Andrea Tavares
Jornalista
Datado de
1940, prontuário lista nomes de 55 integrantes do bando. Peça inspirou a polícia técnica do RN a idealizar museu sobre o órgão.
Em meio a
arquivos centenários do que hoje é o Instituto Técnico de Perícia do Rio Grande do Norte (Itep),
se esconde a história da polícia técnica do estado. Em uma sala prestes a ser
desativada, foi encontrado um prontuário datado de 29 de abril de 1940, cujo
primeiro nome chama atenção: Virgolino Ferreira, vulgo ‘Lampião’. Agora, o
chefe de gabinete do Itep, Tiago Tadeu, quer que o documento se transforme em
peça de museu.
"Foram
fotos antigas que começaram a despertar curiosidade aqui", conta Tadeu.
“Vai ajudar a contar não apenas a história forense em nosso estado, mas do
próprio instituto”, ressaltou.
Antigas fotos
do prédio, câmeras que registraram locais de crimes, fichas de identificação,
máquinas de datilografia também farão parte do acervo do museu, que ainda não
tem data de inauguração nem local definido. O objetivo, no entanto, é claro:
"preservar a história da instituição e possibilitar a divulgação do
importante acervo documental que foi produzido ao longo deste período, como o
documento que cita o mais famoso cangaceiro da história", explica o
diretor geral do órgão, o perito Marcos Guimarães Brandão.
O documento
achado no arquivo do Itep, em Natal, é uma lauda escrita à fina caligrafia onde
constam os nomes dos 55 criminosos mais temidos do sertão nordestino. Ao final,
a informação de que os homens citados são enquadrados nos artigos 294 (Matar
alguém) e 356 (Subtrahir, para si ou para outrem, cousa alheia móvel, fazendo violência à pessoa ou empregando força contra a cousa", como consta no
Código Penal dos Estados Unidos do Brasil de 1890).
“Pouco se sabe
sobre esse documento, mas tem ligação com o processo da comarca de Pau dos
Ferros. O fato de estar em Natal pode ser apenas para deixar registrados os
nomes e deixar alguma informação sobre o bando", explica o coronel Ângelo.
Lampião foi morto em 1938, e o documento exibe a data de feitio em 1940,
reforçando a ideia de que é uma ata dos processos contra o bando.
No Itep, o
trabalho de apuração e restauração do material começou com o resgate de peças
que estão em salas que serão desativadas em breve. Feito isso, seguem as etapas
de higienização, reparo de documentos e classificação. Tiago Tadeu explica que
as atividades também irão contemplar a digitalização de todo o acervo do
instituto.
Tiago Tadeu chefe do gabinete do ITEP
‘Aqui se faz
ciência’
"Aqui se faz ciência. Aqui se faz história", ressalta Tadeu sobre o instituto. Em 2016, o Itep comemorou 41 anos, mas sua história é mais antiga. Aqui no Rio Grande do Norte existem registros de laudos confeccionados já nos séculos XVIII e XIX.
Mas esses exames
eram sempre realizados por peritos e não existia órgão específico para tal.
Somente em agosto de 1909, através de Decreto, foi que o governador, à época,
criou dois cargos de médico, sendo: um de médico do Batalhão de Segurança
(denominação da Polícia Militar) e o outro de médico da polícia. Este último
recebeu as atribuições de médico legista. Mas como a carência desse tipo de
profissional era muito grande, o mesmo médico foi nomeado para os dois cargos.
Trata-se do Dr. Antônio Emereciano China, verdadeiramente, o primeiro médico
legista, devidamente nomeado e empossado no cargo, de que se tem notícia aqui
no RN.
Em 1910, foi
criado um órgão denominado Enfermaria de Urgência, cuja finalidade era
funcionar em caráter ininterrupto para atender às requisições das autoridades
policiais como exames de corpo de delito e perícias. E em 30 de abril de 1975 o
órgão passou a ser o Instituto de Medicina Legal e Criminalística.
Coronel Ângelo
Dantas
(Foto: Fernanda Zauli/G1)
(Foto: Fernanda Zauli/G1)
Segundo o
chefe de gabinete do Itep, o trabalho de se criar um museu está sendo
idealizado para contribuir com o fortalecimento de uma responsabilidade social.
“Nesse projeto de resgate da memória técnica do instituto, pretendemos
apresentar um acervo que contemple a devida importância do órgão no
estado", explica.
Já para o
coronel Ângelo Dantas, a ideia do museu é promessa de sucesso. "Eu só
tenho a aplaudir. Ele está no caminho certo, cultura é produtiva",
comemora.
Morte de
Lampião
Faz 78 anos que Lampião e seu bando foram mortos. Eles acamparam na fazenda Angicos, no Sertão de Sergipe, no dia 27 de julho de 1938. A área era considerada por Virgulino como de extrema segurança, longe das vistas das forças policiais. Mas, na manhã do dia seguinte, os cangaceiros foram vítimas de uma emboscada, organizada por soldados do estado vizinho, Alagoas, sob a batuta do tenente João Bezerra. De acordo com pesquisadores, o combate durou somente 10 minutos.
http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2016/11/itep-do-rn-acha-processo-contra-lampiao-peca-de-museu-diz-diretor.html
Continuaremos amanhã com o título:
"ATAQUE À MOSSORÓ TERIA MOTIVAÇÃO POLÍTICA, SUGERE PESQUISADOR"
"ATAQUE À MOSSORÓ TERIA MOTIVAÇÃO POLÍTICA, SUGERE PESQUISADOR"
Fonte: Jornal De Fato
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Páginas: 51,52 E 53.
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
Editor: José de Paiva Rebouças
E-mail: josedepaivareboucas@gmail.com
Ilustrado por: José Mendes Pereira
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Páginas: 51,52 E 53.
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
Editor: José de Paiva Rebouças
E-mail: josedepaivareboucas@gmail.com
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http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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