Marcado por
estrutura geológica que remonta à era cretácea, o território dix-septiense
possui privilegiadas formações espeleológica de origem calcária,
sobressaindo-se a do Poço Feio, localizado na comunidade rural do sítio Bonito,
imemorialmente ponto de turismo predatório que vem impactando consideravelmente
todo entorno da caverna. Água farta brota das entranhas da terra, a qual,
sulcando o interior, tem provável gênese no emaranhado e complexo subsolo da
região, formando intricado sistema do qual o arenito assú e o calcário jandaíra
participam plenamente marcando a proeminência das características edáficas da
bacia potiguar.O Poço Feio precisa com urgência ser mapeado, pois nem nos
registros da sociedade brasileira de espeleologia a cavernas e encontra catalogada.
Ainda são incógnitas as ligações que o Poço Feio possui com o lençol freático e
com a confusa profusão de túneis que marcam terrenos geológicos como o que está
assentada a área geográfica do município de Governador Dix-sept Rosado RN.
Impossível pensar a dicotomia geográfica nos dias de hoje, razão pela qual
intercalar o físico com o humano é imprescindível para que tenhamos respostas
significativas sobre hipóteses levantadas.Para gerações dix-septienses o Poço
Feio vem se constituindo em lugar, contrário do que se verifica com a maioria
que procura a caverna calcária para fins de lazer. Preocupações efetivas com a
preservação e sustentabilidade irrisória, ambiental em sua essência,
majoritárias no âmbito do pleno sentimento telúrico coma natureza, vem sendo
exibida pela população local, sobretudo da comunidade rural do sítio Bonito. A
gestão pública deve se manifestar para que medidas urgentes sejam tomadas no
sentido de buscar a harmonia entre respeito à natureza com geração de emprego e
renda, tendo em vista que a base econômica de diversas comunidades espalhadas
ao longo do percurso do rio Apodi Mossoró, em Governador Dix-sept Rosado/RN, há
tempos passados perdeu o principal sustento, através da desestruturação dos
plantios de alho e cebola, graças ao advento do mal-de-sete-voltas, ainda na
década de oitenta do século passado. Transformar a área do Poço Feio em pólo
turístico sustentável é uma forma de garantir melhoria da qualidade de vida da
população com racional intervenção antrópica no meio ambiente natural,
extremamente impactado devido à retirada de rochas calcárias e outras
originadas pelo tempo geológico, o qual vem transformando carapaças de animais
marinhos em marga, gipsita, calcário e outros produtos fartamente utilizados na
construção civil.Impossível não se apaixonar pelo Poço Feio, a poesia que emana
das águas, as lendas acalentadas e o curioso fenômeno hídrico que brota das
entranhas da terra, caracterizado pela água em tonalidade azulada.
Empiricamente, Luiz di Souza, do departamento de química da UERN, companheiro
de viagens de reconhecimento e estudos à caverna calcária localizada em
Governador Dix-sept Rosado/RN, acha grande a probabilidade da proeminência de
cobalto, além de outros componentes químicos ainda não alisados. O cientista
notificou ainda que uma dúvida provavelmente houvesse sido respondida, com
relação ao projeto encampado pela PETROBRAS, sobre análise das condições
ambientais apresentadas pelo rio Apodi-Mossoró. Conforme Luiz di Souza, há
grande chance da diferença obtida em água analisada no perímetro urbano de
Governador Dix-sept Rosado/RN ser devido à influência do vagalhão hídrico que
brota da caverna calcária inundada, despejadas no curso da bacia à altura da
comunidade rural do sítio Bonito. Sujeiras, infelizmente, vem se acumulando
ininterruptamente, dentro e fora do Poço Feio, completadas com a prática local
de criar porcos de forma ultra-extensiva. Atentando contra o meio ambiente e
contra a saúde pública, patrocinam desgastes ambientais em razão que os animais
esperam melhores oportunidades para praticarem verdadeiros redemoinhos de lixo.
As pessoas que vem de fora costumam deixar materiais orgânicos e inorgânicos em
sacolas, logo rasgadas, sobretudo pelos suínos. Necessário destacar ainda que o
turismo predatório é de alto risco, pois sem a mínima infra-estrutura para
comportar o fluxo de pessoas que acorrem ao Poço Feio, principalmente em finais
de semana, despreza-se a possibilidade de rompimento de estalactites existentes
na parte externa do afloramento calcário.Pensando de forma sustentável a área
correspondente ao Poço Feio, buscando aproveitar o potencial turístico do
lugar, necessita-se urgentemente que haja correção ambientalmente legal dos
perigos proporcionados pelos espeleotemas existentes na caverna calcária do
Poço Feio. As fissuras são vistas de imediato, não apenas na área compreendida
pela proeminência das estalactites, externamente, mas ainda em vários locais,
com muitas pedras calcárias soltas, as quais podem provocar graves acidentes. A
natureza impactada de forma extrema não pode e nem consegue mais esperar. A
maioria das pessoas que habita o planeta não acordou ainda para a hipótese de
que sucumbiremos em dejetos se nada for feito para reverter o quadro dramático
nunca antes vivenciado pela espécie humana. Séria e racional gestão ambiental é
a única saída a fim de permitir melhor aproveitamento do Poço Feio. Desafio do
milênio, o desenvolvimento sustentável deve ser encarado como a única saída
viável para a continuidade de existência da vida no planeta terra e buscar
soluções para problemas locais, primando sempre pela ênfase ao meio ambiente
equilibrado, traduz a única forma de legarmos às gerações futuras belezas que a
natureza nos disponibiliza e que precisam ser preservadas urgentemente, garantindo
ainda a melhoria da qualidade de vida da população através de ações que venham
beneficiá-la de forma legítima e duradoura.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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