Por: Geraldo Maia do Nascimento
Foi um movimento armado, liderado pelos Estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul. Essa Revolução culminou com o golpe de Estado que depôs o presidente da república Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à República Velha, levando Getúlio Vargas a assumiu o destino da Nação.
Esse Golpe de Estado ocorreu num período em que o Brasil passava por mudanças políticas, sociais e econômicas decisivas para a história contemporânea do país. Tais mudanças se processavam com maior rapidez nos anos 20 e 30, quando se colocaram em questão as forças do poder da classe dominante, que se utilizava de mecanismos antidemocráticos para se manter no poder: Nesse período o voto não era secreto, atas eleitorais eram, via de regra, falsificadas, existia a proibição do voto às mulheres e analfabetos etc. Essas formas de poder da classe dominante geravam uma insatisfação popular que se estendia aos governos dos Estados.
No Rio Grande do Norte duas correntes políticas lutavam pelo poder: a \"política do Agreste\" e a do \"Seridó\". Os coronéis do Seridó haviam apoiado a reação contra a oligarquia dos Maranhão e, mais tarde, apoiado a ascensão de José Augusto e de Juvenal Lamartine, que governava o Rio Grande do Norte na época da Revolução. Entretanto, os conflitos entre as facções da classe dominante acabavam em \"arranjos entre vencidos e vencedores\", enquanto que os conflitos entre os grupos no poder e a oposição (aliadas às classes populares) acabavam em repressão.
Em 1930, o governo de Juvenal Lamartine tinha fechado os sindicatos operários e a imprensa da oposição havia sido proibida, enfim, o governo havia silenciado a oposição. Em meio a um clima de instabilidade econômica surge a questão da sucessão estadual. O nome cotado pela oposição era o desembargador Silvino Bezerra Neto, que rompera com Juvenal Lamartine, em 1929, durante a campanha presidencial. No entanto, a campanha é interrompida quando a 03/10/1930, a Revolução explode no Rio Grande do Norte.
Com a Revolução os governantes estaduais são depostos pelos \"tenentes\". No RN começa uma disputa pelo poder onde a Aliança Liberal do Estado fica dividida em torno dos nomes Café Filho e de Silvino Bezerra Neto para o governo. Para resolver a questão é instituída uma Junta Governativa Militar que garantiu a ordem pública e consolidou a mudança de poder. Sendo, por fim, escolhido para presidente provisório do Estado o Dr. Lindolfo Câmara.
Segundo o jornalista Lauro da Escóssia em seu livro “Memória de um Jornalista de Província”, Mossoró não se surpreendeu com a revolução e conseqüente vitória do movimento de 1930. A propaganda da Aliança Liberal em favor da candidatura Getúlio-João Pessoa para suceder a Washington Luís no Catete trouxe a esta cidade a comitiva do Deputado Federal Batista Luzardo, do Rio Grande do Sul. O povo vibrou nas ruas, fazendo festiva recepção aos caravaneiros que pregavam a revolução. Essa mesma caravana, que foi aclamada em Mossoró, havia sofrido revés em Natal.
Em 5 de outubro, após a deposição do Governador Juvenal Lamartine, os adeptos da Aliança Liberal, tendo a frente o advogado Amâncio Leite, que havia chegado de Natal, foram à praça pública em passeata. Invadiram o prédio da Coletoria de Renda de Mossoró, de onde retiraram e quebraram o retrato do Governador Lamartine. Alguns mais exaltados, começaram a sugerir o empastelamento (destruição) do jornal “O Mossoroense”, que na época obedecia a orientação do Deputado Federal Rafael Fernandes. Essa tentativa, no entanto, foi sustada por iniciativa do chefe sertanejo Joaquim Saldanha, que tinha se transformado em General Revolucionário, que mandou alguns dos seus comandados, chefiados pelo Tenente Zuza Paulino, guarnecer a redação do jornal.
Não tinha sido essa a primeira vez que o jornal “O Mossoroense” passava por tal ameaça. Em 1875 um grupo capitaneado pelo Deputado Provincial (o mesmo que Deputado Estadual) Rafael Arcanjo da Fonseca, depois de percorrer por todo o dia as ruas da cidade, visivelmente embriagado, dirigiu-se as oficinas do jornal , tentando fazer calar a voz da imprensa, por não ter gostado de um artigo que tinha sido publicado no jornal sobre o seu comportamento como parlamentar.
Continua na próxima semana.
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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento
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