Por Glauco Araújo Do
G1, em Paulo Afonso (BA)
Mas historiador e parentes afirmam que Lampião não era vilão. Sobrinho de Maria Bonita diz que Lampião também fazia coisas boas.
Um
historiador e um primo da cangaceira Maria Bonita visitaram o povoado de Malhada da Caiçara,
que fica a cerca de 38 quilômetros de Paulo Afonso (BA). No
local ainda é possível encontrar parentes da mulher de Virgolino. O endereço
virou ponto turístico em 2006 após a restauração da casa onde Maria Bonita
viveu a adolescência.
Casa de Maria Bonita em Malhada da Caiçara, em Paulo Afonso (BA). Foto: Glauco Araújo/G1 - Acompanhe o
blog G1 no Cangaço
Segundo Renato
Oliveira Mendonça 45, sobrinho da Rainha do Cangaço, há muita mitificação da
figura de Lampião, principalmente quando se fala das mortes ocorridas durante o
movimento do cangaço.
“Lampião era uma pessoa boa também. Ele fazia o bem para
muita gente. Ele foi transformado em um homem violento e agressivo por conta
das histórias contadas apenas pela volante [polícia da época], mas isso não era
a pura verdade.”
Renato Mendonça
encontra com primos na casa onde viveu Maria Bonita. Foto: Glauco Araújo/G1
Mendonça lembrou
ainda que até mesmo as volantes que perseguiam Lampião e seu bando cometiam
crimes e depois colocavam a culpa no Rei do Cangaço.
“Ele tinha mais fama do
que currículo de bandido. Os policiais roubavam, estupravam e matavam. Depois era
só espalhar pela cidade que tinha sido Lampião”, disse ele.
Medo
após a morte
Para João de
Souza, 43 anos, o medo instalado na mente das pessoas que viveram aquela época
fez com que Lampião fosse temido mesmo após sua morte. Alguns cangaceiros,
perto de completarem o centenário de vida, ainda seguem em silêncio.
“Muita gente
deixou de falar e ainda não fala o que sabe sobre o cangaço porque ainda tem
receio dos cangaceiros. Muitos me pedem para parar de ‘desenterrar’ Lampião”,
disse o historiador, que lançou na semana passada o livro “Moreno e Durvinha -
Sangue, amor e fuga no Cangaço”.
João de Souza
é historiador e participou do projeto de restauro da casa da Rainha do Cangaço.
Foto: Glauco Araújo/G1
O fato,
segundo o historiador, não é querer desenterrar Lampião pura e simplesmente,
mas resgatar a memória de um movimento considerado como um dos maiores símbolos
da cultura nordestina.
“Trabalhar com pesquisa sobre o cangaço é quase uma
atividade heroica, pois muita gente ainda treme quando houve falar o nome de
Lampião, principalmente os que conviveram com ele e tem histórias para contar”.
20 anos
depois
O primo de
Maria Bonita disse que as pessoas precisam saber de suas origens e contar as
histórias que sabem ou que viveram com Lampião e o cangaço. “Eu, por exemplo,
só fiquei sabendo de meu parentesco com Maria Bonita quando tinha 20 anos. Só
fui conhecer meus primos e tios, todos da família de Maria Bonita, aos 40
anos.”
Mendonça conta que sua avó morreu e levou para o túmulo o que sabia sobre Lampião.
Mendonça conta que sua avó morreu e levou para o túmulo o que sabia sobre Lampião.
“Ela mesma nunca me contou nada sobre Maria Bonita e Lampião. Quando eu tocava
no assunto, ela bufava e mudava o rumo da conversa”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário