Por: Geraldo Maia do Nascimento
Revendo velhos documentos da Administração Pública Municipal, me deparo com uma mensagem apresentada à Câmara Municipal de Mossoró pelo então Prefeito,
Sr. Jerônimo Dix-sept Rosado Maia, datada de 31 de março de 1949, referente ao seu primeiro ano de administração. Nessa mensagem, depois da apresentação de praxe, o Sr. Prefeito inicia a sua apresentação pelo que ele chamou de “Setor Cultural”, com destaque para a Biblioteca Pública Municipal. Com relação a esse assunto diz o Prefeito:
“Um compromisso assumido com o povo, foi o de que não descuraríamos do alevantamento cultural dos mossoroenses. A Biblioteca Popular, a Biblioteca Dinâmica, não um mero depósito de livros, seria o meio mais eficiente de atender aos desejos de aprimoramento de cultura, dos que não tinham poder aquisitivo, correspondente ao preço astronômico do livro. E também de despertar tantas outras vocações, para as letras e para as ciências, vocações estioladas à falta do estímulo eficiente. De facilitar os profissionais pobre, ao que não podia comprar livros técnicos o conhecimento que possibilitaria o aperfeiçoamento do seu ofício.
A 5 de abril de 1948, apenas cinco dias depois de empossados, criávamos pelo Decreto número quatro (4), a Biblioteca Pública de Mossoró. E nomeávamos uma Comissão Organizadora. A todos os que tem contribuído, através de um trabalho beneditino, para a Organização da Biblioteca, principalmente a José Ferreira da Silva, Francisco de Assis Silva, José Maria Gonçalves Guerra, Hugo Costa Cruz, Rafael Fernandes de Negreiros, João Damasceno da Silva Oliveira, José Romualdo de Souza, Jerônimo Vingt-un Rosado Maia e a Professora América Fernandes Rosado Maia, deixamos aqui o nosso agradecimento muito sincero.
Cedido um salão pelo Clube Ipiranga que, em um magnífico gesto, superou antigos compromissos assumidos de tornar pública a sua Biblioteca particular, gesto que se traduziu pela doação de todo o seu patrimônio bibliotecário, um acervo superior a trezentos volumes, foram logo iniciados os seus serviços de adaptação. Ao mesmo tempo que se iniciava a catalogação dos livros, que iam sendo recebidos por doação. A cada um deles eram dadas quatro catalogações: a do livro – inventário, decimal, ficha por autor e ficha por nome do livro. Em linhas gerais, seguiram os organizadores as recomendações do Instituto Nacional do Livro, Entidade Oficial a que foi logo filiada a Biblioteca, sob o número R.M. 3357. Tem a Biblioteca recebido doações valiosas. A todos os brasileiros que nos tem dado o seu apoio, ao êxito desse empreendimento, deixamos aqui o nosso reconhecimento. E dizemos brasileiros e não só mossoroenses porque de todos os quadrantes da Pátria tem nos chegado cooperação decisiva.
Finalmente, a 30 de Setembro de 1948, associando a maior data da História de Mossoró, esse grato acontecimento cultural, inauguramos a Biblioteca Pública de Mossoró, com 1.888 obras em 2131 volumes...”
Essa história eu já tinha ouvido do Professor Vingt-un Rosado, que depois publicou na sua séria “Minhas Memórias da Batalha da Cultura – Livro I. O que não tem no livro é que a idéia da biblioteca partiu dele, Vingt-un Rosado, um eterno criador de bibliotecas. O mérito maior de Dix-sept Rosado foi cumpri a promessa apenas cinco dias após assumir o mandato. E quando Dix-sept diz na mensagem que agradece aos brasileiros e não só aos mossoroenses pela doação dos livros, devemos lembrar também da participação de “Dix-huit Rosado, em Natal, que bateu todas as casas mossoroenses ou de amigos da cidade pedindo livros para a nova biblioteca. Semanalmente chegavam-nos caixotes e mais caixotes e a sua campanha deve ter dado a Mossoró dois mil volumes.”
Assim foi criada a Biblioteca Pública de Mossoró, hoje Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte.
Geraldo Maia do Nascimento
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