Por Rinaldo
Barros é professor
“Do fanatismo
à barbárie não tem mais do que um passo”. (Denis Diderot , escritor
francês, 1713 a 1784)
(*)
Rinaldo Barros
Escrevo sob o
impacto da avalanche de notícias sobre o atentado que um membro do Estado
Islâmico reivindicou responsabilidade (?) nesta segunda-feira (13), pelo ataque
a tiros de fuzil que deixou ao menos 50 mortos em uma boate gay em Orlando, na
Flórida, EUA.
Homofobia é
também fruto venenoso da violência lato sensu, todos nós estamos expostos.
Por que ainda
ocorrem fatos tão terríveis em pleno século XXI?
Tentarei
resgatar algumas verdades históricas, tentando entender as origens do fanatismo
/ terrorismo religioso. Siga o raciocínio. O islamismo já nasceu
fundamentalista e expansionista.
O Islã
conquistou pela força mais nações do que o cristianismo conquistou pela
pregação, e sua crença baseia-se apenas na revelação de um livro - Alcorão -
que o próprio Maomé diz ter sido inspirado por Deus entre 578-632 DC. Em várias
das suras (capítulos) do Alcorão lê-se passagens que colocam como uma obrigação
do crente islâmico subjugar os "Infiéis", "persegui-los",
"fazer-lhes guerra santa - Jihad".
Ou seja, o
Islamismo nasceu voltado à sua expansão a qualquer custo, é parte de sua
identidade. O próprio nome "Islã" significa "o
fundamento".
O Islamismo
não admite um mundo que esteja fora das linhas de seu livro sagrado.
Por sua vez, o
texto do “Sermão da Montanha”, citado no Evangelho de Mateus, prega o
afastamento desse mundo para a realidade maior do porvir: “meu reino não é
deste mundo”.
Esse caldo
cultural fundamentalista se soma a algumas ações dos homens na Terra.
Relembro aqui
que o terrorismo no mundo recrudesceu desde a invasão do Iraque pelos EUA, que
foi o combustível que faltava aos radicais islâmicos; os quais já identificavam
o Ocidente como seu grande inimigo.
E esse
conceito não é novo, consolidou-se ao longo dos séculos que se seguiram às
cruzadas cristãs (movimentos militares de inspiração cristã que prometia a
salvação a todos os morressem em combate aos pagãos, leia-se mulçumanos).
Entre 200 e
900 D.C., as terras de Israel, Jordão, Egito, Síria, Turquia, etc. eram
habitadas primariamente por Cristãos. Quando o Islamismo começou a se espalhar
e se tornar mais poderoso, os muçulmanos invadiram esses territórios e
brutalmente oprimiram, escravizaram, deportaram e até mesmo assassinaram os
Cristãos que lá viviam.
Em resposta, a
Igreja Católica Romana ordenou que as cruzadas recuperassem posse das terras
que os muçulmanos haviam tomado. As ações dos Cristãos durante as cruzadas
foram simplesmente lamentáveis e brutais: massacraram, pilharam e destruíram.
Ressalte-se
que não há uma justificação bíblica para conquistar territórios, assassinar
cidadãos e destruir cidades em nome de Jesus Cristo ou de Deus. Isso é coisa
dos homens.
Como vimos, a
relação entre religião e violência vem desde tempos imemoriais e tem acarretado
milhões de vítimas ao redor do mundo. As maiores religiões, em termos de número
de fiéis, cada uma com mais de um bilhão de seguidores, são o
Judaísmo-Cristianismo, Islamismo, Budismo, Hinduísmo e Xintoísmo. Cada uma
delas se acha dona e defensora da “Verdade revelada”.
Faz parte da
dinâmica e da organização de toda religião considerar-se, cada uma de per si,
como a única, a verdadeira e, para tanto, tem no proselitismo e nas conversões
as suas doutrinas e seus dogmas como princípios fundamentais e imutáveis. Os
outros são infiéis.
O campo de
batalha entre essas religiões pode ser representado tanto pela mente das
pessoas que devem ser “convertidas”, usando inclusive de todas as formas de
violência.
Em pleno
século XXI, quando a humanidade está supostamente mais evoluída em termos de
direitos e garantias individuais, o mundo acaba de assistir a mais um ato
terrorista praticado por integrantes do Estado Islâmico, em território do
Ocidente cristão. E este não será o último...
O
fundamentalismo e fanatismo de grupos radicais islâmicos imaginam que têm o
direito de levar o terror a todas as partes do mundo, sempre que, e onde, os
princípios do Islã e a figura do Profeta Maomé forem atacados. Estão
conseguindo.
A maior
consequência é o pavor que o terrorismo infunde na população; na verdade, a
grande estratégia desses grupos fundamentalistas: disseminar o medo
generalizado.
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