Por Sálvio Siqueira
O capitão
Aníbal Vicente Ferreira, comandante das Forças de Operação na Bahia, comando
esse regionalizado no nordeste do Estado envia uma carta ao cangaceiro Zé
Sereno, conscientizando o mesmo, de que o Governo Federal perdoaria os atos de
todos os cangaceiros restantes. Isso logo depois do dia 28 de julho de 1938
data em que foram mortos, Lampião, Maria de Déa, Enedina e mais oito cangaceiro
e um volante, o soldado Adrião, na grota do riacho Angico, a margem direita do
“Velho Chico”, em terras sergipanas.
Etelvino Mendonça, fazendeiro de posses natural de Itabaiana, SE, amigo de Sereno, é solicitado pelo mesmo que desse um jeito numa dor de dente que maltratava muito sua companheira Cila. A propriedade do amigo ricaço ficava próxima a Pinhão. Outro amigo do cangaceiro, Napoleão Emídio, da fazenda Lagoa Comprida, ordena que um de seus vaqueiros, o cabra Gringo, leve a cangaceira, disfarçada, na garupa da montaria e, na cidade, procurasse um dentista para a mesma.
O amigo Etelvino, hospeda a companheira de seus amigos cangaceiro, em sua casa, em Itabaiana. A vizinhança começa logo com um mi mi mi sobre a hóspede e, essa, é retirada daquela casa e ‘colocada’ na casa do delegado Fonseca, que também era amigo de Zé Sereno.
Enquanto a companheira fazia aquela viagem, Sereno recebe mais três missivas do comandante Aníbal, o capitão baiano.
Havia um cidadão em Pinhão chamado Joãozinho de Donana Rego, que sendo muito amigo do cangaceiro Corisco, permite que ele, Labareda e Zé Sereno façam uma reunião em sua casa. Essa reunião seria para discutir como seria a entrega deles, segundo a proposta do capitão, e de seus comandados.
Chegam a conclusão que realmente chegou a hora de todos entregarem-se. Essa decisão mexeu com todos os homens que faziam parte daqueles subgrupos, tanto que resolveram comemorar fazendo um forró.
Não só aqueles que participaram do lado dos cangaceiros, festejaram a notícia. Alguns volantes, também sofridos da terrível e duradoura campanha, que no local estavam, alegraram-se e fizeram questão de participarem da festança. Eles eram do destacamento da cidade de Bebedouro, e seu comandante, na ocasião, era o cabo Raimundo. Tinha dentre os policiais, apenas um que destacava em Pilão, era o soldado José Paes da Costa. Esse soldado tinha uma admiração muito forte pelo “Diabo Louro”, e não escondia de ninguém.
Lá pras tantas, com todos já suados de tanto dançarem e terem bebido bastante, tem uma surpresa.
O cangaceiro Balão, adentra feito louco e, junto dos chefes, relata que ele e mais três companheiro foram entregarem-se ao sargento Zé Luis, na cidade de Cariri. Lá chegando, em vez de qualquer outra coisa, levaram foi muito bala. Diz Balão que não sabe como escapou com vida, mas, que seus companheiros, Cruzeiro, Amoroso e Bom Deveras, tinham tombado na senda da guerra.
Como é de se imaginar, a festa teve fim naquele momento.
O amigo de Corisco, o dono da casa em que estavam, chama-o e lhe diz:
“- Cumpade, parece qui vai tê confusão. O cabo João Grande, chefe do distacamento daqui, ta cercando mia casa. Mandou chamá o sordado Zé Paes, qui ta me perguntando se vai ou se fica.
Corisco estranhou:
-Mais cumpade Joãozim, o cabo João Grande nun nos trata tão bem? Quano nós chegou, ele apertou a mão de todo mundo... Ele devia tê vindo pra festa tamém, cumo fez o cabo Raimundo...
- Pois é...- considerou Joãozinho. – João Grande é puxa saco do Tenente Ananiais.
O soldado José Paes perguntou:
_ Capitão Curisco, eu vou, ou nun atendo o cabo?
_ Você deve cumpri as orde do seu superior – respondeu corisco.”(livro “Lampião – a Raposa das Caatinga”, IRMÃO, José Bezerra Lima. Pg 650. JM Gráfica e Editora Ltda, 2ª edição, Salvador. 20140)
Corre pra lá, corre pra cá, e naquele corre corre, o soldado Paes vai, mas volta e declara que ficará para lutar ao lado dos cangaceiros. Interessante é que o cabo Raimundo prontifica-se de, junto com seus soldados, lutarem ao lado do “Diabo Louro’.
O mundo fechou com tamanho tiroteio. A fumaça, junto com o cheiro da pólvora queimada incensa o lugar. Cangaceiros e soldados, usando outras casa,pulam nas matas e dão no pé sem que ninguém se ferisse.
Todos estão quase sem fôlego, e, param um instante, para recuperarem o mesmo.
Zé Sereno, sem explicar por que, mata o soldado que tanto admirava Corisco, em
seguida vai em direção ao cabo Raimundo, com a nítida intenção de tirar-lhe a
vida, no que é impedido por Corisco.
“- Você tá doido Sereno? Eles tavam nos ajudando, home! Eu vou até pagá as balas qui eles gastaro pra nos defendê!...” (Ob. Ct.)
Fonte Ob Ct.
Foto livro citado
Benjamin Abrahão Botto
Foto livro citado
Benjamin Abrahão Botto
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Sálvio Siqueira
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