Por Ivone Boechat
Os estudantes
estão ouvindo na Escola, desde as primeiras séries, "que tudo está
errado", "que não há solução pra nada" e "do jeito que
as coisas caminham, a tendência é piorar sempre". Ora, se a
esperança for destruída e o espírito de luta for totalmente desestimulado por
esse tipo de “educação” de um número expressivo de “educadores”, se o “discurso
pedagógico” estiver baseado no pessimismo, como sobreviverão emocionalmente as
pessoas?
Nas piores
épocas passadas, quando se alinhavavam as principais mudanças em todos os
setores sociais, políticos, religiosos, os professores e pais ensinaram sobre a
importância da fé, orientando e sublinhando que um belo futuro se faz com a
luta e a participação de todos; o lema sempre foi: “a união faz a força”.
Mas, será que a atual geração se esqueceu de educar os filhos? Foi isso? O
sentimento cívico era incentivado e a esperança, também. Na Escola os
hinos à Pátria eram cantados com a mão direita sobre o peito, com imenso
entusiasmo. Ensinava-se a amar a Pátria. Muitos ainda educam assim,
felizmente!
A juventude
está atônita á procura de valores que respondam às ansiedades da atualidade. Há
uma política pública e privada de vida, muito mal estruturada, porque só se dá
realce às coisas negativas. Se a mentira estiver de sapato alto, com batom
da marca “boato”, espalhando o pó de mico da desconfiança pra todo lado, é
evidente que o desânimo vai se instalar e pode corroer as expectativas de luta
das pessoas, de qualquer idade.
Imerso nas
comunicações e nas contaminações das poeiras abomináveis desse mundo armado até
às estrelas, há que se ensinar, sim, a esperança. A educação dada pelo
pessimista não pode invadir o território do sonho infantil com idéias apocalípticas.
Até parece que é também proibido ser criança! Pelo menos que lhe dêem o direito
de sonhar com o futuro. Tempos melhores virão!
Oxalá que se
possa trabalhar com mais sensibilidade na educação, respeitando sonhos,
para que os bebês que estão indo de fraldas para essas escolas, cheios de
fantasias, de esperança, desfrutem do mais sagrado privilégio do ser
racional: possam crer que tudo vai melhorar! Se isto não acontecer, será muito
sombria a herança social produzida pelos meios de comunicação mal usados
e pelos “educadores” mal resolvidos, ou seja, mal formados.
Publicado no
livro Por uma Escola Humana, Ed. Freitas Bastos, RJ 1987
Enviado pela autora Ivone Boechat
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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