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sábado, 1 de outubro de 2016

RELATÓRIO DO BB DE MOSSORÓ FAZ DENÚNCIAS - PARTE I



Um dos mais importantes documentos escritos contra Lampião e seu bando é um relatório é um relatório assinado pelo então gerente do Banco do Brasil de Mossoró. O documento enviado na época da Superintendência do Banco, depois que o bando tentou invadir Mossoró, faz uma análise sociológica do cangaço, denuncia as crueldades cometidas por Lampião e as suas ligações com os que chamou de "coronéis do sertão".

Diz o relatório: "As incursões de grupos de cangaceiros ocasionaram séria paralisação nos negócios nos meses de maio e junho do ano corrente (1926), determinando alguns pedidos de prorrogação de títulos, aliás justíssimos, uma vez que, receosos de serem atacados no caminho, os comerciantes e agricultores do interior não se atreviam a vir a esta cidade, para liquidar ou amortizar os compromissos vencidos.

É inacreditável que existam ainda, no século em que vivemos, com o avanço da civilização, no vasto interior dos sertões nordestinos, bandos armados que roubam, depredam, martirizam, matam e desonram. É ainda uma estilha de barbárie primitiva que a condescendência de certos governos está deixando eternizar, com grandes prejuízos para a nação. De quando em vez, grupos de indivíduos, na mais revoltante das covardias, pois a sua arma de maior sucesso é a surpresa, investem contra cidades, vila e povoados.

Esses assaltos cada vez, se tornam mais audaciosos, haja vista, o desta cidade, distante cerca de 40 quilômetros do litoral, em treze de junho do corrente ano, constituem um pesadelo indefinido para as populações laboriosas, ordeiras e honestas, ao mesmo tempo, preocupadas em defender a vida e a honra de suas famílias, já que não podem garantir as suas propriedades".

O gerente do Banco do Brasil de Mossoró acrescenta em seu relatório: "É uma situação tristíssima, na qual já nos encontramos e representa um doloroso aspecto do sertão. E quando não vem a lembrança que esta situação desumana é simplesmente criada e alimentada por certos coronéis de influência política nas zonas que notificam, cuja moralidade e compostura bem se ajustam aos atos canibalescos do banditismo, não podemos esconder o espírito de revolta que nos vai na alma". 

"O cangaceiro, na sua horrenda psicologia", diz o relato, "é ainda um tipo superior a dessas teratológicos/coronéis, seus mandantes e protetores. Pelo menos, aquele arrisca a própria vida, enquanto estes comandantes aguardam o produto dessas vilegiaturas, em que a morte é o mais humano de todos os crimes".

CONTINUA PARTE II AMANHÃ.

Fonte: Jornal "DIÁRIO DO NORDESTE"
Cidade: Fortaleza-CE
Data: 26 de julho de 1997
Ano: ?
Número: ?

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento).

Desculpem-me algumas falhas de digitação, eu estou com sérios problemas na visão; sei que se faltar letras em algumas palavras, mesmo assim o leitor entenderá o significado delas. 
 
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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