente, ordena que se faça uma fogueira e quando as labaredas começam a lamber a caatinga e torrar a mataria e o chão daquele triste cenário da vida sertaneja, Juriti é jogado, sem dó e sem piedade no meio do fogaréu. Em poucos minutos o corpo do antigo cangaceiro havia se transformado em um monte de cinzas. Ficando, por várias décadas, como testemunha daquele medonho momento os botões da braguilha da calça de Juriti, além do negrume deixado pelo fogo no local do monstruoso assassinato do antigo Manoel Pereira de Azevedo, do Salgado do Melão.

Vale lembrar que por coincidência, Juriti foi um dos cangaceiros que participaram da morte de Zé Vaqueiro ( aquele do caso do cangaceiro Novo Tempo ), esse homem foi torturado de todas as formas e também foi queimado em uma fogueira ainda com vida.

Foto : Benjamin Abrahão Calil Botto

Edição Arquivo Digital Helton Araújo

Partes do texto : Alcino Alves Costa

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