Por Raul Meneleu Mascarenhas
A partir do
ano de 1929, passou a acontecer uma das mudanças mais radicais no modo do
famoso cangaceiro portar-se perante seus inimigos, vindo a tornar-se muito mais
perigoso ainda. Mulheres passaram a integrar seu bando e ele passou a dividi-lo
em grupos e subgrupos. Que estratégia incrível para os padrões
‘cangaceirísticos’ daquela sua época. Ninguém ainda tinha feito isso. Eram uma
espécie de clãs familiares e autônomos sob a direção de homens de sua inteira
confiança. Era a Nova Ordem do Cangaço que se apresentava. Chamava menos
atenção e seus inimigos não tinham a menor ideia onde ele se encontrava, pois o
bando dividido, a população os via em muitos lugares e as autoridades ficavam
sem saber onde centrar fogo, com números maiores de contingente.
Essa
estratégia, ou por querer ou por necessidade e imposição do destino, fez que
Lampião, perseguido sem descanso pelas Forças Volantes de
Pernambuco, tivesse que fugir e refugiar-se na Bahia com
cinco companheiros que lhe restavam e maltrapilhos e famintos ali chegaram
para a recomposição mais espetacular de sua vida. Era o ‘Fênix’ que retornava
mais forte e das cinzas ressurgia sua têmpera de ‘cabra macho’ que não temia
ninguém.
Arte de Mário
Cravo Júnior
Lampião veio a
entender por conta da situação em que seus inimigos contavam com armas melhores
e poderosas, que deveria mudar de estratégia. Em sua mente de guerreiro
privilegiado e líder, compreendeu que já não tinha condições de dirigir um
número considerável de cangaceiros. Além disso o sertão ficava aos
poucos modernizado, com estradas, vias férreas e pipocava o progresso. Sua vida
e de seus cabras agora dependiam mais da ‘inteligence’ que de seus músculos,
coragem e pontaria pois deixava aos poucos de ser um território virgem e
impenetrável. O Governo estava agora em toda a parte com suas construções de
progresso e sua ‘gana’ de exterminar o banditismo naquela região.
Élise Grunspan
Jasmin em seu livro ‘Lampião, Senhor do Sertão’, veio a tecer um comentário de
pé de página onde o chama de ‘O Guerreiro Sedentário’ justamente por substituir
seus ataques violentos, embora vez em quando o fizesse, por essa nova ordem
familiar tornando-se menos nômades. Em suas notas, Élise Grunspan Jasmin
aponta para António Silvino que tentara “resistir a construção da estrada de
ferro pela companhia Great Western no sertão da Paraíba. Em 1906, ele perseguia
os engenheiros ingleses encarregados de executar os trabalhos, ameaçava os
operários, cortava os fios telegráficos, deteriorava as vias já instaladas e
extorquia os passageiros do trem. Constatando a ineficácia de sua empresa,
enviou uma carta aos diretores da Great Western por meio de Francisco de Sá, um
de seus empregados, dizendo que permitiria a construção da estrada de ferro
mediante uma indenização de 30 contos de réis. Ver, a esse respeito.
Virgulino
Lampião
Sempre que
tinha oportunidade. Lampião ameaçava ou assassinava os operários que
trabalhavam nos canteiros. Em 1929. fez interromper a construção de uma estrada
que devia ir de Juazeiro a Santana da Glória, CE, e que devia passar por seu
refúgio predileto, o Raso da Catarina. Em outubro desse mesmo ano, constatando
que sua ameaça não tinha sido levada em consideração, matou um dos operários.
Em 1930, perto de Patamuté. BA. atacou um grupo de operários e matou um deles.
Em 1932. no sitio Carro Quebrado, entre Chorrochó e Barro Vermelho, na Bahia.
Lampião executou nove operários.
No Estado de Sergipe. em fevereiro de 1934, atacou operários e paralisou a construção da estrada. As autoridades governamentais nunca levaram em conta as ameaças de Lampião, e a partir de 1930 intensificaram os projetos de abertura do sertão ao "progresso". No dia 9 de junho de 1935, por ocasião de uma reunião organizada em Águas Vermelhas, na fronteira de Pernambuco. Carlos de Lima Cavalcanti, governador desse Estado, e Osman Loureiro, governador de Alagoas propuseram um plano de construção de estradas e vias férreas nas zonas do sertão afetadas pelo cangaço.
Elas deviam cortar sistematicamente em diversos eixos as regiões mais freqüentadas por Lampião e facilitar o transporte das Forças Volantes por caminhão, enquanto os cangaceiros se deslocavam quase sempre a pé. Os canais e as vias fluviais também deveriam ser controlados, pois permitiam o envio de armas aos cangaceiros. Lampião sabia que as conquistas tecnológicas com as quais as Forças Volantes tinham sido municiadas e a penetração das vias de comunicação através do sertão poderiam anunciar seu fim próximo e pôr em perigo sua autoridade na região (Informações extraídas das obras de Frederico Pernambucano de Mello, op. rir., 1985, e Quengo: !Amplio?, 1993).
No Estado de Sergipe. em fevereiro de 1934, atacou operários e paralisou a construção da estrada. As autoridades governamentais nunca levaram em conta as ameaças de Lampião, e a partir de 1930 intensificaram os projetos de abertura do sertão ao "progresso". No dia 9 de junho de 1935, por ocasião de uma reunião organizada em Águas Vermelhas, na fronteira de Pernambuco. Carlos de Lima Cavalcanti, governador desse Estado, e Osman Loureiro, governador de Alagoas propuseram um plano de construção de estradas e vias férreas nas zonas do sertão afetadas pelo cangaço.
Elas deviam cortar sistematicamente em diversos eixos as regiões mais freqüentadas por Lampião e facilitar o transporte das Forças Volantes por caminhão, enquanto os cangaceiros se deslocavam quase sempre a pé. Os canais e as vias fluviais também deveriam ser controlados, pois permitiam o envio de armas aos cangaceiros. Lampião sabia que as conquistas tecnológicas com as quais as Forças Volantes tinham sido municiadas e a penetração das vias de comunicação através do sertão poderiam anunciar seu fim próximo e pôr em perigo sua autoridade na região (Informações extraídas das obras de Frederico Pernambucano de Mello, op. rir., 1985, e Quengo: !Amplio?, 1993).
Raul Meneleu
Mascarenhas
Blog Caiçara do Rio dos Ventos
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