Por João de Sousa Lima
A região que
abrange o Raso da Catarina serviu por muito tempo de esconderijo para Lampião e
seus comandados.
As cidades e
povoados que cercam o Raso da Catarina foram bem explorados pelos cangaceiros.
Santo Antonio
da Glória, Brejo do Burgo, Salgado do Melão, São Francisco, Várzea da Ema,
Rodelas, Chorrochó, Macururé, Abaré, Uauá, Monte Santo, Canudos, Canché,
Jeremoabo, Santa Brígida e Paulo Afonso foram cenários dessa época. Em
Paulo Afonso, os povoados Juá, Salgadinho, Várzea, Serrote, Lagoa do Rancho,
Santo Antonio, Nambebé, Arrasta-pé e ainda Olhos Dágua do Souza (que pertence a
Glória) foram bem explorados pelos cangaceiros.
O povoado
Olhos Dágua do Souza foi fundado por Joaquim Pedro de Souza, que foi o primeiro
prefeito de Glória. No povoado residia o senhor Alexandre Boa que foi grande
amigo dos cangaceiros e principalmente de Lampião, Corisco e Ângelo Roque
(inclusive era primo de Labareda).
Dessa família, o senhor Venâncio Teixeira
Lima era quem confeccionava as coronhas dos mosquetões para os cangaceiros.
Venâncio era avô de Dionízio Pereira, que era pai do político Adauto Pereira.
Lampião
passava sempre por essa localidade para abastecer os bornais de alimentação e
colocar coronhas nos fuzis.
Na família de
Venâncio, os filhos Enéas, Alexandre e Militão era quem providenciava esse
apoio aos cangaceiros e em uma dessas ocasiões Lampião presenteou Militão
Teixeira Lima com um belíssimo punhal. Esse punhal foi repassado ao filho
Irineu Teixeira e desde o ano de 2000 que eu tentava a todo custo comprar esse
punhal. Quando foi agora em 2014, estive com Irineu e pra minha surpresa,
quando falei em comprar a peça, ele me presenteou o punhal.
A relíquia
será exposta em breve no Museu do Nordeste, em Paulo Afonso, Bahia.
Voltando a
época do cangaço, o Enéas foi preso como coiteiro pelo famoso Mané Neto ne foi
levado pra Santo Antônio da Glória e de lá para Salvador. No caminho, quando
chegaram em Nossa Senhora das Dores, enquanto a polícia foi jantar, um parente
de Enéas o reconheceu e o libertou das cordas e da viatura. Enéas ficou um
tempo escondido na cidade da casa de uns parentes por muito tempo. A esposa de
Enéas, a senhora Naninha, era prima legítima de Corisco.
O cangaceiro Corisco
As histórias
ainda são lembradas no Olhos D’água do Souza, lá ainda encontramos o senhor
Irineu. O punhal está bem guardado e é mais uma lembrança dos tempos em que
Lampião e seus comandados pisaram o chão e as veredas que cercam o Raso da
Catarina.
Enviado
pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima www.joaodesousalima.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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