Por Doizinho Quental
José Leite de Santana, que antes
de entrar no bando foi apelidado de Jararaca, e nasceu em 5 de maio de 1901, no
sítio Joazinho – antigo Riacho do Juá -
em Buíque Pernambuco.
Desde menino, foi muito ágil, fazia malabarismos com facas e punhais que encantavam os amigos e parentes.
Ainda novo, com mais ou menos 26 anos de idade, engrossou as fileiras do cangaço entrando para o bando de Lampião. Era um mulato de estatura mediana, uma figura inexpressiva, porém, de uma valentia e perversidade que muito bem lhe assentava o apelido de jararaca.
Este monstro praticou os mais bárbaros crimes que um indivíduo pode cometer. Ficou na história do bando de Lampião como o maior facínora, um dos mais temíveis cangaceiros.
Rodrigues de Carvalho em seu livro “Serrote Preto”, afirma que ele entrou no bando de Lampião em abril ou maio de 1926. A sua única intenção, ao ingressar no bando, foi a de fazer uma profissão mais rendosa, pois o seu ofício de trabalhador da roça não lhe rendia nada.
José Leite de Santana serviu o exército no 23 BC do Rio de Janeiro, dando baixa para voltar à sua terra natal. Sem outra alternativa, executava serviços de brota, limpa e destroca, trabalhando de alugado, como ainda fazem muitos dos nossos infelizes homens das terras nordestinas, ganhando uma miséria, que mal dá para suprir as mínimas necessidades pessoais.
Ele e o outro companheiro estavam neste ofício pesado, debaixo de um sol causticante, à margem de uma estrada, quando por ali passa a quadrilha de Lampião. Os cabras, vendo aquele sacrifício desgraçado, param um pouco para um dedo de prosa. Um deles pergunta:
- Quanto voismicês ganha pra puxá cobra prus pés?
- Home, respondeu José Leite de Santana, nóis ganha uma misera, treis mi réis por dia.
– E quale a hora de pegá no sirviço?
- Ah! Bom! Nóis se lasca no sirviço das sete hora até de tardezinha!
– Arre égua, parece qui voismicês inda tá na era dos iscravo!? Pruque voismicês num acumpanha nóis? Si acabá de fomi e morrê de trabaiá, é mió se acabá no musquetão. E tem dessa, o home só morri quando é chegada a hora. Nóis faiz um alssaltozim aqui, outro ali e quano chega o fim du dia nóis tem vinte ou trinta mi réis. Vamo mais nóis?
- Ochênte, só se fô agora, disse Zé Leite e imediatamente perguntou ao companheiro: -Vamo caba véi?
– Tu tará doido, home!?
– Intão me dê a tua apragatas, cuma é qui vô lutá pisando in tôco?
– Nun dô não, disse o outro, ela “custô foi seis mi réis, dois dias de trabáio”.
Então, José Leite de Santana, numa perversidade sem tamanho, puxou a peixeira e, sem dizer palavra, esfaqueou o companheiro depois, com a maior calma do mundo, retirou-lhe as alpargatas e saiu assobiando.
Os cabras da quadrilha gargalhavam como se aquilo fosse um deleite para as suas vistas. Um deles falou rindo:
- Eita jararaca mulestada! Um caba dêsse é qui nóis precisa!
Foi nestas circunstâncias brutais e desumanas que José Leite de Santana, de cabra, virou cobra no bando.
Desde menino, foi muito ágil, fazia malabarismos com facas e punhais que encantavam os amigos e parentes.
Ainda novo, com mais ou menos 26 anos de idade, engrossou as fileiras do cangaço entrando para o bando de Lampião. Era um mulato de estatura mediana, uma figura inexpressiva, porém, de uma valentia e perversidade que muito bem lhe assentava o apelido de jararaca.
Este monstro praticou os mais bárbaros crimes que um indivíduo pode cometer. Ficou na história do bando de Lampião como o maior facínora, um dos mais temíveis cangaceiros.
Rodrigues de Carvalho em seu livro “Serrote Preto”, afirma que ele entrou no bando de Lampião em abril ou maio de 1926. A sua única intenção, ao ingressar no bando, foi a de fazer uma profissão mais rendosa, pois o seu ofício de trabalhador da roça não lhe rendia nada.
José Leite de Santana serviu o exército no 23 BC do Rio de Janeiro, dando baixa para voltar à sua terra natal. Sem outra alternativa, executava serviços de brota, limpa e destroca, trabalhando de alugado, como ainda fazem muitos dos nossos infelizes homens das terras nordestinas, ganhando uma miséria, que mal dá para suprir as mínimas necessidades pessoais.
Ele e o outro companheiro estavam neste ofício pesado, debaixo de um sol causticante, à margem de uma estrada, quando por ali passa a quadrilha de Lampião. Os cabras, vendo aquele sacrifício desgraçado, param um pouco para um dedo de prosa. Um deles pergunta:
- Quanto voismicês ganha pra puxá cobra prus pés?
- Home, respondeu José Leite de Santana, nóis ganha uma misera, treis mi réis por dia.
– E quale a hora de pegá no sirviço?
- Ah! Bom! Nóis se lasca no sirviço das sete hora até de tardezinha!
– Arre égua, parece qui voismicês inda tá na era dos iscravo!? Pruque voismicês num acumpanha nóis? Si acabá de fomi e morrê de trabaiá, é mió se acabá no musquetão. E tem dessa, o home só morri quando é chegada a hora. Nóis faiz um alssaltozim aqui, outro ali e quano chega o fim du dia nóis tem vinte ou trinta mi réis. Vamo mais nóis?
- Ochênte, só se fô agora, disse Zé Leite e imediatamente perguntou ao companheiro: -Vamo caba véi?
– Tu tará doido, home!?
– Intão me dê a tua apragatas, cuma é qui vô lutá pisando in tôco?
– Nun dô não, disse o outro, ela “custô foi seis mi réis, dois dias de trabáio”.
Então, José Leite de Santana, numa perversidade sem tamanho, puxou a peixeira e, sem dizer palavra, esfaqueou o companheiro depois, com a maior calma do mundo, retirou-lhe as alpargatas e saiu assobiando.
Os cabras da quadrilha gargalhavam como se aquilo fosse um deleite para as suas vistas. Um deles falou rindo:
- Eita jararaca mulestada! Um caba dêsse é qui nóis precisa!
Foi nestas circunstâncias brutais e desumanas que José Leite de Santana, de cabra, virou cobra no bando.
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