Pouco tempo
antes de Luiz Gonzaga (1912-1989) morrer, a cantora Anastácia, uma de suas
discípulas, esteve com ele. Gonzagão, já doente, confidenciou-lhe um medo: o de
ser esquecido. “Eu disse a ele que aquilo era besteira, que sempre iriam se
lembrar dele”, diz a forrozeira, pernambucana como o mestre. “Para mim, ele
deveria ser eleito o artista do século”, afirma Anastácia, que dedicou um
capítulo de sua biografia Eu sou Anastácia - história de uma rainha a
Gonzaga.
A amiga de
Gonzagão estava certa. Neste ano, quando faria um século de vida, o compositor
de “Asa Branca” está sendo festejado com lançamentos de CDs, tributos e um
filme com a sua história
Isso confirma a importância de
Luiz Gonzaga na música brasileira como um dos grandes divulgadores dos ritmos
nordestinos (xote, xaxado, coco, toada, quadrilha), sobretudo nas décadas de
1940 e 1950, o auge de seu reinado.
Um dos maiores
projetos do centenário de Gonzagão é uma caixa com três CDs que trazem 50
gravações inéditas das composições assinadas e cantadas pelo Mestre Lua.
Produzido por Thiago Marques Luiz, 100 anos de Gonzagão (Lua Music) reúne
artistas da antiga e da nova geração da música brasileira. Nomes como Elba
Ramalho, Ângela Ro Ro, Fafá de Belém, Claudette Soares, Cida Moreira, Zé
Ramalho, Wanderléa, Maria Alcina, Chico César, Zeca Baleiro se juntam aos
novatos Gaby Amarantos, Filipe Catto, Vanguart, Verônica Ferriani, Thais Gulin
e Karina Buhr.
“A ideia foi
mostrar que a música de Rei do Baião é universal e cabe em qualquer ritmo e
gênero. É exatamente nisso que reside a genialidade e a temporalidade de sua
obra”, diz Marques Luiz, que selecionou o repertório para os CDs, gravados em
cinco meses.
Anastácia é
uma das convidadas. Ela está na primeira faixa do CD 1 ao lado de Dominguinhos
(outro discípulo do Rei), Amelinha, Geraldo Azevedo e Ednardo. Juntos, cantam o
grande clássico “Asa branca”. E todos têm uma faixa individual na caixa.
http://revistaepoca.globo.com
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