Por Geraldo Maia do Nascimento
Como
pesquisador da História de Mossoró tenho ouvido muitos depoimentos de pessoas
mais velhas que viveram Mossoró de outros tempos; tenho lido também memórias de
pessoas que deixaram suas lembranças grafadas para as gerações futuras, através
de livros, jornais e revistas. Em não sendo mossoroense de nascença e não tendo
vivido aqui minha infância e adolescência, é através desses fragmentos que vou
adquirindo os conhecimentos sobre Mossoró do passado. E assim, de pedaço em
pedaço, vou contando a história do povo de Mossoró.
Através
desses depoimentos ficamos sabendo que por volta de 1925 chegou a Mossoró um
libanês chamado Elias Salem, vindo do Ceará, que se estabeleceu inicialmente na
esquina da rua Cel. Vicente Saboia com a Praça Vigário Antônio Joaquim.
Posteriormente seu Elias mudou-se para a outra esquina com a Rodolfo Fernandes,
onde depois se estabeleceu Porcino Costa Filho.
Trouxe
seu Elias, do Ceará, cinco filhos: 1) Maria, que casou com o Dr. Francisco
Duarte Filho, médico e um dos fundadores do Hospital de Caridade de Mossoró;
2º) Emílio, 3º) Amélia, que casou com Aldemir Pessoa Fernandes, sócio de
Alfredo Fernandes & Cia.; 4º) Nazira e 5º) Antonieta. Em Mossoró nasceram
mais dois: 6º) Ana, que casou com o radialista José Genildo de Miranda e 7º)
Antônio Salem Dieb. Muitos descendentes de seu Elias Salem ainda vivem em
Mossoró, outros partiram para outras terras, tendo Mossoró como o berço da
família.
Outras
lembranças de velhas figuras são as retretas românticas que existiam, às
quintas-feiras, na Praça Vigário Antônio Joaquim. Rapazes e moças, alguns
sentados nos bancos, outros passeando em círculo, elas num sentido e eles no
sentido contrário para os encontros dos sorrisos e flertes. Mas isso se dava
até às nove horas, quando ao som da “Valsa dos Patinadores”, da Amplificadora
Mossoroense encerrando suas atividades da noite, as senhoritas se retiravam,
retornando as suas casas, acompanhadas ou não por seus namorados, enquanto os
homens permaneciam na praça, em rodas, até de madrugada.
Nessa
época existia uma figura bastante popular entre os frequentadores da praça. Era
Raimundo Loia, sempre bem arrumado, de terno de caruá, cabelos fartos, negros,
ondulados com brilhantina Glostora. Era, como se chamava na época, afeminado,
mas esbanjava alegria contando, em trejeitos, fofocas e piadas que divertiam a
rapaziada.
Por
volta de 1930 chegaram a Mossoró alguns homens, que praticamente tomaram a
cidade. Traziam um lenço vermelho em torno do pescoço e uma espécie de
rebenque. Perambulavam pelas ruas, as vezes eram vistos na bodega de João
Caetano ou pelas esquinas. Alguns diziam que eram gaúchos; outros que eram
paraibanos. Do mesmo jeito que chegaram, desapareceram.
Por
volta de 1936/37 esteve pela primeira vez em Mossoró a atriz Marquise Branca,
que exibia uma espécie de teatro de revista, com cantos, danças e rebolados em
trajes avançados para a época, proibido para menores em espetáculos noturnos.
Apresentou-se no Teatro Almeida Castro, em companhia de seu irmão Alberto
Brasileiro, cantor e galã, além de outros. Para os menores haviam as vesperais
nas tardes de domingo, em que a exibição era bem mais moderada, mas que fazia a
alegria da garotada.
Alguns
remédios, quando necessário, era comprado nas Farmácias Rosado ou Almeida, esta
do Dr. Vicente de Almeida. Na Farmácia Rosado estava sempre presente o Dr.
Laire, mas atendendo no balcão estavam seu Chicó e dona Véscia. Dois dos
medicamentos mais usados na época eram o “Antinevrálgico Rosado” e o “Mel
Rosado”, antigas fórmulas do Farmacêutico Jerônimo Rosado.
Toda
essa reminiscência foi extraída do livro “Minhas Lembranças de Mossoró”, de
Francisco Oberi Rodrigues (Fundação Vingt-un Rosado – Coleção Mossoroense –
Série “C” - Volume 1006 – abril de 1998).
Para
saber mais sobre a História de Mossoró visite o .blog: www.blogdogemaia.com.
Geraldo Maia do Nascimento
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