Por Jadson Oliveira
Como entender
hoje, numa realidade social marcada pelo capitalismo neoliberal e globalizado –
em crise -, o fenômeno do cangaço que dominou vastas áreas do ainda feudal
Nordeste brasileiro de quase 100 anos atrás? Esta questão deve estar
rondando a cabeça de intelectuais baianos que vão discutir na manhã do próximo
sábado, dia 26, em Salvador, o significado da ação dos cangaceiros, em
particular do grupo mais famoso chefiado pelo temido “capitão” Virgulino
Ferreira, o Lampião, conhecido como o Rei do Cangaço e considerado por uns como
um reles bandido e por outros como o maior guerrilheiro das Américas.
O debate – no
auditório 2 (Mastaba) da Faculdade de Arquitetura da UFBa (bairro da
Federação), das 8:30 às 13:30 horas – será feito a partir do livro LAMPIÃO, A
RAPOSA DAS CAATINGAS, cujo autor, o sergipano residente na capital baiana José
Bezerra Lima Irmão, fará a exposição inicial.
Trata-se dum
“alentado livro que deveria ser do conhecimento do público em geral, pelo
que traz, nas suas 740 páginas de pesquisa séria, metódica e permeada de
ilações de um seguro teor teórico e senso crítico, a par de um estilo
literário simples, escorreito e sem as afetações dos escritos acadêmicos, que muito
proveito decerto traria para leitores de todas as idades, etnias e
credos políticos e religiosos”.
José Bezerra
Lima Irmão e João de Sousa Lima no Cariri Cangaço Piranhas
Tal avaliação
é do professor Edmilson Carvalho, que compõe, junto com Jorge Oliver, a
Comissão de Organização do evento. Ele diz ainda que o encontro do sábado é uma
grande oportunidade “para um velho sonho, sonhado por quantos se dedicam à
pesquisa historiográfica do tema do cangaço, por uma ótica renovada, a saber,
inserida num contexto de uma sociedade em crise, na qual os mais diversos segmentos
da sociedade jogam suas propostas sobre a mesa para o debate”.
Devem
participar da discussão reconhecidos representantes da intelectualidade baiana,
alguns deles com vasta bagagem em pesquisas e obras relacionadas com o assunto
– e correlatas como é o caso da Guerra de Canudos. Dentre eles, Valdélio Silva,
Sérgio Guerra, Oleone Coelho Fontes e José Guilherme da Cunha.
Ao apresentar
seu livro no blog raposadascaatingas.blogspot.com.br , o autor diz, em texto
datado de abril de 2014, que ele é fruto de 11 anos de pesquisas e mais de 30
viagens por sete estados do Nordeste. Explica que “analisa as causas
históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste
brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda”.
E arremata: “Lampião
iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se
tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase 20 anos,
por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas
poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete
estados”.
Faz 78 anos
que Lampião (teria então 40 anos de idade), sua mulher de apelido Maria Bonita
e componentes do seu bando foram mortos. Embora haja controvérsias, a história
oficial registra que foram vítimas duma emboscada comandada pelo tenente João
Bezerra, da polícia de Alagoas, no local denominado Angico, sertão de
Sergipe, ao amanhecer do dia 28 de julho de 1938.
Jadson
Oliveira é jornalista
http://midialampiao.com.br/2016/11/23/intelectuais-baianos-aprofundam-significado-historico-de-lampiao-e-o-cangaco/
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2016/12/significado-historico-de-lampiao-e-o.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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