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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

CARAÚBAS MÃE

Por José Ribamar

Na terra que viu nascer
Manoel do violão,
Na fazenda Solidão
Nasceu esse humilde ser...
Um sábio por não saber
Semear desarmonia
E gostar da melodia
Da voz que a cascata tem.
Na minha terra também
Se respira poesia.
01
Lá o galo de campina
Afina as cordas vocais
E ouvindo os sabiás
Canta depois que afina.
Molhado pela neblina
Da nuvem que se desfia
Nas garras da ventania
Que não diz de onde vem
Na minha terra também
Se respira poesia.
02
Tem poesia entocada
Nas coivaras de cipó
Lá não se respira só
Cheiro de pólvora queimada.
Passe lá dê uma olhada
Na vaca que lambe a cria...
No pinto novo que pia
Catando grãos de xerém.
Na minha terra também
Se respira poesia.
03
Um rangido de cancela
Retrata um gemido triste,
Um pouco de mim existe
Em todo pedaço dela.
A terra que nasci nela
Acorda cedo do dia
Pra ouvir a voz macia
Do pescoço do vem-vem.
Na minha terra também
Se respira poesia.
05
Lá, no terreiro dum rancho
Parecendo uma criança
Um beija-flor se balança
Num fiapo de garrancho.
Um Soim dorme num gancho
De pau, numa sombra fria,
No pé do pote uma Jia
Canta pra Deus no além.
Na minha terra também
Se respira poesia.
06
Terra que há de citar
Sentindo um orgulho puro
Nos eventos do futuro
O nome de Ribamar.
Na minha terra o luar
Despeja tanta magia
Que cheio de alegria,
Penso que virei neném.
Na minha terra também
Se respira poesia.
O7

31-01-2017

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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