Por: Raul Meneleu
Nesse encontro do Cariri Cangaço na linda e aprazível cidade de Piranhas
em Alagoas, onde o valente rio São Francisco passeia languidamente em sua
porta, acariciando-a como um esposo amoroso faz com sua querida consorte,
alguns desses valentes do tema, desencantaram para que eu os
visse. Estavam por enquanto, aguardando o dia em que se apresentariam ao
meu lado, surgindo em um turbilhão de assuntos, ideias, teses e causos vividos
pelo passado de uma história marcante no povo brasileiro e principalmente
nordestino. Foram surgindo, desencantando-se, apresentando-se, saindo das
páginas de estudos do universo virtual da internet, dos e-mails e dos
telefonemas, onde trocamos ideias do assunto que nos amalgama, o Cangaço.
Não fazemos
apologia aos crimes desses bandidos combatidos pelas Volantes sertanejas, e
sim, compreendermos uma fase da história nordestina em que alguns foram heróis
e outros bandidos. Compreendermos e resgatarmos estórias passadas com esses
homens de fibra e valentes de ambos os lados.
Raul Meneleu e
Lamartine Lima na Fazenda Patos
No último dia
27 de julho de 2015, todos esses amigos desencantados, surgiram e se
materializaram nessa cidade alagoana desde o dia 25 de julho. No momento nos
encontramos na Fazenda Patos, para sermos lembrados de uma triste estória do
passado que se tornou um dos maiores, senão o maior crime cometido pelo valente
e ao mesmo tempo covarde cangaceiro Corisco, sobre uma família pacífica do
sertão das Alagoas.
A estória
nos foi narrada por um dos que viveram à época em que os fatos ainda estavam
latentes, o Senhor Celso Rodrigues. Quando menino ouvindo os adultos
conversarem no balcão da bodega de seu pai, estabelecida em Piranhas naqueles
anos pós morte de Lampião. Esse garoto, homem idoso hoje, com palavras
cadenciadas e veementes, nos fez passar por um portal do tempo, em frente à
casa quase destruída pelo abandono dos anos, e passou a contar-nos o triste
assassinato de seis membros da família que ali em felicidade viviam.
Celso
Rodrigues ao lado de Antonio Amaury e João de Sousa Lima na Fazenda Patos
Todos nós em
silêncio gritante ouvíamos aquela narrativa que estarei postando breve em link
(já postado neste mesmo blog) nesse artiguete despretensioso mas
marcante e que me fez acordar às quatro horas da manhã de hoje, dia 28 de
julho, para que no silêncio dos humanos moradores de Piranhas, pudesse
eu, escrever pelo canto dos pássaros e pelo encaminhar silencioso do Velho
Chico, essas palavras vindas do fundo de minha alma idosa e não acostumada
nunca, com as violências de alguns seres que têm mais marcante em seus DNA os
traços mais acentuados do animal que habita em nós.
Choramos
juntos, todos nós desencantados, naquele terreiro da casa do coiteiro Domingos
Ventura, sua esposa e mais quatro membros de sua família que foram covardemente
assassinados e decepadas suas cabeças e enviadas para o Tenente João Bezerra
que tinha comandado as Volantes que livraram o povo nordestino do famigerado
Lampião.
Casal Raul
Meneleu no Cariri Cangaço Piranhas 2015
Plantamos uma
centena de árvores no terreiro da fazenda para que lembrem às autoridades que
apressem os reparos da estrutura daquela casa, para que se perpetue a saga, a
triste sina, os momentos de pavor, para que, não por morbidez lembremos, mas
para que fique registrada para a história e já está, a violência do banditismo
dos cangaceiros.
Aos meus
amigos que desencantaram perante esse também desencantado para eles, meus
respeitos e considerações. À Família CARIRI CANGAÇO desejo de todo coração como
membro mais novo dessa família, que os propósitos para que nasceu fiquem
perenes no tempo. Um forte abraço a todos.
Raul Meneleu
Aracaju, Sergipe
Fonte:http://meneleu.blogspot.com.br/2015/07/aos-meus-amigos-cangaceiros-coiteiros-e.html
Raul Meneleu
Aracaju, Sergipe
Fonte:http://meneleu.blogspot.com.br/2015/07/aos-meus-amigos-cangaceiros-coiteiros-e.html
http://cariricangaco.blogspot.com
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