Seguidores

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

LENDAS DO CANGAÇO LAMPIÔNICO - Lampião e a Língua de trapo

por Nertan Macedo

Amigos do Lampião Aceso:

O escritor cearense Nertan Macedo (Autor de 10 obras sobre o cangaço), em seu livro "Cinco Histórias Sangrentas De Lampião”, Editora Monterrey, pags. 105/107, sem data a edição, nos traz mais um fato interessante, sobre Rei do Cangaço:

“... Ia já avançando o verão inclemente de 1936, quando Lampião chegou com seu bando à cidade de Simão Dias. Aí travou um rápido combate com as tropas do Tenente Osório e foi obrigado a fugir pela estrada velha no rumo de Propriá. Alguma légua adiante parou, com seu bando, em uma tendinha que a preta Carmolina havia montado na beira do caminho para vender magros cafés com bolachas mofadas aos eventuais caminheiros daquela zona.

Lampião ficou decepcionado com a falta de sortimento da venda e resolveu dar à preta velha um auxílio, em dinheiro, para que melhorasse seu estoque:

- Tome quinhentos mil-réis... - disse o chefe do cangaço. - e compre muita carne de sol e farinha, que na próxima passagem por aqui, eu quero encher o bucho dos meus cabras. Couro de barriga de cabra meu tem que andar tinindo que nem corda de viola..."

E, abalou, em tropel ruidoso, com seus homens famintos, pois a Volante lhe vinha nos calcanhares, sem descanso. Algum tempo depois, o Tenente Osório, seguindo o rasto do bando, foi dar também à vendinha da preta Carmolina.

Tenente Zé Rufino

- Por onde seguiram os bandidos? - Perguntou ele à mulher.

A velha soltou todas as informações. Contou que Lampião pessoalmente lhe dera quinhentos mil-réis para comprar maiores sortimentos e, pelo visto, pretendia voltar ali, com seus cabras, para encher a pança, quando tivesse outra chance.

A volante do Tenente Osório continuou no encalço do bando e várias vezes lhe deu combate nos povoados seguintes. Muitos meses depois Lampião foi informado, pelos seus espias, de que a velha Carmolina dera com a língua nos dentes e traíra a confiança do chefe. Não soubera retribuir à generosidade do Rei do Cangaço.


- Essa velha língua de trapo não perde por esperar! - rosnou Lampião - Dei-lhe quinhentos mil-réis e ela me traiu. Pois vai ver, quando chegar o tempo!

Com efeito, quase dois anos depois Lampião voltou à tendinha para ajustar contas com a velha. Mas, que podia ele fazer de pior àquela pobre mulher indefesa?

- Piedade, Capitão! - Chorava ela, tremendo, nas mãos dos cabras do bando.

- Pode deixar que eu vou ter piedade, muita piedade! - Rosnou o bandido. E chamando um dos seus ajudantes: -Traga-me depressa um tamborete, um prego e um martelo.

A ordem foi cumprida. Lampião mandou segurar a velha, abrir-lhe a boca a força e puxar-lhe a língua para fora. Depois ele próprio, munido do martelo, pregou a língua da preta no tampo do tamborete.

A negra velha urrava de dor. Lampião falou de manso:

- Agora vá usar sua "língua de trapo" para mim delatar aos macacos (policiais), sua burra velha!

O cangaceiro Zé Baiano

Zé Bahiano, usando uma foice, cortou, de um só golpe, o pedaço da língua entre o prego e a boca. E guardou-a, como troféu, no seu embornal, já cheio de orelhas ressequidas de outras vítimas exemplares. A partir daí dona Carmolina deixou de ser informante dos macacos. O bando de Lampião lhe confiscara a língua para sempre.
  
NOTA: O presente texto foi postado para discussão e conhecimento dos leitores, com a finalidade de aprofundarmos o conhecimento sobre o fato, haja vista, que tal evento, só é citado pelo escritor Nertan Macedo (Foto). Embora haja em seu relato, determinação: Data, Local, Ano e Personagem. Acrescente seus comentários sobre o fato, sem fanatismo, ideologia etc..

Um Abraço.
Ivanildo/Natal/RN

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/11/lampiao-e-lingua-de-trapo.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


5 comentários:

  1. Leyvison Rodrigues14:18:00

    Ze baiano morreu em 1936 em Alagadiço, então das duas uma: Ou o primeiro encontro do bando com a preta velha não foi no ano de 1936 ou sendo em 1936, Ze Baiano não cortou sua lingua dois anos depois (1938).

    ResponderExcluir
  2. Grande Leyvison Rodrigues, você pode acreditar que eu não estou criticando do seu comentário, afinal eu nem tenho tanto conhecimento sobre cangaço, mas eu estou confuso sobre ele. Zé Baiano foi assassinado no dia 7 de Junho de 1936, realmente no Alagadiço, e não em 1938. Talvez você tenha toda razão, mas mesmo assim eu não entendi.
    Muito obrigado pela sua participação ao nosso blog. Mesmo eu não tendo entendido o que você relata. Fique tranquilo, os nossos trabalhos são mesmo para discutirmos, e não há de que nós ficarmos chateados um com o outro. Felicidade e paz. Participe sempre!

    ResponderExcluir
  3. Anônimo15:08:00

    Caro Mendes, como pude entender, o que Rodrigues quer dizer é o seguinte: Como Zé Baiano iria cortar a língua da referida senhora no ano de 1938, se em 1936, ele (o Baiano) já estava morto? Verifique bem que você vai entender o que ele relata.
    Atenciosamente,
    Antonio Oliveira - Serrinha

    ResponderExcluir
  4. Grande Leyvison Rodrigues, depois que o pesquisador lá de Serrinha, no Estado da Bahia me explicou o que você quis dizer, entendi. O fato aconteceu em 1936, pois nesse período o Zé Baiano ainda estava vivo, só morrendo no dia 7 de Junho do mesmo ano. Realmente, se Lampião só voltou dois anos depois, e pregou a língua da lenha no tamborete, quem cortou a ponta da língua da velha, não foi o Zé Baiano. Em 1938 o cangaceiro Zé Baiano já tinha sido assassinado. Agora entendi, Leyvison Rodrigues.

    José Mendes Pereira
    Mossoró - terra do sal e de Santa Luzia
    Rio Grande do Norte

    ResponderExcluir
  5. Anônimo16:10:00

    Pois é caro Pesquisador Mendes, certamente em seu primeiro momento da leitura, sua mente devia estar meio embaralhada devido a postagem em três ou quatro blogs. E somos humanos; falhamos para em seguida acertarmos. Eu, nas minhas pequenas coisas, erro que é uma beleza. Em seguida peço desculpas a mim mesmo por errar tanto, depois de SETENTA ANOS nas veredas estreitas da vida.
    Atenciosamente,
    Antonio Oliveira - Serrinha desta nossa Bahia.

    ResponderExcluir