Por Clerisvaldo B.
Chagas, 6 de novembro de 2016 - Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.586
Durante a
época cangaceira, algumas expressões acomodaram-se no dicionário sertanejo
nordestino.
Uma das
primeiras armas de fogo da região foi o bacamarte, notadamente, o boca de sino.
Foi ele amplamente usado pelos bandeirantes. Com as bordas do cano enlarguecida
o bacamarte facilitava a carregação e disparava chumbo grosso. Os primeiros
cangaceiros brigavam com bacamarte boca de sino. Alguns fazendeiros possuíam
essa arma poderosa. Matava-se em emboscada com esse objeto e o seu uso deu
origem às expressões como: “Cabra ruim só vai no bacamarte!”, por exemplo.
No Semiárido
seus habitantes usavam ainda o bodoque com bala arredondada de barro curtido ao
sol para caçar passarinhos e aves selvagens. Posteriormente surgiu a peteca que
em algumas regiões se chama estilingue ou baladeira. Trata-se de um gancho de
pau, duas alças de borracha e um abrigo de couro para o projétil: pedra comum
da estrada ou cozida igualmente à primeira.
Depois
chegou a espingarda proveniente das fabriquetas do Ceará ganhando espaço em
todo o Sertão. Era um troço mais delicado do que o bacamarte cuja função
objetivava substituir o bodoque e a peteca nas caçadas em sítios e fazendas.
Foi logo apelidada de “soca tempero”, porque se carregava pela boca. Aqui,
acolá, sua função era desviada para o instinto malévolo de matar gente. Assim
criaram-se algumas expressões que ainda perduram como a de: “Vou mandar-lhe
passar a espingarda!” ou “O ofício do homem é a espingarda!”.
Passar a
espingarda é matar, não importando o tipo de arma de fogo, revólver, pistola...
Ou outra qualquer.
No cangaço
moderno de Lampião, às vezes chegava futuro cangaceiro que nada possuía, além
de uma espingarda que logo era substituída por um rifle e posteriormente até
pelo fuzil.
Mesmo com
tanto tempo, ainda se usa essas expressões relativas ao bacamarte e à
espingarda.
Os cangaceiros
tinham um medo triste do bacamarte, usado algumas vezes por defensores ou
atacantes fazendeiros.
Deu para
esquentar?
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