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domingo, 12 de julho de 2015

MINHA SOGRA SILA

Por Susi Ribeiro Campos

Boa Noite amigo José Mendes Pereira, como lhe prometi, venho continuar o meu relato sobre minha convivência com minha sogra Sila.

Susi Ribeiro e o coronel do exército Conrado Lima

Em 13 de novembro de 1995 meu pai, que já morava em Rio Claro, sofreu um derrame Cerebral e minha mãe em desespero nos telefonou avisando.

Wilson e eu corremos para casa de meu pai, que já se encontrava internado e após 12 dias de internação veio a falecer no dia 25 de novembro de 1995.

Susi e esposo Wilson Ribeiro filho dos cangaceiros Sila e Zé Sereno

Meu casamento com Wilson já estava marcado e resolvemos nos casar mesmo eu ainda estando de luto por meu pai, pois era um grande desejo dele que nos casássemos e nosso também!

O casamento foi então uma cerimônia simples, apenas os noivos, minha mãe que já demonstrava sinais de Mal de Alzeimer, nossos padrinhos e alguns amigos.

Sila estava no Nordeste e a família de Gilaene não compareceu.

Prosseguimos nossa vida, Sila estava trabalhando em suas reportagens, minha mãe ficou completamente sozinha e doente em uma casa enorme... tive que deixar Wilson em São Paulo, trabalhando para cuidar de minha mãe em Rio Claro.

Logo no início de 1996 Wilson sofreu seu primeiro derrame cerebral, estava sozinho em casa, pois eu estava cuidando de minha mãe em Rio Claro.

Foi socorrido às pressas pelos vizinhos que o viram cair e rastejar até a escada da frente da casa, pedindo ajuda!

Foi por eles encaminhado imediatamente ao Hospital da USP e logo me ligaram avisando.

Não tive tempo para pensar, peguei minha mãe doente e fui com ela para São Paulo.

Graças a Deus Wilson não apresentava maiores sequelas, apenas um problema na mão direita.

Avisei uma amiga em Rio Claro para cuidar dos meus animais e fiquei na casa de Sila cuidando dos dois, de minha mãe, que já se encontrava bem desorientada e de Wilson acamado.

Susi Ribeiro Campos e sua mãe Lea Ambrogini de Lima

Algum tempo depois Sila foi avisada e retornou do Nordeste.

Voltei para Rio Claro com minha mãe e Sila ficou cuidando do Wilson que já estava quase bom e Graças a Deus, como um dia eu havia previsto, havia parado completamente de beber qualquer tipo de bebida alcoólica e cigarro.

Minha mãe queria permanecer em sua casa, então Wilson começou a pedir transferência para Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ em Piracicaba-SP, cidade próxima a Rio Claro para que pudéssemos cuidar de minha mãe.

Afinal, Sila tinha Gilaene e três netos adultos!

Gilaene (Gila) filha de Zé Sereno e Sila

Nos mudamos e cuidei de minha mãe por cinco anos, até seu falecimento por falência dos órgãos!

Permanecemos em rio Claro, pois agora Wilson trabalhava em Piracicaba e sonhava com a aposentadoria.

Sila foi muitas vezes nos visitar, levava suas novas histórias, seus trabalhos.

Wilson sofria muito com reumatismo (gota) herança do álcool e por várias vezes cuidei dele em casa.

Lembro-me de uma vez em que ele piorou muito, o reumatismo agravou-se para febre reumatoide e ele não conseguia andar.

Sila ex-cangaceira

Através da ESALQ ele foi internado em Piracicaba, Sila veio de São Paulo, mas ele não tinha alta nunca, sua internação já contava 17 dias!

Wilson pedia que a enfermagem nos telefonasse, estava desesperado para sair, o médico não lhe dava alta, acredito que devido á persistência da febre!

Nós duas, desesperadas em casa, comecei a ficar indignada com aquela situação, liguei para o Hospital, mandei chamar o médico, que negou a alta.

Eu sabia que correria riscos pela saúde dele, mas ele implorava para ficar em repouso em casa e uma febre, Deus me ajudaria a controlar!

Então respondi ao médico, do qual, não me recordo o nome:

- O Senhor pode dar alta a meu esposo, pois daqui há no máximo quarenta minutos estarei aí para buscá-lo"(tempo de viagem entre Rio Claro/Piracicaba).

O médico se ofendeu e em tom áspero do outro lado da linha gritou: 

- A Senhora sabe com quem está falando? rsrsrsrsrs.

Ao que lhe respondi enfaticamente: 

- Não me interessa, você pode ser o Papa, vou aí buscar meu marido e não saio daí sem ele de jeito nenhum.

Sila me olhou assustada: 

- Parece Lampião rsrsrsrs, com certeza de onde ele estivesse deveria estar nos protegendo e orientando sim!

Chovia muito, entramos no carro e eu disse a ela: 

- Confie Madrinha, vamos buscar nosso Wilson.

Ela sorriu, e assim como eu, confiante no Bom Deus e seus anjos! E o trouxemos de volta para casa, Graças a Deus!!

Logo que Wilson se recuperou, Sila aproveitando sua estadia em Rio Claro, realizou um Lançamento e Exposição de seu Livro: Sila, memórias de Guerra e Paz, era o ano de 2001 e foi a última vez que a vi com saúde!

Logo Sila voltou a seus trabalhos no Nordeste e Wilson e eu passamos por uma fase muito difícil de nossas vidas (quando nos afastamos por completo de Gilaene) as tentativas de engravidar através de fertilização in vitro em Sorocaba-SP, a tristeza devido aos resultados dos exames de infertilidade dos dois, os três abortos e o falecimento de nosso único filho ao nascer, natimorto!

Após esse período, doei todo meu enxoval para as crianças carentes e começamos a fazer planos e entrevistas para adotar uma menina.

Mas infelizmente não houve tempo, em 12/02/2003 Wilson faleceu de ataque cardíaco e derrame cerebral, Gila foi chamada pelos estranhos que roubaram minha casa, veio ao enterro, recolheu tudo que pertencia ao Cangaço e estava com Wilson e foi embora, sem ao menos uma palavra... Sila apareceu no enterro em cadeira de rodas... essa imagem me marcou muito, ela era tão forte!

Dois anos mais tarde, em janeiro de 2005, lutando sozinha para reconstruir minha vida, fiquei sabendo através dos antigos vizinhos de São Paulo, que Gila havia vendido a casa de Sila, que na verdade lhe pertencia e Sila estava internada em um Asilo em Guarulhos!

Consegui o telefone e liguei.

Do outro lado a enfermeira atendeu: 

- Você que é a Susi?

Respondi: 

Sim, sou eu, porque? 

- Olha, dona Sila já está muito debilitada, mas é consciente e chama muito por você! Diz que você é a pessoa que virá tirá-la daqui!

Quem me dera! Pensei comigo, mesmo que eu quisesse... eu ainda não estava restabelecida e sofria muito, morava no meio de ruínas nessa época! Uma chácara em construção no meio do mato).

Pedi para falar com ela, ela chorou ao telefone, e eu também!

Prometi: 

- Madrinha, quando minha situação melhorar você vem morar comigo está?

Sila, mais conhecida como Ilda Ribeiro de Souza faleceu no dia 15 de fevereiro de 2005 em São Paulo e foi enterrada ao lado de seu esposo e também ex-cangaceiro Zé Sereno, José Ribeiro Filho!

Zé Sereno quando era cangaceiro

Encontrou sua tão querida Paz!

Descanse em paz Sila, um dia iremos todos nos reencontrarmos! Muito obrigada porque tudo, mas Tudo Mesmo, Valeu a Pena, a seu lado e de "Nosso Wilson"

Com carinho da nora
Susi Ribeiro Campos.

Enviado pela nora do casal de cangaceiros Zé Sereno e Sila Susi Ribeiro Campos.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

2 comentários:

  1. Anônimo08:17:00

    Caro Pesquisador Mendes, Susi (nora de Sila, que tive o prazer de conhecê-la em 1982) tem uma história de muita luta, resignação e coragem de enfrentamento. Além de tudo, é uma pessoa que não esconde nada do seu passado. Gosto de gente assim.
    Grato a ela por relatar a história de sua família.
    Antonio Oliveira - Serrinha

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  2. Anônimo08:31:00

    Mendes amigo, só uma pequena correção, logo que em questão de datas, todos nós cometemos falhas. Acredito que o falecimento do pai de Susi deve ter ocorrido em 25 de novembro de 1995, e não em 2015. SALVO MELHOR JUÍZO.
    Grato,
    Antonio Oliveira - Serrinha - Bahia. E-mail: antonioj.oliveira@yahoo.com.br

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