Segundo ele, matou Lampião
e Maria Bonita
e Maria Bonita
Palavras do policial Honorato
Eu integrava a volante do tenente João Bezerra e Ferreira de Melo e o coiteiro Pedro de Cândida, já nos avisara que Lampião e seu bando estavam acampados na grota. A volante se dividiu em dois escalões. Fiquei no de Ferreira de Melo, que deveria atacar os bandidos fortemente, enquanto o tenente Bezerra lhes cortaria a retirada.
Tenente João Bezerra
Eu e mais cinco soldados teríamos que ultrapassar a gruta para dar início ao ataque, quando encontramos um lugar propício à escalada, subimos ao alto e logo avistei à frente de uma barraca, um sujeito alto, trazendo uma faca presa ao peitoral e, em volta dos ombros um laço à moda sertaneja.
Lampião
Não tive dúvida, apontei meu mosquetão e varei o tipo com uma bala. A esse primeiro tiro, sucederam outros, de fogo cruzado. Indiferentes as balas, uma mulher do bando corria de um lado para outro, procurando algo, até que avistou o cadáver do cangaceiro abatido no primeiro disparo. Então, ela pareceu desesperada. Abaixou-se junto ao corpo, com as mãos na cabeça. Reconheci Maria Bonita.
Maria Bonita
Mirei e fiz fogo: ela tombou mais adiante. Com os cangaceiros todos mortos, começamos a cortar suas cabeças, para levá-las a Maceió. Revirando os corpos, fomos ter ao que eu abatera, e aí o compadre Santos, também da volante, me deu um grito: "Esse que você matou é Lampião". Cheguei perto e constatei: O olho doente identificava o cabra mais procurado daqueles sertões. O compadre Santos me pediu o facão e cortou a cabeça do bandido. Agora sabe o que mais?
Padre Cícero
O padre Cícero, protetor de Lampião, já tinha avisado a ele: "Você não bote mulher no bando que nunca será preso". A desgraça do rei do cangaço, foi virar a cabeça com Maria Bonita. Quanto a mim, não tenho remorsos. Matei um bandido.
Fonte: "Lampião Aceso"
Material do acervo do
Doutor Ivanildo Alves da Silveira
Colecionador do cangaço
Natal/RN
"Será que o Padre Cícero
disse isso mesmo a Lampião?
Eu acho muito difícil.
Isso é conversinha do disse me disse".
Não sei se estou certo ou errado, mas é quase certo que tanto o soldado Honorato, quanto o Panta de Godoy, ambos fantasiaram as suas respostas aos entrevistadores, quando afirmaram que foram os autores da morte de Maria Bonita e Lampião.
Panta de Godoy tem uma versão. Foi ele quem matou a rainha do cangaço. O soldado Honorato tem essa que você acabou de ler.
O certo é que no meio de um cerrado tiroteio, cada um está preocupado com a sua vida, isto é, com medo de ser atingido por balas dos seus adversários. É claro que o bando de Lampião não teve tempo de reagir, mas nenhum dos policiais tinha esta certeza que o combate seria vantajoso para eles.
Se os dois policiais estavam com as metralhadoras em mãos, é claro que tiveram mais chances de assassiná-los. Mas tendo certeza que foram eles, é uma grande piada.
O ataque aos cangaceiros na grota de Angico, no Estado de Sergipe, no dia 28 de julho de 1938, aconteceu por volta das cinco horas da manhã, e estava caindo uma chuvinha fina, fenômeno que com certeza o local do combate ficou um pouco escuro, e não daria para se ter certeza quem matou quem.
Luiz Pedro
O caso do cangaceiro Luis Pedro, é mais outra história fantasiada pelo Mané Véio, que afirmou aos repórteres que foi ele quem assassinou o cangaceiro.
Mané Véio
Leia o que disse Mané Véio
a alguns repórteres
Mané Véio contou a alguns repórteres, que no final do tiroteio da chacina de Angico, quando descia um dos riachos da Grota, sem menos esperar, viu um cangaceiro caminhando em sua direção. Ele procurou se ocultar por detrás de uma enorme pedra a espera do bandido. Lá, se admirou do luxo e da riqueza do assecla. Suas roupas pareciam uma verdadeira mina. O chapéu era enfeitado de estrelas. Os dedos repletos de anéis e alianças. Lenços e jabiracas em quantidade e da melhor qualidade. O cangaceiro mais parecia uma casa de jóias. Mesmo com toda riqueza que o assecla carregava, percebeu que não era Lampião. Sabia que o rei era amorenado. E o que vinha em sua direção, era um pouco sarará. Veio-lhe a lembrança que poderia ser Corisco.
Disse ainda que deu para ele ouvir o respirar forte do bandido, provocado pelo susto, a carreira que havia dado para se livrar da morte. Como a pedra em que ele se amparava era grande, o cangaceiro não o viu. E assim que se aproximou, o caçador de bandidos disparou o seu mosquetão em cima do seu coração. Para sua surpresa, o bandido continuou caminhando. Dando a entender que a bala não havia lhe atingido. E o que ele mais se admirou, foi que o facínora tentou sacar sua arma depois que o viu protegido pela pedra. Sem demora, ele deu o segundo tiro. Mas desta vez, bem em cima do umbigo. O bandido caiu de lado e não fez nenhum movimento, pois já caíra morto. Sem perder tempo, ele foi ao seu encontro. E na verdade, já estava prontinho, longe da vida. Como ele estava sozinho, deu início ao saque.
Agora leia o que disse o cangaceiro Balão
Balão
“-Estávamos todos acampados perto do Rio São Francisco. Lampião acordou às 5;00 horas da manhã e mandou um dos homens reunir o grupo para rezar o ofício de Nossa Senhora. Enquanto ele lia a missa em voz alta, todos nós estávamos ajoelhados ao lado das barracas, respondendo amém e batendo no peito na hora do Senhor Deus. Terminado o oficio, Lampião mandou Amoroso buscar água para o café. Mas quando ele se abaixou no córrego, veio o primeiro tiro. Havia uma metralhadora atrás de duas pedras a 20 metros da barraca de Lampião. Pedro de Cândido, um dos nossos, havia nos traído, e acho que tinha dado ao sargento Zé Procópio, até a posição das camas. Meu companheiro Mergulhão levantou-se de um salto, mas caiu partido ao meio por nova rajada. Eu permaneci deitado. Com jeito, coloquei o bornal de balas no ombro direito, o sobressalente no esquerdo. Calcei uma alpercata. A do pé esquerdo não quis entrar. E a prendi também no ombro. Quando me levantei, vi um soldado batendo com o fuzil na cabeça de Mergulhão. De repente, ele estava com o cano de sua arma encostado-se a minha perna. E eu apontava meu mosquetão contra sua barriga. Atiramos. Caímos os dois e fomos formar uma cruz junto ao corpo de Mergulhão. Levantei-me devagar. O soldado estava morto, e minha perna não fora quebrada. As balas batiam nas pedras soltando faíscas e lascas. Ouviam-se os gritos por toda parte. Era um inferno! Luiz Pedro ainda gritou: "Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião. Mas ele não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada de balas. Então vi Lampião caído de costas, com uma bala na testa. Moeda, Tempo Duro; Quinta Feira, todos estavam mortos. Contei os corpos dos amigos. Eram nove homens e duas mulheres. Corri até Luiz Pedro, peguei o seu mosquetão e com Zé Sereno conseguimos furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim foi Deus”.
A afirmação do cangaceiro Balão, contraria a versão de Mané Véio, que pelo dizer do assecla, Luiz Pedro foi morto por rajada de balas disparada por uma metralhadora, e não por balas de mosquetão. Veja. “-Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato”.
Com o dizer de Balão, eu que não sou nenhuma autoridade no que diz respeito ao assunto, mas fico na dúvida e me perguntando. Quem matou Luiz Pedro, foi Mané Véio, ou foi quem estava com a metralhadora em mãos?
Pelo que Mané Véio contou aos repórteres, escritores e pesquisadores, levou muito tempo para poder assassinar o valente Luiz Pedro. ora! O tempo foi menos de vinte minutos para que os policiais fizessem a chacina dos cangaceiros na Grota, e ainda deu tempo para Mané Véio perseguir o cangaceiro até matá-lo?
Eu acredito que ele já encontrou o cangaceiro morto, e para ganhar fama, disse que tinha sido ele o autor da morte de Luiz Pedro.
Nota:
Segundo o jornalista Melchiades da Rocha, o soldado Honorato faleceu aos 56 anos de idade, residindo na capital Alagoana, o veterano da PM, foi assassinado pelo sobrinho de sua esposa, um jovem de 18 anos.
O Senhor Euclides Marques da Silva, Mané Veio, faleceu saciado de dias, no dia 08 de janeiro de 2002, aos 92 anos, na cidade de Pires do Rio - Goiás, junto a sua terceira esposa: dona Nori Alves Marques da Silva - hoje residente em Goiania - GO.
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