Por José Mendes Pereira
http://lampiaoaceso.blogspot.com
Muita gente que estuda cangaço sabe tudo sobre o coronel Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins, principalmente pela sua coragem, pela determinação de enfrentar o mais perigoso bandido já conhecido no Nordeste Brasileiro, o pernambucano Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, que juntamente com os seus delinquentes cangaceiros, tentaram invadir a cidade de Mossoró no dia 13 de Junho de 1927, em uma tarde de chuva fina. Mas muitos ainda não sabem que o homem que fez com que Lampião e seu bando saíssem de Mossoró às carreiras, não era mossoroense, e sim, natural de Portalegre, cidade localizada no Estado do Rio Grande do Norte, no Pólo Serrano da Mesorregião do Oeste Potiguar, microrregião de Pau dos Ferros, e que no mapa, esta cidade aparece localizada na tromba do elefante.
Se na época desta tentativa desastrosa e mal sucedida invasão à cidade mossoroense, feita pelo então capitão Lampião, patente esta adquirida no ano de 1926, no Estado do Ceará, se no lugar do Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins, fosse outro administrador municipal, você poderia afirmar que Lampião teria pintado o (7) sete, desenhado o (8) oito, e ainda rabiscado o (9) nove em Mossoró, por falta de atitude do prefeito em exercício, ou as coisas tomariam outro rumo pior do que fez o Rodolfo Fernandes no que diz respeito à defesa da cidade?
Nessa
caixa d'água foram colocados homens 24 horas por dia à espera de
Lampião. Quando uma sentinela que estava no alta da caixa d'água avistou o
bando, começou a imitar um galo para alertar os demais defensores da cidade. Após
o ataque a sentinela que fazia a vigilância ficou conhecida em Mossoró como "José Galo". Livro "A MARCHA DE LAMPIÃO
- Assalto a Mossoró" do Raul Fernandes.
A decisão do coronel Rodolfo Fernandes enfrentar o bando de cangaceiros de Lampião, para não deixar que ele casasse e batizasse em nossa cidade, provou que o portalegrense era muito corajoso mesmo, vez que Lampião não dava tiros perdidos, isto é, no sentido de apenas intimidar.
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O ex-prefeito Rodolfo Fernandes merece ser homenageado em Mossoró, assim como também na cidade em que nasceu. Provou que é um portalegrense de assustadora coragem, vez que enfrentar mais de 50 cangaceiros, todos com armas de boa qualidade, apoderados de suas maldades, bem municiados, foi um verdadeiro herói que Mossoró já teve até hoje.
Pesquisador do cangaço Chagas Nascimento
E o mais
interessante, é que, segundo informação do pesquisador do cangaço Chagas Nascimento de Mossoró, que Lampião ordenou que o coronel Antonio Gurgel do Amaral (este era um dos reféns do bando), fizesse o primeiro bilhete para ser enviado ao prefeito, através de um mensageiro do bando de cangaceiros. O bilhete dizia o seguinte:
Agora o prefeito está sem saída. O capitão era poderoso, e se ele (prefeito) não se rendesse às suas exigências, a cidade iria ser invadida pelos comandados do facínora.
Assim que o mensageiro chegou ao coito improvisado dos cangaceiros, o capitão Lampião foi logo lhe perguntando:
- E o que o prefeito coronel Rodolfo Fernandes me mandou dizer, são notícias favoráveis, ou ele está pensando que quem está aqui não é o capitão Lampião?
- Capitão, se o senhor ver o tamanho do homem, o senhor vai querer ir logo embora daqui - dizia o mensageiro. Para mim olhar para cara do homem parecia que eu estava olhando para o céu. O bicho (coronel Rodolfo Fernandes) é um verdadeiro animal de grande..., pra mais de dois metros e vinte de altura, ou bicho grande, capitão!
- E você, seu cabra da peste, acha que eu, capitão Virgolino Ferreira da Silva, conhecido mundialmente por Lampião, que sou o homem mais valente que este Brasil já teve, lá de Vila Bela, Pernambuco, vou ter medo de um vara-pau destas terras? Esta Mossoró que se cuide, pois comigo a volta é por dentro!
- Capitão! Não é bem assim, capitão! Não se glorie! O povo desta cidade não está morto não senhor! E o que eu vi lá, o que é de ruas estão todas tomadas com trincheiras armadas. Os fardos de algodão não tem bala que perfure. Pelo o que eu vi, são prensados e bem prensados.
"...posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados à farta..."
Coronel Antonio Gurgel do Amaral
Agora o prefeito está sem saída. O capitão era poderoso, e se ele (prefeito) não se rendesse às suas exigências, a cidade iria ser invadida pelos comandados do facínora.
Assim que o mensageiro chegou ao coito improvisado dos cangaceiros, o capitão Lampião foi logo lhe perguntando:
- E o que o prefeito coronel Rodolfo Fernandes me mandou dizer, são notícias favoráveis, ou ele está pensando que quem está aqui não é o capitão Lampião?
- Capitão, se o senhor ver o tamanho do homem, o senhor vai querer ir logo embora daqui - dizia o mensageiro. Para mim olhar para cara do homem parecia que eu estava olhando para o céu. O bicho (coronel Rodolfo Fernandes) é um verdadeiro animal de grande..., pra mais de dois metros e vinte de altura, ou bicho grande, capitão!
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- E você, seu cabra da peste, acha que eu, capitão Virgolino Ferreira da Silva, conhecido mundialmente por Lampião, que sou o homem mais valente que este Brasil já teve, lá de Vila Bela, Pernambuco, vou ter medo de um vara-pau destas terras? Esta Mossoró que se cuide, pois comigo a volta é por dentro!
- Capitão! Não é bem assim, capitão! Não se glorie! O povo desta cidade não está morto não senhor! E o que eu vi lá, o que é de ruas estão todas tomadas com trincheiras armadas. Os fardos de algodão não tem bala que perfure. Pelo o que eu vi, são prensados e bem prensados.
http://www.prefeiturademossoro.com.br/mossoro/historia/
Mas na verdade, o capitão Lampião só dispunha de 53 cangaceiros em seu bando, incluindo ele, e havia aumentado o número de homens no bando, justamente para tirar a coragem do prefeito e seus resistentes, já que todos não tinham práticas no uso de fuzis, mosquetão... Mas o nosso prefeito não se intimidou aos arrufos de Lampião, ao contrário, criou bem mais coragem e foi a luta contra o grupo de cangaceiros, que bem próximo de Mossoró, já estava prontinho para dá início à invasão à cidade do sal e dona de um comércio muito movimentado.
O coronel Rodolfo Fernandes não temia, porque não tinha sido feito nas coxas, e logo bateu o martelo. Não iria entregar a sua madrasta a bandido nenhum, que viesse, ele estava pronto para defendê-la. Se era para medir forças, ou até mesmo disputando quem era mais forte, ele, prefeito, era mais, pois tinha patente de coronel, e o Lampião, apesar de uma linda patente, tinha menos poderes do que ele. "- Você é capitão, mas eu sou coronel".
https://www.youtube.com/watch?v=bO-5Mn_ccAU - Acervo Laser Vídeo - Aderbal Nogueira
Tinha abraçado aquela função de prefeito, justamente para defender a sua madrasta de quem quisesse a maltratá-la, e Lampião não pensasse que iria levar o que era dela sem nenhum esforço. Para isto, era preciso suar muito, ou então rebolar com os seus comandados.
Mas o capitão Lampião estava certo que iria casar e batizar na terra de Santa Luzia, mesmo sabendo que a cidade era vigiada sobre o seu olhar. E ainda imaginava dizer aos cangaceiros:
"- Eu pensei que Mossoró era uma cidade bem maior, mas é uma ruelinha pequeninha, meninos! Assim que nós abrirmos fogo contra esta gente, vai ser um chororó danado de gente pedindo que a gente pare de atirar". Eu conheço como este pessoal do olho do elefante é frouxo!"
https://www.youtube.com/watch?v=Yz5lGRy2K-U
Mas ele não tinha andado dentro da cidade para ver o seu tamanho. Se tivesse tido tempo de andar, nem tinha colocado balas em sua arma, e nem nas dos outros cangaceiros, porque Mossoró já não mais era uma cidadezinha como ele a tinha na mente.
Finalmente Lampião vem chegando, devagar, com calma, com cuidado, porque os homens da cidade estavam armados até os dentes, e por todos os lugares, haviam trincheiras protetoras, formadas por fardos de algodão prensados.
A cidade estava em desespero. Quase toda população estava em outras partes, distantes da cidade. O que seria de muitos resistentes se caso os bandidos conseguissem vencê-los e os capturassem? O bando não iria ter piedade de nenhum, com certeza passariam pelas mãos vingativas do supremo maior que era Lampião.
E a malta vem chegando, fechando o cerco, passo a passo, quer que o prefeito resolva logo aceitar as suas solicitações, do contrário mortes e destruições serão feitas na cidade. Muitas trincheiras estão por toda parte.
Rodolfo não desiste, já que eles tentam invadir a cidade, a solução é segurar o barco e não se considerar vencido. "- Se formos perder a batalha para esta malta, "barco perdido, tem que ser bem carregado". Mas dizia o prefeito se sentindo futuro vencedor daquele combate. E tome "Mulher rendeira".
Finalmente iniciam o que tanto Lampião esperava. O derrame de balas nas ruas é assustador, aparentando um filme de bang-bang, feito pelo Giuliano Gemma, e irá deixar as ruas escorrendo rios de sangue.
Em um determinado momento, Lampião sente que os resistentes parece que iriam ganhar a guerra. Um dos seus homens já se encontrava no chão, sem vida, o Colchete.
Soldado
João Batista, Cangaceiro Jararaca e o Soldado João Arcanjo
Um chefe de um grupo, pelo menos naquele combate, está ferido, e vai se escorregando para sair do meio do fogo. É o Jararaca que foi alvejado, e pela lateral da igreja São Vicente, vai fugindo, todo arrebentado.
Esta é a Igreja de São Vicente de Paula em Mossoró, e a sua Torre serviu como trincheira para os resistente defenderem à cidade de Mossoró dos absurdos de Lampião em 13 de Junho de 1927 - pt.wikipedia.org
O tiroteio continua, mas Lampião ver que a coisa não é de brincadeira, e dá o seu grito, comunicando aos seus homens, que não vale a pena continuar, os homens de Mossoró são piores do que eles mesmos. Também a cidade tem como padroeira a Santa Luzia. E aos poucos, saem dos locais de ataques, e tomam rumo ao coito improvisado, tomando direção ao Ceará.
Igreja de Santa Luzia em Mossoró - www.kareninefernandes.com
Desta vez, a cidade de Mossoró foi vitoriosa. Ninguém sabe se de outro ataque como este, ela ainda será vitoriosa.
Após o combate, Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins reúne seus homens e diz: "Invadir a casa da minha enteada e sair vitorioso, só se for de outra vez. "Te amo Mossoró, minha querida madrasta!"
Nota: O que escrevi faz parte da minha imaginação e não tem valor oficial para a literatura lampiônica, e é apenas no intuito de propagar as fotos do cangaço.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Meu caro Pesquisador Mendes: Embora a história da invasão do Rei do cangaço à Mossoró seja bem conhecida por escritores, historiadores e pesquisadores, você com certeza é um dos que mais conhecem a Saga da História da sua Terra e, pode muito bem realizar uma narrativa como esta. E, devo dizer que o Prefeito Rodolfo Fernandes foi um homem de extrema coragem e de necessária iniciativa num momento tão difícil. Parabéns ao saudoso Rodolfo Fernandes e a você pela lembrança dos acontecimentos em Mossoró.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha.
Antonio Oliveira - Serrinha.
Grande Antonio de Oliveira, eu não sei se devo dizer que Mossoró foi corajosa ou se digo com Portalegre, berço do coronel Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins. Quem sabe, se não tivesse ele para organizar a defesa, talvez Lampião teria batido o martelo: "Esta cidade é minha!" Digo isso porque o povo de Mossoró é muito calmo,
ResponderExcluirContudo companheiro Mendes, o Coronel Rodolfo Fernandes conseguiu arregimentar o pessoal da própria MOssoró, provando assim que, além da iniciativa dele, os moradores de Mossoró foram de enorme coragem, mesmo sabendo que esperavam (na estratégia de Lampião), 150 cangaceiros. Será que eu e você se vivêssemos naquela ocasião, enfrentaríamos, ainda que no sonho?
ResponderExcluirDEUS ME LIVRE!
Antonio Oliveira - Serrinha
Grande Antonio de Oliveira, eu também, Deus me livre! Fez muito bem eu não tinha vindo ainda ao mundo, tenho certeza que eu ainda continuava correndo.
ResponderExcluirEu falei que o cangaceiro disse a Lampião que o homem (Rodolfo) era um verdadeiro animal, mas sei que você sabe que isto não aconteceu, mas procurei muito uma foto que vi na Internet do coronel Rodolfo, mas não a encontrei, Tem lá no Memorial, Antonio, pela foto, que um dia ainda ei de encontrá-la e lhe envio, o Rodolfo era grande mesmo, assim se ver na foto.
Eu sei que você sabe, esse diálogo que tem do mensageiro e Virgulino no meu simples texto é apenas minha imaginações, e lá em baixo eu coloquei: Nota: O que escrevi faz parte da minha imaginação e não tem valor oficial para a literatura lampiônica, e é apenas no intuito de propagar as fotos do cangaço. Claro que tem muitas informações corretas, mas eu enfeito sempre o meu texto para que não fique tão limitado. Mas coloco a observação que não tem nenhum valor para a literatura lampiônica. Outra. Está em Serrinha ou na outra residência?
Felicidade e paz.
Hoje companheiro estou aqui na origem (Bela Vista). E, ainda bem que lá na casinha de Serrinha já coloquei também a Internet. Só que aqui eu me arrumo melhor, vez que há um HD externo para guardar tudo que me interessa. Depois levarei outro daqui pra lá, se Deus for me concedendo mais alguns dias.
ResponderExcluirOntem por exemplo, estava em Feira Santana fazendo um DUPLEX SCAN das carótidas, pois tenho uma pequena placa na carótida direita e tenho que estar controlando através de exame, dieta e medicamento tipo AS e SINVASTATINA .
Quanto ao texto, já conheço seu estilo de escrita e sei logo o que é real e o que completa com ficção.
Abraços,
Antonio Oliveira
Caro Professor José Mendes, aqui é o Cabo Francisco Carlos.Amigo eu queria saber se você como um filho de Mossoró, não teve nenhum membro da sua família ou parente que participou deste heroico confronto vencido pelos intrépidos cidadãos moradores desta cidade contra o invencível bando de cangaceiros liderados pelo facínora Virgulino Ferreira o temido Lampião. Eu queria elaborar um texto sobre a supracitada refrega e assim dar um destaque a o herói, ou melhor a um dos heróis. E aproveitando a oportunidade, quero te comunicar que até domingo próximo estarei lhe enviando uma linda historia de um dos mais valentes cabras de Lampião, o cangaceiro Juriti do Salgado do Melão. É uma historia que vai agradar a muitos leitores o título é "Juriti e as chamas da morte". Um possível motivo para justificar um assassinato assim tão violento. E quanto ao texto acima, eu só tenho é que agradecer e pedir a nosso bom Deus que lhe dê muita saúde e grande disposição para que você Professor Mendes, continue sempre elaborando e mostrando estes seus trabalhos maravilhosos que além de levar o conhecimento a todos os leitores dos estados da união, ainda enaltece por demais a nossa história. Parabéns por mais este trabalho amigo e aguarde a minha história. Cabo Francisco Carlos PMPR - RR "Saudações Militares"
ResponderExcluirGrande cabo francisco Carlos:
ResponderExcluirDa minha família ninguém participou desse acontecido, porque quase todos moravam pertinho da cidade (residiam no campo), e a posição em que ele residiam fica contrária se Lampião tivesse corrido pra lá, porque iria marchar em direção que não lhe seria favorável. Como o Massilon conhecia muito bem Mossoró esta terras dos dois Estados vizinhos, soube direcionar os seus companheiros para o Ceará, talvez na intenção de sair lá no coronel Isaías Arruda.
Fico aguardando o seu trabalho, e que sempre que o blog publica um trabalho seu, há boas visualizações, porque nós que administramos blogs, acompanhamos o acesso, e que nos é mostrado tudo. Por exemplo: Agora - diz quantas pessoas acessaram. Dia - também - Semana - também Mês e o total geral. A gente participa de tudo do blog. Aguardo e felicidade para o senhor e seus familiares.