Por Lau Siqueira
Manoel Severo
e Lau Siqueira no Cariri Cangaço Parahyba 2014: Sítio Jacu
As histórias
do Cangaço não são as mais elogiáveis. Mas, também não diferem de histórias
recentes. O que está posto é uma sofisticação midiática separando o passado do
futuro. Eram duros os tempos do Cangaço. Extorsão, violência, corrupção e
conluios políticos. Mas, por acaso hoje é diferente? Mudaram os métodos, mas as
práticas pouco foram alteradas. Há uma maquiagem modernizante
encobrindo as fissuras do tempo. O fato é que, inegavelmente, o mito do Cangaço
existe e bate com firmeza nas portas do futuro. São as memórias do medo e da
sedução pulsando na identidade Nordestina. Herança de um tempo onde a valentia,
o heroísmo popular e a indignação diante das injustiças era a moeda corrente. O
Cangaço cumpre um papel fundamental na compreensão da história do povo
nordestino. Apesar de tudo, as lutas sangrentas nas caatingas se mostram aos
olhos do mundo moderno esbanjando altivez.
A herança de
Lampião, Corisco e outros personagens é tão robusta que há um inegável receio -
principalmente em rodas oficiais - de mexer no vespeiro. Mas, talvez já seja
tarde demais. Pesquisadores do Nordeste inteiro e mesmo de outros rincões
brasileiros já acenderam o estopim. O Grupo de Estudos “Cariri Cangaço” é um
bom exemplo. Pelo segundo ano consecutivo realizou o Seminário Parahyba
Cangaço. No final de agosto, pesquisadores e simpatizantes da causa estiveram
reunidos em Sousa, Nazarezinho e Lastro para debater o tema. O evento foi mais
uma provocação à história oficial e uma lição de coragem e lucidez perpetrada
pelo Cariri Cangaço e pelos militantes do Grupo Paraibano de Estudos do
Cangaço. Acontecimentos que pulsam tão fortemente quanto estes até podem e
devem ser questionados. Mas, não podem nem devem ser relegados ao esquecimento.
Principalmente pelo que representam em termos de perspectiva para um
desenvolvimento sustentável no Sertão da Paraíba.
Um exemplo
muito claro da localização geográfica desta história é o Sitio Jacu, em
Nazarezinho. Entre todas as moradas do Cangaço na Paraíba esta parece a mais
estratégica. O lugar foi propriedade e morada do Coronel Chico Pereira e possui
uma história que revela as razões dos confrontos do Cangaço com o sistema
dominante na época. Todavia, enquanto se discute a viabilização do Memorial do
Cangaço, o tempo passa e a degradação aumenta. Aquelas paredes crivadas de bala,
sem dúvidas, atrairiam para o local uma legião apaixonada de turistas em
substituição aos morcegos e ao esquecimento. Aliás, essa é a história contada
pelos que sonham com um futuro de dignidade e respeito para o povo paraibano.
Com a viabilidade do semiárido sustentada nos pilares da história e da cultura,
o passado será a grande novidade.
Lau Siqueira
Presidente da
FUNESC , João Pessoa - PB
Fonte:http://www.lau-siqueira.blogspot.com.br
http://cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Estou muito distante das Terras onde viveu Chico Pereira, mas concordo plenamente que houvesse o tombamento e a preservação do Sítio Jacu, tanto para a memória da história como para o próprio turismo do município.
ResponderExcluirAbraços,
Antonio Oliveira - Serrinha-Bahia.