Por Nertan Macêdo
(*) "Manoel Ferreira Gondim.
E esse quem era?Em todos os atos públicos onde figura o seu nome encabeça a lista dos assinantes. Devia pela idade provecta e pela atuação respeitável merecer este privilégio. Sabemos ser oriundo da estirpe pernambucana dos Gondins de Goiana, filho de um irmão do Sargento-Mor Francisco Ferreira Pedrosa, sobrinho de dona Antônia de Oliveira Leite, mulher do comissário Lourenço Alves Feitosa e do padre José Ferreira Gondim, vigário de Goiana e vice-vigário do Recife. Sua mãe Luzia Monte, pelo lado materno (Isabel Monte), e Feitosa, pelo lado paterno (Cel. Francisco Alves Feitosa), vinha dos tempos da dominação. Situado no rio do Umbuzeiro, onde possuía terras nas fazendas "Aroeiras", "Gameleira" e "Araras", tinha como vizinhos o Sargento-mor Leandro Custódio Bizerril e o parente próximo Capitão-mor José Alves Feitosa. Foi no Centro-Oeste cearense patriarca no verdadeiro sentido. Por toda parte parentes seus têm destaque em todos os ramos de atividade humana. Desaparecendo aos 21 de dezembro de 1833, uma récua de filhos chorou a sua morte. Dez legítimos e um natural, ao todo onze. Já na bíblia encontramos Abraão, patriarca de Israel, o preferido de Deus,também constituindo família com uma concubina - Ismael foi o produto destes amores, como José Ferreira o era do patriarca dos Inhamuns. Nos autos de inventário de Manoel Ferreira Gondim e sua mulher Isabel Alves está escrito: "Ajuntem os meios dotes e somem e repartam pelos onze herdeiros, incluindo o herdeiro José Ferreira, filho natural do falecido velho Gondim, que na regra de direito é herdeiro de seu falecido pai por isso que deve entrar na meação" A figura bíblica do homem de Itur identifica-se nos mesmos anseios com o Gondim das "Aroeiras". O mesmo destino a que ficam sujeitos as pessoas marcou-lhes, em sentido diverso., a passagem pela terra. O filho de Abraão, banido para o deserto, foi ter ao vale de Meca, o de Manoel Ferreira Gondim, na procura dos favores de parentes importantes, perdeu-se nos sertões agrestes de Pernambuco. De Ismael, descende Maomé, o místico que ainda reina nos corações de milhares de asiáticos. De José Ferreira, rezam as tradições, provém Lampião, o famoso bandoleiro que reinou nos sertões. - Gomes de Freitas, Novos Subsídios para a História do Inhamuns, edição de "O Povo", Fortaleza, Ceará, 21-12-63.
(**) "filhos do português João Alves Feitosa, casado, como já ficou dito, com uma filha do Coronel Manoel Martins Chaves;
1.º - Comissário Lourenço Alves Feitosa, casado com Antônia de Oliveira Leite, irmã do Padre José Ferreira Gondim, Vice-Vigário do Recife e do Vigário de Goiana;
2º. - O Coronel Francisco Alves Feitosa, casado, em primeiras núpcias, com Isabel do Monte, irmã do Capitão-mor Geraldo do Monte; em segundas núpcias com Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina, descendente da família Cavalcanti e Albuquerque, de Pernambuco, e, em terceiras núpcias com Isabel Mareia de Melo.
Estas três mulheres eram viúvas e traziam filhos dos seus leitos anteriores.
Dos filhos do primeiro casamento de Isabel do Monte, descendem grande parte dos Pinheiros, dos Melos e dos Fernandes Vieira, conforme o testemunho do Dr. Helvécio Monte ("unitário, nº. 2.168, de 04 de junho de 1966).
Dos filhos do primeiro casamento de Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina, segundo uma tradição que sempre circulou no seio da família Feitosa, descendem de Pereiras de Pajeú de Flores. - "O Coronel Francisco Alves Feitosa fundou a sua primeira fazenda no lugar Barra do Jucá, em terras do Rio Jaguaribe, à margem direita deste, cerca de uma légua de sesmaria abaixo da atual vila de Arneiroz, construindo ali uma capela de taipa, e por isso, com a edificação da igreja de Arneiroz, por um neto do mesmo Francisco Alves Feitosa, ficou aquela fazenda com o nome de Igreja Velha (esta de denominação já desapareceu com a demolição dos prédios antigos).
Procedeu-se ao inventário do Coronel Francisco Alves Feitora em Cococi; foi apenas uma partilha,porque não havia órfãos e o monte total orçou em NCr$ 12.000,00, isto é, perto desta importância, porque as avaliações foram muito baixas, conforme se vê, não havendo avaliações de posses de terras, e sim de sítios: um sítio São Nicolau, com 3 léguas de terra, avaliado por NCr$ 200,00; um sítio Figueiredo, com duas léguas, avaliado por NCr$ 400,00, o sítio Olho d'água do Urucu. por NCr 50,00; uma légua de terra, das estremas do Latão até a estiva por NCR$ 300,00; um sítio com engenho, no lugar Engenho da Serra, por NCr$ 400,00; o sítio Pouco Redondo, com três léguas de comprimento e uma de largo para cada lado, por NC$ por 550,00, e assim por diante, outros sítios em Inhamuns, Quixelô, antiga Santana do Cariri e rio de São Francisco, da Cachoeira de Paulo Afonso para baixo. Os bens semoventes tiveram as avaliações seguintes: um cavalo de fábrica, em Cococi, por NCr$ 5,00; as éguas avaliadas a NCr$ 3,00; as vacas, a NCr$ 2,00, as novilhotas e novilhotes, a NCr$ 1.20; e os bezerros, a NCr$ 0,50. (Os escravos, de moleques a negros, tiveram avaliação de NCr$ 40,00 a NCr$ 80,00, mais disto um ou outro). Esta partilha foi feita em Cococi, no dia 17 de junho de 1770, com assistência de todos os herdeiros e co-herdeiro Capitão-Mor Arnauld de Holanda, casado com Francisca, neta do inventariado.
Os bens inventariados, por morte do Coronel Francisco Feitosa, atualmente teriam valor para algumas centenas de contos de réis.
Não nos constam o nome dos estados do Coronel Francisco Alves Feitosa do primeiro casamento.
Do segundo casamento constam-nos os nomes dos seguintes enteados:
1 - Antonio Pereira do Canto, casado com Antônia, filha de Antonio Barbosa Galvão;
2 - Lenor casada com o português, a quem chamavam Marinheiro José da Silveira, que cultivava a Serra, que ficou com o nome de Serra do Silveira;
3 - Dona Rosa da Boa Esperança, não teve casamento e nem descendência.
Do terceiro casamento do mesmo só nos constam ter dois enteados:
1 - O sargento-Mor Francisco Ferreira Pedrosa, que já vimos casado com Josefa Alves Feitosa, filha do seu padastro;
2 - O marido de Luzia, filha do primeiro casamento do Coronel Francisco Alves Feitosa,cujos nome ignoramos, - Leonardo Feitosa - Tratado Genealógico da família Feitosa.
Tipografia Paulina - 1952 - Fort - CE.
Como se vê do livro de Leonardo Feitosa, os Pereiras do sertão pernambucano são parentes dos Feitosas do Ceará. Não seria sem razão que Virgulino Lampião começara sua vida de cangaceiro à sombra de Sinhô Pereira, acostado, assim, ao poderoso clã do Barão do Pajeú. Os mesmos Pereiras são também aparentados dos Alencares, outra importante família sertaneja cearense.
FIM.
(**) "filhos do português João Alves Feitosa, casado, como já ficou dito, com uma filha do Coronel Manoel Martins Chaves;
1.º - Comissário Lourenço Alves Feitosa, casado com Antônia de Oliveira Leite, irmã do Padre José Ferreira Gondim, Vice-Vigário do Recife e do Vigário de Goiana;
2º. - O Coronel Francisco Alves Feitosa, casado, em primeiras núpcias, com Isabel do Monte, irmã do Capitão-mor Geraldo do Monte; em segundas núpcias com Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina, descendente da família Cavalcanti e Albuquerque, de Pernambuco, e, em terceiras núpcias com Isabel Mareia de Melo.
Estas três mulheres eram viúvas e traziam filhos dos seus leitos anteriores.
Dos filhos do primeiro casamento de Isabel do Monte, descendem grande parte dos Pinheiros, dos Melos e dos Fernandes Vieira, conforme o testemunho do Dr. Helvécio Monte ("unitário, nº. 2.168, de 04 de junho de 1966).
Dos filhos do primeiro casamento de Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina, segundo uma tradição que sempre circulou no seio da família Feitosa, descendem de Pereiras de Pajeú de Flores. - "O Coronel Francisco Alves Feitosa fundou a sua primeira fazenda no lugar Barra do Jucá, em terras do Rio Jaguaribe, à margem direita deste, cerca de uma légua de sesmaria abaixo da atual vila de Arneiroz, construindo ali uma capela de taipa, e por isso, com a edificação da igreja de Arneiroz, por um neto do mesmo Francisco Alves Feitosa, ficou aquela fazenda com o nome de Igreja Velha (esta de denominação já desapareceu com a demolição dos prédios antigos).
Procedeu-se ao inventário do Coronel Francisco Alves Feitora em Cococi; foi apenas uma partilha,porque não havia órfãos e o monte total orçou em NCr$ 12.000,00, isto é, perto desta importância, porque as avaliações foram muito baixas, conforme se vê, não havendo avaliações de posses de terras, e sim de sítios: um sítio São Nicolau, com 3 léguas de terra, avaliado por NCr$ 200,00; um sítio Figueiredo, com duas léguas, avaliado por NCr$ 400,00, o sítio Olho d'água do Urucu. por NCr 50,00; uma légua de terra, das estremas do Latão até a estiva por NCR$ 300,00; um sítio com engenho, no lugar Engenho da Serra, por NCr$ 400,00; o sítio Pouco Redondo, com três léguas de comprimento e uma de largo para cada lado, por NC$ por 550,00, e assim por diante, outros sítios em Inhamuns, Quixelô, antiga Santana do Cariri e rio de São Francisco, da Cachoeira de Paulo Afonso para baixo. Os bens semoventes tiveram as avaliações seguintes: um cavalo de fábrica, em Cococi, por NCr$ 5,00; as éguas avaliadas a NCr$ 3,00; as vacas, a NCr$ 2,00, as novilhotas e novilhotes, a NCr$ 1.20; e os bezerros, a NCr$ 0,50. (Os escravos, de moleques a negros, tiveram avaliação de NCr$ 40,00 a NCr$ 80,00, mais disto um ou outro). Esta partilha foi feita em Cococi, no dia 17 de junho de 1770, com assistência de todos os herdeiros e co-herdeiro Capitão-Mor Arnauld de Holanda, casado com Francisca, neta do inventariado.
Os bens inventariados, por morte do Coronel Francisco Feitosa, atualmente teriam valor para algumas centenas de contos de réis.
Não nos constam o nome dos estados do Coronel Francisco Alves Feitosa do primeiro casamento.
Do segundo casamento constam-nos os nomes dos seguintes enteados:
1 - Antonio Pereira do Canto, casado com Antônia, filha de Antonio Barbosa Galvão;
2 - Lenor casada com o português, a quem chamavam Marinheiro José da Silveira, que cultivava a Serra, que ficou com o nome de Serra do Silveira;
3 - Dona Rosa da Boa Esperança, não teve casamento e nem descendência.
Do terceiro casamento do mesmo só nos constam ter dois enteados:
1 - O sargento-Mor Francisco Ferreira Pedrosa, que já vimos casado com Josefa Alves Feitosa, filha do seu padastro;
2 - O marido de Luzia, filha do primeiro casamento do Coronel Francisco Alves Feitosa,cujos nome ignoramos, - Leonardo Feitosa - Tratado Genealógico da família Feitosa.
Tipografia Paulina - 1952 - Fort - CE.
Como se vê do livro de Leonardo Feitosa, os Pereiras do sertão pernambucano são parentes dos Feitosas do Ceará. Não seria sem razão que Virgulino Lampião começara sua vida de cangaceiro à sombra de Sinhô Pereira, acostado, assim, ao poderoso clã do Barão do Pajeú. Os mesmos Pereiras são também aparentados dos Alencares, outra importante família sertaneja cearense.
FIM.
Fonte: Livro
Capitão Virgulino Ferreira
Autor: Nertan
Macêdo
Edições
O Cruzeiro - Rio de Janeiro
Ano: 1970
Digitado
por: José Mendes Pereira
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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