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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

GENTE DAS RUAS DE POMBAL MÃE LOURDES: A MÃE DE TODOS OS SEUS NETOS

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Se mãe Lourdes fosse viva, no próximo dia 4 de outubro estaria a completar 115. Ela nasceu no dia 4 de outubro de 1901 vindo a falecer no dia 21 de abril de 1995, quando estava pra completar 94 anos.


Em vida foi mãe e pai, pois conheceu a viuvez aos 47 anos quando o seu esposo José Tavares faleceu no dia 18 de abril de 1948, aos 56 anos.

Mãe Lourdes, e meus irmãos e primos hão de concorda comigo, foi a personificação da mulher nordestina, para quem o destino aprontou as mais travessas peças e armadilhas, porém, com fé e coragem ela chegou ao final da jornada, podendo olhar para trás e dizer: venci! E venceu mesmo. Órfã ainda jovem viu a luta da sua mãe, viúva também muito jovem, para, sozinha, criar os filhos sem perder um que seja para o mundo.


Se o mesmo destino de Ana, nossa bisavó, foi o que herdou mãe Lourdes, foi também nesse exemplo de luta e persistência que ela se mirou, após a morte do nosso Avô José Tavares, para tocar a vida para frente e levar para caminhos certos seus sete filhos, entre este o meu pai.

A todos foi dada a chance e a oportunidade dos estudos e da educação e, sem não muito esforço, mandar o filho mais novo a completar seus estudos na capital, o que só era possível, naquela época, as famílias mais ricas.


Para tanto, foi no cabo da enxada, cortando mato, atravessando o rio Piancó a nado no tempo de cheia, plantando o próprio sustento ou a beira do forno de lenha, fazendo sequilhos de goma, pastel e cocada de leite sob encomenda, já que nenhuma pensão ou herança material deixou nosso avô, que mãe Lourdes construiu a sua família, deixando para filhos, netos e bisneto o seu legado maior que é sempre acreditar que no final tudo vai dá certo. Porém, é preciso construir esse final.

Não me lembro de um dia, quando criança, que meu pai não me levasse logo pela manhã, para “tomar a bênção a mãe Lourdes”.

Mãe Lourdes da historias, do bom humor e dos cânticos quando orava. Mãe Lourdes que não abria mão de dar o primeiro banho dos netos, e que eu fiz questão que também desse o primeiro banho e a primeira mamadeira a minha primeira filha.


Acho que era o ano de 1969, vinha eu descendo a Rua Nova e dei de cara com ela. Pegou-me pelos braços levou até o Hospital Sinhá Carneiro para tomar a benção a Padre Oriel em seu leito de morte. Nos meus oito anos não sabia o que sei hoje. Se soubesse não teria ido de cara amarrada.

Mãe Loúrdes era música por formação, pois, foi aluna dos melhores professores de música da sua época. Como flautista habilidosa que era participava frequentemente dos saraus realizados na casa do Dr. Mauricio Furtado, genitor do saudoso professor Celso Furtado.

Trago em mim a marca da coragem e carinho de mãe Lourdes, cuja personalidade moldou toda uma geração de filhos, netos e bisnetos.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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