Por Sálvio Siqueira
A perda de um
ente querido é a prova mais dolorosa que o Espírito enfrenta em sua breve
passagem pela Terra. Como entender um fato que parece fechar todas as
portas à esperança? Conviver sem a presença física de quem tanto estimamos?
Controlar a
saudade dos mínimos gestos? Saudade essa que ao contrário do que dizem, parece
aumentar com o tempo.
Como suportar
a voz que se calou trazendo um terrível silêncio? E o que fazer para conter as
lágrimas diante das fotografias de um passado que não retorna?
Manter a
confiança torna-se tarefa complicada quando o futuro nos parece tão incerto.
Tudo a nossa volta parece sem sentido e penoso, falta coragem para os mínimos atos. Emoções se misturam, num instante a revolta, a descrença, a vontade de gritar sem parar e em outro momento, reina a melancolia, o pranto, a vontade de desistir.
Desesperados
queremos nos apoiar em algo, mas parece não haver remédio para nossa dor!
Como almejamos por notícias, por provas de que a vida prossegue, de que um dia o reencontro realmente ocorrerá, mas nossos apelos parecem em vão.
Por que
tamanha dor que dilacera nossas almas e ceifou nossos sonhos? São as perguntas
que continuamos a buscar.
E a cada
manhã, travamos uma intensa luta para levantarmos e principalmente nos
mantermos de pé.
O sofrimento é imenso, que fica complicado até para compartilhar, faltam palavras para expressá-lo.
Daríamos tudo por apenas um minuto na presença do ente querido, pela chance de encontrarmos o mesmo olhar, de acariciarmos a face e sentir novamente o seu calor.
De termos a
certeza de que a vida continua, mas a nossa frente só escuridão… Onde está a
piedade divina?
Aqui, sempre!
Porque são nessas horas que devemos buscar a presença de Jesus em nossas vidas
e novamente ouvir a sua voz amorosa a nos confortar: Vinde a Mim todos vós que
estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.
Sim, será
Jesus que segurará nossas mãos nesse momento tão complicado, que com sua
infinita bondade, enxugará nossas lágrimas, permitindo que nossos olhos
enxerguem outros horizontes. Com sua misericórdia, aliviará nosso íntimo,
acalmando a tempestade de sensações conflitantes em que nos encontramos mergulhados.
É Jesus que nos devolverá a alegria de viver, comprovando-nos que a morte não
existe, é apenas uma passagem.
Que o Espírito
prossegue em sua evolução e ainda encontra-se em sintonia com nosso amor,
sentimento que rompe qualquer fronteira.
Assim, quando
a saudade parecer chegar ao seu limite, sufocando-nos, transformemos nossas
vibrações amorosas no carinho que gostaríamos de fazer.
Se a face não
pode mais ser tocada, o Espírito sempre poderá.
Se palavras
não podem ser pronunciadas, a linguagem do amor permanece em qualquer tempo e
local.
As lembranças vividas jamais se apagam, todavia, não façamos dessas motivo de eterna tristeza. É a tristeza quando se prolonga que aumenta a distância, tornando-nos mais suscetíveis às influencias negativas que impedem o auxílio divino de nos amparar e fortalecer.
Tristes e
cabisbaixos rompemos com a fé, físico e espírito se abatem e por mais que
ouçamos falar da esperança, fica a sensação de que recomeçar é impossível.
Claro que
lágrimas serão derramadas, jamais nos será pedido por Jesus que sufoquemos
nossos sentimentos, porém, Ele nos estende suas mãos disposto a enxugar cada
uma dessas lágrimas. A aliviar a tensão que carregamos no coração e tudo faz
para que percebamos que a vida continua a se renovar, assim, permanece a nos
convidar a vivê-la.
E é vivendo
que amadurecemos, evoluímos espiritualmente e passamos a compreender tantas
coisas e a descobrir novos valores.
É vivendo que
vamos dia a dia encurtando a distância e nos preparando para o reencontro que
um dia ocorrerá.
Assim, quando
a melancolia bater a nossa porta e não tivermos forças para combatê-la
novamente busquemos Jesus e Ele nos orientará.
Se for
necessário nos carregará no colo, quantas vezes forem necessárias, nos
envolverá com seu carinho e estará a velar nosso sonho.
Quantas noites
mal dormidas… E quando buscamos abrir o coração e através de uma singela prece
nos ligar ao alto, parece que nos acalmamos e nem que seja por minutos, a
serenidade se apresenta ao nosso lado.
De fato, a
oração sincera nos eleva acima das tempestades que desabam em nossa vida e
elevados espiritualmente vamos ao encontro da espiritualidade maior que nos
aguarda de braços abertos.
Companheiros
espirituais que sempre nos protegem e aproveitam o repouso físico, para se
aproximarem e conosco dialogar, cooperando para o restabelecimento de nossas
forças. Incentivam-nos a prosseguir, mostrando que conosco caminharão.
Ao acordarmos,
sentimos uma nova atmosfera nos envolver, não sabemos como explicar, mas a paz
adentra nosso ser.
É a paz de
Jesus que sempre nos é oferecida!
E como
mantê-la? Trazendo Jesus para a nossa vida!
Jesus é o
consolo, o porto seguro, não foi em vão que declarou ser o Caminho, a Verdade e
a Vida. E não há forma melhor de Jesus estar vivo em nossa existência, do que
compartilhar o seu amor. O amor cobre a multidão de pecados já nos disse o
apóstolo. E podemos completar que o amor aquece, liberta, alegra, conforta,
renova e alimenta a Vida. Amor, que se encontra nos gestos de fraternidade que
realizamos.
Que cresce
cada vez que somos capazes de sair do nosso sofrimento e enxergar a dor alheia.
Enxergar e
também auxiliar.
Ah, quanto
amor se derrama sobre nós num simples gesto… E os olhos físicos ainda não
conseguem enxergar, mas quando praticamos a caridade, o amor, fica o sorriso
estampado no local daquele que tanto estimamos.
Porque como já
dito, o amor rompe toda e qualquer fronteira. E como diz a oração: amando somos
amados, consolando somos consolados.
Toda vez que
fizermos um gesto de amor em prol de um necessitado, estaremos beijando a face
dos que nos antecederam nessa grande viagem.
O cultivo do
amor será sempre o melhor tributo que podemos prestar aos que não mais se
encontram fisicamente entre nós.
Compartilhemos o amor!
O amor nos
erguerá das trevas, aproximando-nos de Jesus.
E com Jesus novamente ouviremos o exército de benfeitores espirituais a proclamar: Não existe perda, não existe morte, o que chamais de destruição, não passa de transformação.
E fortalecidos
seguiremos nossa jornada, conscientes de que Jesus prossegue a nos guiar e a
nos mostrar que a morte significa chegar ao fim e descobrir que o fim, em
verdade, é apenas um novo recomeço.
E recomeço com
Jesus!
A esperança
sobrevive!
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