Por: Manoel Severo
Faleceu no
inicio do dia de hoje, Manoel Dantas de Loyola, seu Né, ou o ex-cangaceiro
Candeeiro, depois de estar internado desde a última segunda-feira na UTI
do hospital Memorial Arcoverde.
Ainda em
fevereiro de 2012, tivemos o privilégio de mais uma Caravana Cariri Cangaço;
reunimos o "bando" e partimos para o meio da caatinga. Entre nossos
destinos: Guanumbi, pequeno distrito de Buique. Saindo do centro da cidade
percorremos 27 Km em estrada carroçável até chegar a casa de Manoel Dantas de
Loyola, ou, Seu Né; ou melhor: Candeeiro. Seu Né, como todos acabam chamando o
ex-cangaceiro que morava no número 19 da principal rua do lugarejo, bem em
frente a pracinha. Dona Linda e dois dos quatros filhos estavam naquele dia ao
lado do nonagenário no momento de nossa visita.
Aquela visita
a Candeeiro nos remeteu a uma emoção impressionante, não só pelo personagem ali
representado, mas pela força que aquele homem de 98 anos ainda exalava. O
sorriso franco e fácil, o olhar doce e curioso quando falava, não pareciam ser
de um homem que esteve nos hostes cangaceiras, ou de um dos cangaceiros que
conseguiu escapar do fatídico Angico. Candeeiro sem dúvidas cativava pelo
enorme carisma que possuia...
Durante nossa
última visita, lampejos de lucidez e lembranças, mas nas poucas que
pudemos perceber, “bebemos na fonte”, foram mais de duas horas de uma visita
inesquecível. A entrada no cangaço, as andanças com Jararaca, o baiano, as
histórias com Virgínio, o Capitão, Angico, o tiro que esfacelou seu braço, as
entregas, o tempo que era soldado da borracha, o retorno, enfim. Passo a
passo Candeeiro ia juntando pequenos fragmentos de lembranças de um tempo
que parece não sair de sua cabeça...
Candeeiro e
Manoel Severo
Afrânio,
Candeeiro, Manoel Severo e Valentim Antunes
“Certa vez
Corisco observando um dos cangaceiros da família dos Ingrácias, um moreno ainda
jovem com os cabelos encaracolados, era manhazinha e os cabelos desse
cangaceiro estava molhado do sereno da noite, daí nasceu o apelito de Zé Sereno
para o marido da Sila”
Candeeiro,
memória viva dos tempos do cangaço
Aderbal
Nogueira entre o casal: Candeeiro e dona Linda
Naquele dia,
dona Linda, sua esposa, a tudo escutava e acompanhava, aqui e acolá um
comentário, um reparo, uma outra lembrança. Naquela manhã as fotografias
selariam o final de nossa visita e a certeza que havíamos compartilhado
momentos de inegável valor histórico ao lado de personagens como Manoel Dantas
de Loiola, ou seu Né, ou Candeeiro.
A família
Cariri Cangaço se une às orações e ao sentimento da família enlutada. Que Deus
possa iluminar todos os caminhos.
Manoel Severo
http://cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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