*Rangel Alves
da Costa
O direito de
greve, dentro de seus limites legais, é previsão estabelecida
constitucionalmente, sendo, portanto, imperativo. Como afirmado, em consonância
com os ditames legais, a todos é garantido o direito à manifestação, à
paralisação, à demonstração de suas indignações.
E nada mais
justo que pessoas ou categorias, descontentes com determinadas situações,
invoquem para si o direito de rebelar-se, de indignar-se, de gritar sua
insatisfação. Soa até como grandeza social o despertar contra as injustiças, as
arrogâncias governamentais, as medidas que acabam afetando a vida população em
geral e da classe trabalhadora em particular.
Como bem
afirmado por alguns, somente na pressão se muda a situação. Ou ainda para
outros, mesmo que não surta o efeito desejado, ainda assim toda greve será
válida à medida que chega ao destinatário os sinais da insatisfação. Mesmo que
os governantes costumem menosprezar os resultados das greves, basta tal
manifestação para que se saiba que os cintos apertaram de algum modo.
Noutros idos,
principalmente quando as botinas dos generais eram ouvidas ao longe, fazer uma
greve era o desejo de multidões. Contudo, havia sentido pátrio, invocação
nacionalista, ufanismo de verdade. Por isso mesmo que os novos tempos trouxeram
multidões acaloradas e ávidas por soltar a voz. E soltaram tanto que muito foi
conseguido através dos gritos, das caras-pintadas e das bandeiras tomando as
ruas.
Logicamente
que muito contrastante com a maioria das greves de agora. Tanto assim que se
utiliza o termo greve geral não para paralisar o país, mas para levar às ruas
partidários, fanatizados, pessoas com único intento de fazer política através
da bandeira do outro. Os sindicatos, antes tão fortes e unidos nas lutas em
defesa das classes trabalhadoras, agora são apenas sucursais políticas de
partidos já esgotados pela desonra.
Assim, quando
há o chamado para uma greve geral, certamente que as intencionalidades não são
apenas de luta contra determinadas situações, mas tão somente para que o
partidarismo ganhe as ruas e façam reacender chamas já ofuscadas pelos
acontecimentos. Tudo como uma tentativa de ressuscitar cadáveres insepultos ou
trazer à boca do povo outros gritos que não aqueles ecoando os verdadeiros
motivos da greve.
Mas greve é
coisa séria, é oportunidade única para que o povo expresse sua insatisfação.
Como acentua a doutrina, greve é a paralisação voluntária e continuada, ou não,
do trabalho, sempre realizada em defesa de interesse da classe trabalhadora e
geralmente organizada pelos sindicatos das categorias. Por sua vez, greve geral
- como a ocorrida nesta sexta-feira 28/04 - é aquela promovida por uma ou todas
as classes de trabalhadores do país, ou mesmo parte destas, de modo a somarem
forças nos seus intentos de luta.
Como bem
assinala a doutrina, a greve é uma forma de protesto do trabalhador e objetiva
o atendimento de reivindicações. Perante tais considerações, então se indaga: a
greve desta sexta-feira, cujas aglomerações eram mais de partidários políticos
e até de pessoas pagas para estarem presentes, foi uma manifestação contra as
reformas trabalhista, previdenciária e demais medidas impopulares do governo,
ou apenas para desqualificar o governo vigente e fazer reacender a chama morta
do petismo?
Sem medo de
errar, afirma-se que a greve ocorrida teve a intenção unicamente partidária,
não do partido do empregado, mas do partido político mesmo. E isto se comprova
por alguns fatos. Impensável que a classe trabalhadora, responsável e coerente,
saia às ruas para praticar vandalismos, saques, depredações de prédios
públicos, destruição do patrimônio e violências de todos os tipos. Somente os
fanatizados cometem tamanhas atrocidades, somente os esquerdopatas praticam
tamanha barbárie contra o que encontrar pela frente.
Ou será que os
incêndios, os fechamentos de vias públicas e rodovias, os estilhaçamentos
vergonhosos, os vilipêndios praticados, foram realizados pela classe
trabalhadora? Quem destrói o que encontrar pela frente, quem comete invasões a
prédios e órgãos públicos, quem sai às ruas com armas escondidas, com máscaras
encobrindo os rostos, com instrumentos de destruição de todos os tipos,
certamente não é a classe trabalhadora.
Daí que, uma
greve que bem poderia ter alcançado seus objetivos de luta das classes afetadas
pelas recentes medidas governamentais, acabou sucumbindo ao vergonhoso e
bárbaro partidarismo. Perdeu-se uma ótima oportunidade de mostrar força.
Ganhou-se a mácula da serventia aos interesses abominavelmente escusos.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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