Por: José Cícero
Aurora!
Qual dos teus
filhos se arriscaria dá-se a difícil tarefa de encontrar a tua mais exata e
adequada definição? Sim. Porque
Aurora, enquanto sentimento afetivo não se define simplesmente com palavras.
Porquanto se encontrar muito além de qualquer tradução etimológica
por meio da qual as palavras adquirem sua mais alta significação.
Diríamos no entanto que Aurora, em última instância, é pura emoção... De modo que a sua melhor definição reside na forma como sentimos o mundo como um
tesouro poético incomensurável escondido no fundo do peito.
Aurora é esse orgulho saudável e provinciano com o qual contrapomos aqui e
alhures todas as
angústias impostas pela saudade e pela solidão dos que estão distantes.
Um elevado estado de autoafirmação que experimentado onde quer que estejamos.
Aurora é esse ímpeto de coragem a nos impelir sempre para frente. Como se o
futuro fosse a intercessão de todos os nossos caminhos possíveis. Isso porque
em Aurora tudo o mais é atemporal.
A mais
autêntica conotação de um passado inesquecível e glorioso, em cujas raízes nos
mantemos presos para sempre, como uma árvore centenária fincada ao chão.
Aurora é, como diria Espinoza: a mais verdadeira perspectiva da eternidade postas indefinidamente em nossas mãos. Sereia sertaneja a nos envolver completamente com o seu encanto e o seu feitiço de mulher amada. Razão de estarmos todos condenados a amá-la pela vida a fora, para o todo o sempre.Quem sabe, como uma criação shekesperiana,
Aurora é a vitalidade de uma
juventude indomável a fustigar todo o nosso sangue como se fosse o índio Cariri
a se preparar para a guerra.
Tal e qual a
força descomunal do rio Salgado na sua busca infinita de se encontrar com
o mar;
Rio selvagem
que segue oprimindo sem nenhuma trégua todas as ribanceiras do seu caminho.
Aurora é a história viva de um povo forte e destemido que aprendeu superar-se a si mesmo, tanto na desventura, quanto e na adversidade para jamais se deixar ser escravo de ninguém.
Aurora é o gracioso sorriso de um futuro alvissareiro, como crianças de braços
abertos ansiando abraçar todos aqueles que lhe adoram e amam de verdade.
A hospitalidade, a bravura e a solidariedade do homem sertanejo encarnada
no bondoso ofício e na presteza de sempre ser útil.
Aurora é também mulher, por isso a beleza, a delicadeza, a inteligência e a sedução com que se impõe diante da contemporaneidade de tudo o mais que lhe cerca e lhe adorna fazendo-a muito mais bonita, bondosa e cativante.
Aurora é a
mais pura expressão jubilosa do mais absoluto contentamento juvenil e
centenário. Além da sensação glamorosa de harmonia e paz entre os
seus filhos e entusiastas do cosmopolitismo mundano.
É esta saudade ressabiada e distante, gritando forte dentro da gente que nunca se cala nem se acalenta. Literalmente a emoldurar todo o nosso ser, tão somente por não nos permitir conhecer tempo ou distância que nos faça sofrer.
Aurora é esse sentir indescritível de grandeza cívica e interior com que sempre encaramos genuflexos , a figura altiva do Sr. Menino Deus.
É ainda, por assim dizer, a certeza infinita de que todos os caminhos inapelavelmente nos levarão a ela. A esperança em pessoa, a nos emprestar sempre que necessitamos, a utopia e o sonho de viver feliz.
É o sonho possível de felicidade como salvaguarda para a nossa luta infinda e cotidiana.
Por fim, Aurora é um estado de espírito...
Sem ela o
mundo não teria o menor sentido.
Ser aurorense, portanto, não tem preço.
Ser aurorense, portanto, não tem preço.
Tudo o mais em
Aurora fala por si mesmo.
Todo o resto é pura saudade ou solidão.
Todo o resto é pura saudade ou solidão.
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Por José Cícero
Secretário de Cultura
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