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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Prazer em conhecer: Lampião Aceso entrevistou o pesquisador e escritor Paulo Gastão - Parte IV


...No lado equerdo do peito... mora o Saudoso Luiz. 
Foto Kiko Monteiro 


Geralmente, todo pesquisador é colecionador. Qual é o foco de sua coleção? 

Fixando-me distante do foco onde circulava tudo que dizia respeito ao cangaço fiquei na saudade. Mas, não me perdi na estrada da viagem. Hoje meu acervo fotográfico é de boa qualidade e com elementos nunca publicados. Muita coisa ainda está para ser registrado pelas câmeras modernas, inclusive como o uso do zoom. A história do cangaço continuará sendo uma criança, somente a partir do próximo século, o XXII, haverá o novo norteamento. A iconografia fará parte desse novo mundo. Tenho sob forma encadernada jornais do Brasil desde o ano de 1934, em sua forma original. Representativo é o número de folhetos de cordel, principalmente, sobre a figura de fundamental importância para o cangaço em todos os tempos, Antônio Silvino.
Quanto aos livros se inicia a coleção com Carlos Fernandes e Gustavo Barroso, legítimos representante de uma época onde o sangue corria pelos carrascais. E estou em busca dos últimos lançamentos. A literatura complementar complementa de forma precisa e substancial o estudo desejado. Moedas do século XXIX e cédulas do tempo do réis que circulavam no país. Assim o caro leitor verifica que o foco solicitado é tamanho família ou tipo gigante. Tudo simples e em movimentação constante. Tenho para funcionar e não para dizer que tenho ou para encher prateleiras.
Entre as peças tem uma relíquia?

Tenho apenas um pequeno punhal medindo 28 centímetros de comprimento e com bainha original. Peça que me foi presenteada por uma irmã já falecida e quando estive em visita a sua residência em São Luis do Maranhão, ela me dizia: vou lhe dar este punhal. Lembrança de nosso pai quando almocreve e que foi preso por um bando de cangaceiros. Sua soltura deva-se a um amigo dele, o coronel Manoel José, figura de alto conceito na vila de Carnaíba de Flores, estado de Pernambuco. Cidade hoje que reverência seu ilustre filho, médico, compositor, parceiro de Luiz Gonzaga, o sempre lembrado Zé Dantas.

Nós que gostaríamos de ver um filme que retratasse um cangaço, fiel aos fatos, sem política primário enfiar com exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade em se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não for possível qual a película que mais lhe agradou? Por que?

Para mim a história do cangaço tem nas artes uma dolorosa via Crúcis. O teatro quando em ambiente fechado com suas apresentações fica muito a desejar. Pouco se estuda o tema e se for numa região diferente do Nordeste é de gritar êpa!!! Se ao ar livre é um simples musical com invencionices dos diretores, fugindo da realidade histórica e ainda dizem que o teatro tudo pode. Lindo, não! É o espetáculo caça votos. A televisão tem se mostrado equivocada com suas pretensões.
Lembram-se da novela Mandacaru? No segundo bloco Lampião é morto no estado da Bahia. Pode? E no lançamento do trabalho do Valter Avancini lá estavam pessoas que se dizem familiares do cangaceiro e concordaram, pois, nada mudou no deserto de Saara. A voz dos atores tentando imitar o linguajar dos nordestinos é de dar pena e torna-se não um terremoto, mas sim, um tsunami falastrão? Existe isso?
E teimam em usar um personagem que em vida foi homem na pele de uma mulher. É o caso de "Açuçena", cangaceiro valente e que terminam lhe dando uma saia rendada e ninguém diz absolutamente nada. Se falar, contraria.
Tenho pena dos personagens da história vibrante do cangaço. Gente, tenham dó!!!!! A trilha sonora hoje não serve ao enredo e sim ao faturamento simultâneo. Tudo funciona em função do faturamento. O resto é o resto, Claro e evidente.
Finalmente o cinema. Este se mostrou capaz nos idos de 50 do século passado. Os senhores diretores não souberam ganhar muito dinheiro como fizeram os americanos e seus cowboys. Preferiram o futebol, a malandragem e um trio amoroso. Engendravam uma história qualquer e a pobre da Vera Cruz sucumbiu. Também pudera!!! Com o volume imenso de filmes e bons com assinatura dos mais gabaritados dramaturgos não poderia ser diferente. Filmes baseados nos melhores romances, dos melhores escritores do mundo e o cinema nacional cada vez mais desacreditado.



Quem tinha oportunidade de ver todos os anos um festival de cinema, onde assinavam os melhores da Alemanha, Rússia, México, França, Japão e outros países? Além do dia a dia com atores e atrizes com formação teatral, diferente de hoje, onde ninguém é de ninguém, ou seja, fez um determinado trabalhou e desaparece na primeira esquina. Os atores de hoje ficam muito a desejar.
Assim fui ficando com os importados e deixando o nacional ao largo. O cinema me induziu a música sempre instrumental e nunca uns sambas ou batucadas sem expressão. Melhor ficar com o documentário de José Humberto, companheiro de salvador-BA, que na qualidade amigo de Dadá fez um trabalho maravilhoso, denominado a Musa do Cangaço. Pequeno ou curto, porém verdadeiro e expressivo.
E mais, gosto não se discute, por favor! Respeite para ser respeitado, esse é o lema!!!!

Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião.

Para ser breve existe um mundo de pérolas acima e abaixo do horizonte. Mas, devo ficar com uma que não vou perder para ninguém, "E assim falava Lampião". Sem comentários.
Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: “Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde”, “João Peitudo, filho de Lampião”, “O Lampião de Buritis” e “a paternidade de Ananias”?A que mais tem sido motivo de análises e discussões é a "Grota do Angico". Pode ser o episódio considerado uma nova torre de Babel e todos falam e ninguém se entende ou simplesmente o famoso calcanhar de Aquiles. Fala-se em mortes; logística do lado militar; carnificina; chacina e grande universo de adjetivos. Angico bem estudado mudará a história cangaceira no Nordeste. Tomara que aconteça!!!!!!
Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?No prelo estão: Lampeão de A a Z; Lampeão por ele mesmo e segundas edições da Bibliografia do cangaço e do Quem é Quem no Cangaço. Outros trabalhos estão em andamento.

Vamos terminar onde tudo começou... Ruinas da Fazenda Ingazeira - Povoado São Domingos - Serra Talhada, PE.



 FIM!

Fonte:

Observação:

Se você quiser permanecer nesta página, basta clicar nos links, no início desta página, começando pela parte I, depois II, III e final.

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