Por Doizinho Quental
(História contada por Edmar Alves de
Lucena)
Esta história nos foi relatada por Edmar Alves de Lucena, proprietário do Posto JK, em Brejo Santo CE.
Em
março de 1926. Lampião foi nomeado capitão do Batalhão Patriótico, em Juazeiro
do Norte CE. Esse título fajuto foi formalizado pelo agrônomo Pedro Albuquerque
Uchoa, funcionário público federal, que exercia o cargo de Inspetor Agrícola do
Ministério da Agricultura, a mando do Padre Cícero Romão Batista, na falta de
uma autoridade competente. Nesta oportunidade, além do referido título,
foram-lhe concedido dinheiro, bastantes armamentos modernos, como o mosquetão
1908, americano, e também fardamentos para ele e todo o seu bando.
Portanto, o
maior e mais temido cangaceiro do sertão ficou munido de todos os apetrechos
necessários para assaltar cidades, como já vinha fazendo há muito tempo. Neste
ínterim, Lampião resolveu tomar de assalto a pequena cidade de Misericórdia, na
Paraíba.
Apesar de muito bem armado, o cangaceiro era bastante prevenido. Para
isto, enviou um “pombeiro,” elemento de sua inteira confiança, para saber com
quantos policiais a cidade estava guarnecido. O investigador, disfarçado,
entrou em Misericórdia e indagou de um bodegueiro local:
- Moço, quantos
soldados estão patrulhando a cidade?
– Aqui só tem um cabo e Duzentos!
O
emissário saiu mais que depressa e contou a novidade a Lampião. Este, muito
admirado, disse:
- Vamo negrada, nóis só temo trinta cabra, num dá mode
infrentá um bataião desse!
E afundou danado dentro do garranchal.
A
verdade é que Duzentos era o apelido de um soldado, até por nós conhecido,
visto que o mesmo, tempos depois, comprou uma “marinete” carro com boleia, e
transportava passageiros para Juazeiro do Norte.
Esta história nos foi relatada por Edmar Alves de Lucena, proprietário do Posto JK, em Brejo Santo CE.
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