Publicado em 12/05/2013 por Rostand Medeiros
Um B-24
decolando, visão comum em Parnamirim Field
O RESGATE NA
DÉCADA DE 1990
Quando,
finalmente, em janeiro de 1943, o presidente Roosevelt convenceu Getúlio Vargas
a entrar na guerra, este firmou um contrato que cedia bases no nordeste e norte
do país às forças americanas em troca de uma usina siderúrgica (CSN) de última
geração a ser instalada em Volta Redonda, RJ. O que se seguiu foi uma intensa
construção de bases operacionais em Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e
Ilhéus com um afluxo imenso de militares americanos apoiando aeronaves que
fariam a travessia do Atlântico rumo à África e à guerra no norte daquele
continente.
Essa inusitada
invasão de militares estrangeiros suscitou a criação de várias estórias
relacionadas ao choque cultural de duas nações com costumes tão diferentes.
Conta-se até que o termo forró nasceu dessa convivência forçada.
Registrou-se que militares instalados em Pernambuco para construir a Base de
Recife, promoviam bailes abertos ao público, ou seja, for all. Assim, o
termo passaria a ser pronunciado “forró” pelos nordestinos. Nada comprovado, no
entanto. Outra consequência quase natural de tantas aeronaves de guerra
sobrevoando as regiões norte e nordeste, foram os acidentes aéreos.
O Consolidated B-24
“Liberator” era o bombardeiro americano de maior produção que qualquer outro
avião americano durante a Segunda Guerra Mundial, e foi usado pela maioria dos
Aliados durante o conflito. Era um bombardeiro pesado desenhado especialmente
para voos de longa distância, tinha capacidade de levar 5800 quilos de bombas e
era guarnecido por dez tripulantes. Grande número dessas aeronaves compôs as
esquadrilhas que faziam pousos no Brasil para depois atravessar o Atlântico.
Assim, as 09:15 da manhã do dia 11 de abril de 1944 a aeronave B-24 “Liberator”
número de série 42-95064 da USAAF solicitou ao centro de controle de Belém,
informações sobre as condições meteorológicas. Foi a última comunicação que
fez, nada mais se soube dela durante 51 anos.
Local da queda
de uma aeronave na selva. Dependendo da situação geográfica do local, os
destroços podem demorar anos, ou jamis serem encontrados
Os Estados
Unidos mantêm um órgão destinado a identificar restos mortais de seus soldados
considerados desaparecidos em combate e procurar os possíveis parentes desses
militares mortos. Esse órgão, Laboratório Central de Identificação do
Exército no Havaí (CILHI), já identificou milhares de soldados
desaparecidos – especialmente do Vietnã – a partir mesmo de restos mortais
diminutos, após um processo que envolve longas horas de análise científica e
emprego da técnica de DNA. Pois, no ano de 1990, o CILHI recebeu informações
que uma equipe de militares da FAB havia encontrado destroços de uma aeronave
B-24 em uma área desabitada, isolada da floresta amazônica. Deslocou então 15
homens do exército para, juntamente com militares brasileiros, fazer a
identificação da aeronave e, se possível, recolher restos mortais dos
tripulantes.
Uma equipe da
FAB ajudou os pesquisadores CILHI durante um esforço de recuperação de três
semanas em uma área de densa floresta cerca de 50 milhas a nordeste do rio
Amazonas próxima à cidade de Macapá, localizada cerca de 250 quilômetros a
noroeste do destino do avião, Belém. Inicialmente os pesquisadores encontraram
dois conjuntos de “dog tags” (plaquetas de identificação que os militares
trazem penduradas no pescoço) e numerosos fragmentos de ossos no local.
Uma B-24 sobre
a selva amazônica em direção a Belém e depois Natal
Ficou patente,
pelas condições dos fragmentos da aeronave, que todos os 10 tripulantes
morreram na queda, não havia sinais que indicassem alguma possível
sobrevivência. Duas semanas de escavação no local do acidente não acrescentou
nada ao que já se tinha descoberto. Contudo, depois terem escavado vários
metros de profundidade e estarem começando a perder a esperança, eles começaram
a encontrar ossos, anéis e “dog tags” com nomes e as patentes escritas
sobre eles.
Onde o avião
caiu um investigador encontrou uma carteira, e outro teria encontrado várias
notas de dólar de 1944, concluiu-se que o impacto de alta velocidade da queda
significava que pouco restou da aeronave. E a maior parte dos destroços –
espalhados por uma vasta área e em repouso por 51 anos – nunca serão
recuperados. Depois de três semanas, a equipe recuperou os restos mortais de
todos os 10 tripulantes e realizou um serviço cerimonial para a tripulação em
Macapá, capital do Amapá e, em seguida, os restos foram levados para os EUA.
Em pouco tempo,
mais tarde, os peritos forenses CILHI confirmaram que os restos mortais eram,
de fato, da tripulação do “Liberator” 42-95064.
Túmulo dos
aviadores mortos na amazônia
Os tripulantes
foram identificados como sendo:
1 – Segundo
tenente Edward I. Bares, piloto;
2 – Segundo
tenente Robert W. Pearman, co-piloto;
3 – Segundo
tenente Laurel C. Stevens, bombardeador;
4 – Primeiro
tenente Floyd D. Kyte Jr., navegador;
5 – Sargento
John Rocasey, artilheiro do nariz da aeronave;
6 – Sargento
John E. Leitch, engenheiro de voo;
7 – Sargento.
Michael Prasol, artilheiro de cauda;
8 – Sargento
Herman Smith, artilheiro do ventre;
9 – Sargento
Max C. McGilvrey, artilheiro da torre superior;
10 – Sargento
Harry N. Furman, operador de rádio (substituto não registrado como tripulante
efetivo).
O desconhecido
Harry N. Furman não faz parte da tripulação original do avião, provavelmente
substituiu o operador de rádio Sargento Abe Pastor, no vôo fatídico. O destino
de Pastor é desconhecido. “É provável que o chefe da equipe de terra pode muito
bem ter substituído um dos tripulantes, que teria ido por mar”, disse Kevin
Welch, um veterano B-24. “Às vezes, algumas posições eram operadas por
tripulantes não-membros”.
Os restos da
tripulação foram enterrados no Cemitério Nacional de Arlington, Washington, no
dia 20 de fevereiro de 1995. JAIR, Floripa, 04/05/12.
Dados sobre
essa matéria podem ser encontrados nos saites:
Autor – Jair
C. Lopes
Fonte
Extraído do blog do historiógrafo e pesqusiador do cangaço: Rostand Medeiros
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