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No ano de 1932, o Estado do Ceará foi açoitado por uma das piores secas de sua
tão sofrida e heroica história. Não bastassem as convulsões causadas pelas
transformações políticas e sociais vividas por nosso País, o Nordeste
brasileiro se horrorizava com as estripulias de Virgulino Ferreira da Silva, o
Lampião, figura que assombrou os sertões nordestinos durante cerca de vinte
anos com sua guerra de vinditas contra “aqueles que nele estreparam os espinhos
da injustiça”, até 1938, ano de sua morte. Sua ação foi extensiva à grande área
dos sertões de sete Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, R.G.
do Norte e Sergipe.
Possuidor de
veia poética, compôs aquele celerado o seguinte sinistro soneto enaltecendo
suas qualidades de cangaceiro e poeta: “Meu rifle atira cantando/Em compasso
assustador. /Faz gosto brigar comigo/Porque sou bom cantador. /Enquanto o rifle
trabalha/Minha voz longe se espalha/Zombando do próprio horror!” Também de sua
lavra é a composição ‘Mulher Rendeira’, posteriormente imortalizada na voz do
cantor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Coadjuvado por
homens de caracteres semelhantes ao seu, Lampião e seu bando cumpriram uma
infeliz sina em sua pungente romagem terrena. Ficaram famosos também os seus
companheiros de infortúnio: Antônio e Livino (seus irmãos), Antônio Matilde,
Luís e José Fragoso, Antônio do Gelo, Meia-Noite, Gato, Ioiô, Luís Pedro, André
Sipaúba, Corró, Muriçoca, Sabiá, Chá Preto, Corneteiro, entre outros.
No ano de
1896, num lugarejo pobre, próximo do Crato, hoje próspera cidade do Estado do
Ceará, nascia José da Silva, que posteriormente viria a ser conhecido por José
Grosso, filho de Jerônimo e Francisca, pais de outros oito filhos. Começa aqui
a teia do destino que vai ligar José Grosso a Virgulino.
Como dissemos
acima, o ano de 1932 registrou uma das piores estiagens que assolaram o Estado
do Ceará. Essa ocorrência climática e suas terríveis consequências vieram
juntar-se ao fenômeno do cangaceirismo, fruto das condições sociais vigentes.
Pelo sertão espalhava-se a fama de Lampião com sua figura romanesca associada à
do herói que tira dos ricos para dar aos pobres, um Robin Hood das caatingas
nordestinas.
Isso empolgou
muito o ânimo de José Grosso que, em seu íntimo, sonhava, como de resto todos
os sertanejos nordestinos, com uma terra de paz, sem fome e com a Justiça
amparando também os pobres e os fracos. Animado por esses anseios, vai integrar
o grupo de Lampião, por ocasião de sua passagem pela região de Orós, hoje um
município do Estado do Ceará.
Por não
concordar com as atitudes criminosas do bando, que feriam seus princípios de
homem justo e bom, decidiu adotar uma perigosa atitude que mais tarde lhe
traria graves consequências.
Sem intenção
de delatar aquele bando às autoridades policiais, passou a alertar com antecedência
às populações das cidades que Lampião tencionava invadir, impedindo, assim, que
muitas pessoas viessem a ser violentadas ou assassinadas, na onda da fúria
insana do cangaceiro e seus sequazes.
Denunciado por
alcaguetes, foi levado à presença de Virgulino. Julgado e condenado pelo júri
pessoal do bandoleiro, teve seus olhos perfurados à faca, como represália pela
traição cometida.
Cego, foi
abandonado, ficando perdido e sozinho, vagando desorientado naquelas solitárias
e espinhentas brenhas sertanejas.
Não demorou
muito e foi acometido de infecção generalizada causada pela mutilação que lhe
fizera Lampião, motivando sua desencarnação, no ano de 1936, aos quarenta anos
de idade.
Dizem que o
Espírito José Grosso se comunica em muitos Centros Espíritas espalhados Brasil
afora.
Entidade
amiga, dotada de bons sentimentos, reencarnou diversas vezes na Terra. Exerceu
poder e autoridade na antiga Germânia (Alemanha), quando então tinha o nome de
Johannes, homem rígido, disciplinado e místico, tendo desencarnado por volta do
ano de 751. Renasceu também na Holanda, onde exerceu o alto cargo de Adido
Diplomático, convivendo, dessa forma, com a alta classe daquele país e também
com a corte de Francisco I, rei de França.
Logo que
desencarnou no Brasil, em 1936, foi recebido na Espiritualidade pelos Espíritos
Scheilla e Joseph Gleber, os quais mantiveram laços com ele quando de sua
romagem terrena na Germânia.
Em 1949, ano
de suas primeiras manifestações, conduzido que foi ao Centro Espírita André
Luiz, no Rio de Janeiro, pelos Espíritos acima citados, dizia “ser folha caída
dos ventos do Norte”.
Entre os
médiuns por meio dos quais se comunicava, destaca-se Peixotinho (Francisco
Peixoto Lins), extraordinário médium de efeitos físicos, notabilizado pelas
materializações luminosas, nascido na cidade de Pacatuba, Ceará, em 1° de
fevereiro de 1905 e citado na obra Materializações Luminosas, de Rafael
Ranieri.
Sua caminhada
no plano espiritual recebeu também a orientação do Espírito Glacus. Tem-se a
informação de que o Espírito José Grosso ainda hoje coopera nas reuniões de
efeitos físicos em vários centros espíritas e que se dedica atualmente a
trabalhos na Fraternidade Espírita Irmão Glacus.
Ombreando com
Peixotinho e Bezerra de Meneses, este cognominado por muitos como ‘O Allan
Kardec Brasileiro’, José Grosso integra as hostes espirituais onde
provavelmente transitam outros Espíritos Benfazejos que viveram no sofrido mas
abençoado Estado do Ceará, Terra da Luz!
Bibliografia:
Site
www.espirito.org.br.
Livro Lampião,
Seu Tempo e Seu Reinado, de Frederico Bezerra Maciel, Editora Vozes Ltda. 1985.
Obrigado pelas informações. Foram muito úteis e esclarecedoras.
ResponderExcluirAroldo
Carmo do Cajuru, MG, 07.09.2015.
Você veja Mendes, o José Grosso era um bem intencionado cidadão, mas fora delatado a Lampião e a coisa fora triste para ele.
ResponderExcluirAntonio Oliveira