Isto até a
idade de vinte e sete anos, quando se tornou conhecido como Jesuíno
Brilhante.
Estas
informações vamos encontrá-las num trabalho do escritor Raimundo Nonato. Seu
livro “Jesuíno Brilhante, o cangaceiro romântico”, é mais um elo na corrente da
história do cangaço.
O casal tinha
quatro filhas e um filho, o caçula.
No ano de
1871, o destino resolveu terminar com a vida pacífica do jovem pai de
família.
O furto de um
caprino, propriedade da gente de Jesuíno, por um membro da família dos Limões, pretos
valentes e famosos por seus atrevimentos, deu inicio a uma sequência de lutas e
mortes.
Um irmão de
Jesuíno foi agredido, dentro da vila de Patu, uns dias depois do furto por
Honorato Limão, que ficou vangloriando-se do sucedido dentro da humildade em
que ocorrera o episódio.
Alguém avisou
Jesuíno do que acontecia; estava em uma casa bastante próxima.
Honorato
falava alto para que todos ouvissem e Jesuíno escutava calado.
Sua mulher em
dado momento, chamou-lhe a atenção com as seguintes palavras: (segundo Raimundo
Nonato): “Quem ouve tanto desaforo deve ter perdido a vergonha”.
Essas
palavras, ditas a queima-roupa, pela mulher, mexeram com seu brio de
sertanejo.
Armou-se.
Entrou na
venda e matou o preto Limão a punhal.
Estava
iniciada a guerra entre os dois clãs.
Sua vida foi
cheia de lances marcantes.
Ordenou vários
casamentos, como quando o noivo depois de seduzir a jovem negava-se a reparar o
mal, ele intervinha a favor da desprotegida.
Contam ainda
quem que, certa vez uma pobre mulher disse-lhe que um valentão da região,
sabendo que o marido da mesma estava ausente dissera que viria dormir com ela
nessa noite.
Jesuíno teria
ficado dentro da casa, no quatro e este, ao ser invadido pelo malfeitor, foi
palco da luta, pois o cangaceiro armado de punhal já aguardava o atrevido que
foi crivado de pontaços.
Salvou a honra
da honesta sertaneja.
Não teve
dúvida em matar um de seus melhores homens quando este movido pela força
irrefreável do sexo tentou abusar de uma donzela colocada sobre a proteção do
cangaceiro zeloso das questões morais.
Em ocasiões em
que a polícia ou outros inimigos o atacavam, procurava refúgio na Casa de
Pedra, esconderijo da serra do Cajueiro, onde em tempos anteriores seu tio José
Brilhante buscava também abrigo e enfrentava as volantes.
O sobrinho seguiu
lhe os passos.
Sua família, a
esposa Maia e os filhos acompanhavam-no, bem como seus comandados em números
que não ultrapassava a uma dúzia, e escondiam-se ali na Casa de Pedra.
Esse grupo
atuava no Rio Grande do Norte e Parayba, lutava cantando como o fizera durante
o combate na cidade de Imperatriz (atualmente denominada Martins) a mora da
Corujinha.
“Corujinha que
anda na rua
Não anda de dia
Só anda de
noite
Às Ave
Maria...”
Ou esta outra
estrofe que cantavam enquanto carregavam e disparavam os terríveis e mortíferos
bacamartes:
“Corujinha que
vida é a tua?
Bebendo
cachaça, caindo na rua
Isto é bom,
corujinha!
Isto é
bom!”...
Interessante,
e aqui vamos fazer um reparo para marcamos bem o fato. quase todo cangaceiro
tinha como um ponto de honra máxima, na vida guerreira, não ser preso
jamais.
Morrer, ficar
aos pedaços, tudo isso era uma possibilidade bastante presente para quem
escolhia o cangaço.
Segundo Câmara
Cascudo, seu pai ao perseguir o cangaceiro Rio Preto ouvia-o cantar
assim:
“Rio Preto foi
quem disse
E como disse
não nega;
Leva bala e
leva chumbo,
Morre solto e
não se entrega...”
Já do famoso
Antônio Silvino, os cantadores afirmam que seria esta a opinião. Exaltando a
morte do pai teria se externado desta forma:
“Foi morto a
tiros lutando
Na rua dum
povoado
Vimos ele cair
morto
No mais
doloroso estado
Porém, tivemos
a glória
De o não ver
desfeitado”.
Não ser preso
era o que importava. A morte, para quem se defendia das grades da prisão, era
uma medalha honrosa, motivo de orgulho para os descendentes.
Curiosamente
esse cangaceiro foi obrigado, em virtude de grave ferimento, a entregar-se
“Num recado
que mandei
Aonde a
polícia estava
Eu pedia
garantia
Dizendo que me
entregava,
Mesmo porque -
estava certo
Daquela não
escapava”.
Mas voltemos a
Jesuíno Brilhante, este sim, seguiu a conduta tradicional dos antigos
cangaceiros – tombou no campo da luta.
Sua esposa,
Maia, findou casando-se com um dos cabras do falecido.
Fonte: Lampião:
As mulheres e o cangaço - Antonio Amaury Corrêa de Araújo.
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