Por: Geraldo Maia do Nascimento
Existe em Mossoró uma Praça, no centro da cidade, onde se prestou homenagem a Bento Praxedes Fernandes Pimenta, que foi político, homem de imprensa e funcionário público federal. Trata-se da Praça Bento Praxedes, ou Praça do Codó, como é mais conhecida. Mas por que o pejorativo Codó se sobressaiu ao nome do homenageado? É essa a história que passamos a narrar:
No dia 18 de agosto de 1950, Mossoró foi visitada por uma grande comitiva da União Democrática Nacional – UDN, em propaganda das candidaturas do Brigadeiro Eduardo Gomes e do Ministro Odilon Braga à sucessão presidencial da República, além do Senador José Ferreira de Souza, Deputado José Augusto Bezerra de Medeiros, Manuel Varela de Albuquerque e Duarte Filho, estes candidatos ao Governo do Estado. O comício seria naquela mesma noite, na Praça Bento Praxedes, onde haviam armado um palanque de grandes proporções.
Da construção do palanque, ficou encarregado o Sr. Francisco Sales dos Santos Bezerra (Sales de Avelino, como era chamado), um construtor com bastante experiência naquele tipo de estrutura. Mas dada a urgência dos trabalhos, Sales de Avelino resolveu simplificar: montou todo o tablado do palanque apoiado em tambores metálicos vazios, do tipo que ainda hoje é usado para coletar lixo.
Naquela noite, a Praça se encheu de gente para o grande comício, e o palanque foi recebendo candidatos, senhoras e personalidades locais, em número de quase 100 pessoas. E quando os primeiros oradores se preparavam para o início da falação, o palanque desabou. Generalizou-se o pânico, houve correrias e provocações, tendo Sales de Avelino, por precaução, abandonado o local.
O historiador Raimundo Soares de Brito foi testemunha ocular do evento. Segundo suas palavras, o palanque não caiu: afundou. Não resistindo o peso de tanta gente, os barris foram se deformando e o piso foi baixando, fazendo com que as pessoas sumissem da vista do público, já que as laterais do palanque ficaram intactas.
Não houve feridos. Passado o susto, o comício pode ter início com discursos de alguns dos nossos oradores, além do major André Fernandes de Souza, em nome da UDN, do Dr. José Augusto, Odilon Braga e por fim do Brigadeiro Eduardo Gomes.
Mas o trágico da história é que quase todos que subiram ao palanque da Praça do Codó, como ficou sendo chamada a partir de então, foram derrotados nas urnas. Eduardo Gomes e Odilon Braga perderam para Getúlio Vargas e o nosso conterrâneo Café Filho; Manuel Varela e Duarte Filho foram suplantados pelo mossoroense Dix-sept Rosado Maia e Silvio Pedrosa. José Augusto não conseguiu ser reeleito para a Câmara Federal, com a particularidade de não ter obtido nem um voto em Mossoró. Além de outros deputados estaduais e vereadores que também não foram eleitos. Foi mesmo um codó aquele comício da noite de 18 de agosto de 1950, pois codó, é uma palavra originária de um dialeto africano e o seu significado se aproxima do que em português entendemos como azar ou carma negativo. Há quem diga que o autor do batismo da praça como codó foi o Dr. Vingt Rosado, como uma forma de diminuir o ânimo dos adversários.
E a maldição do codó tomou corpo no imaginário popular. Nenhum candidato queria usar a Praça que já tinha sido palco de grandes embates políticos. Até que em 1960 o “cigano feiticeiro”, apelido pelo qual era conhecido
Aluízio Alves, então candidato a governador do Rio Grande do Norte, num golpe de marketing sem igual na região, anunciou que iria exorcizar, como cigano, o feitiço que havia na praça. E mobilizando o eleitorado de Mossoró em memoráveis passeatas, cujo percurso varava a madrugada e o final era sempre na Praça do Codó, saiu-se vitorioso, acabando assim com a maldição.
A maldição da praça foi tirada pelo “cigano feiticeiro”. Mas na memória popular, a Praça Bento Praxedes será sempre a Praça do Codó.
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Geraldo Maia do Nascimento
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