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terça-feira, 24 de setembro de 2024

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Acervo do Jaozin Jaaozinn 

Na região sergipana de Nossa Senhora das Dores, se encontrava a sede da fazenda Cajueiro, pertencente ao então Coronel (de patente militar) Vicente Ferreira de Figueiredo Porto, o Figueiredo da Tábua, um grande personagem e dono de, pelo menos, outras cinco fazendas do mesmo município e das regiões de Aquidabã e Gararu. Apontam que este senhor tinha certas "relações" com o Rei do Cangaço – talvez uma certa relação de "ódio", já que o referido coronel torturava os bandidos que caíam em suas mãos, esmagando-os em sua pesada e perigosa prensa de fazer fardos de algodão –.
Figueiredo da Tábua, por ser um ícone poderoso da região, tinha sob seu poder jagunços e gerentes. Dentre eles, destaca-se o pernambucano João Clementino, rapaz de grande confiança e amizade com o dono das terras. João, tendo uma rivalidade com Virgolino, acaba saindo de sua terra de origem e refugia-se no estado de Sergipe. Segundo sua filha, a Sr. Isaura Lopes Clementino, nos tempos em que sua família viveu em Triunfo/PE, seu pai recebeu uma "missão" mandada pelo famoso cangaceiro; dar cabo do vizinho deles, Pedro Quelé, por ele ter lhe "aborrecido". Acabou não aceitando, pela amizade que tinha com Pedro, começando a partir daí duras ameaças vindas do próprio Ferreira contra os Clementino's. O irmão de João, que era coiteiro de Lampião, lhe aconselhou a sair da cidade após o recebimento de uma carta assinada pelo próprio bandoleiro com a seguinte informação:
“Corre-corre minha burrinha,
Tu corre mais do que eu,
Vai dizer a João Clementino
Que Pedro Quelé morreu”.
Mudaram-se primeiro para o estado de Alagoas, ficando por um curto período, onde seguiram viagem para o Cajueiro, fixando residência por lá, pois seu pai e seu irmão (Pedro Clementino) foram contratados pelo Coronel local. Conseguiram não somente um lugar para começarem uma nova vida como também uma grande confiança do próprio Vicente.
No final da década de 1930, entre 1937/1938, Lampião acaba mandando uma carta para Vicente Figueiredo pedindo uma alta quantia de dinheiro. João vendo isso, relembrando dos aflitos que passara quando era ameaçado, sugeriu que seu chefe entregasse o dinheiro exigido, mas o mesmo recusou-se a cumprir. Não recebendo, Virgolino manda o sub-grupo de Zé Sereno para que atacassem a propriedade do supracitado coronel.
A invasão ocorreu às 21 horas; todos já estavam recolhidos em suas casas, dormindo o sono mais desejado. Naquele momento, não se encontrava a mão armada de Figueiredo, os seus jagunços. O grupo chega, com cerca de cinco cangaceiros – (da esquerda para direita) Marinheiro, Zé Sereno, Ponto Fino, Saracura e Quina-Quina–, cercam a localidade e abrem fogo contra a morada. Por ser um tiroteio pesado e pelo proprietário ter entre 61/62 anos, acabava virando um alvo fácil para os bandoleiros. Porém, foi salvo pela coragem de Pedro Clementino e de seu pai João Clementino, pegando em armas e confrontando os invasores pelas torneiras presentes nas paredes da casa. No instante, o ex-militar se valia apenas de um bacamarte velho, que somente o utilizava nos festejos de São João.
Por não terem conseguido adentrar a casa e matar o Vicente, Sereno e bando acabam aniquilando uma dúzia de vacas e bezerros que estavam presentes no curral, em forma de retaliar ou de se vingar do velho fazendeiro. A partir do Fogo do Cajueiro, o Coronel Figueiredo da Tábua, que já tinha ódio dos bandoleiros, acabou tendo mais ainda de Zé Sereno e Lampião, pela forma em que este ameaçou a sua vida e que liquidou 12 animais de suas criações.
𝐹𝑂𝑁𝑇𝐸𝑆: 𝐿𝑎𝑚𝑝𝑖𝑎̃𝑜 𝑒 𝑜 𝐶𝑎𝑛𝑔𝑎𝑐̧𝑜 𝑛𝑎 𝐻𝑖𝑠𝑡𝑜𝑟𝑖𝑜𝑔𝑟𝑎𝑓𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑆𝑒𝑟𝑔𝑖𝑝𝑒 - 𝐴𝑟𝑐𝒉𝑖𝑚𝑒𝑑𝑒𝑠 𝑀𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒𝑠; 𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑞𝑢𝑖𝑠𝑎𝑑𝑜𝑟 𝐽𝑜𝑎̃𝑜 𝑃𝑎𝑢𝑙𝑜 𝐴𝑟𝑎𝑢́𝑗𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑣𝑎𝑙𝒉𝑜.

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