Por Dimas Macedo
A
poesia popular do Nordeste é uma das grandes expressões da cultura brasileira.
Se diferencia da poesia erudita pelo acento melódico da sua sonoridade.
Destaca-se por ser uma poesia rematada e escandida, e por ser uma forma de
criação literária que se vale da metrificação e da rima e da riqueza do
vocabulário.
Pertence a poesia popular ao
gênero do cancioneiro e das cantigas de gesta que exaltavam os guerreiros na
Idade Média. Daí, o seu sentido heroico, a sua construção ritmada e a sua
aproximação com o armorial, que é a cultura popular elevada ao plano da erudição.
O folheto de cordel e a cantoria
distinguem-se na área da poesia popular: o primeiro, caracteriza-se pela
reportagem, o resgate da memória e a glorificação dos feitos e personagens de
valor histórico; já, a cantoria, possui no repente e no improviso os elementos
da sua força criadora.
Geraldo
Amâncio
Geraldo
Amâncio tem se destacado, no Ceará e no Nordeste, como um dos nossos melhores
cantadores e como um dos pesquisadores mais respeitados da nossa poesia
popular. Viajou pelo Brasil e o mundo em busca de um mesmo sentido: o som
das cantorias, as suas formas armoriais e os traços essenciais da sua expressão
em diversos países. Mas eis que sempre retorna ao seu velho torrão – o Ceará.
Geraldo tem
dezesseis discos gravados, incluindo várias parcerias, e alguns livros
publicados, dentre eles, enumerando-se os seguintes: De Repente Cantoria, A
História de Antônio Conselheiro, Cantigas que Vêm da Terra, Gênios da
Cantoria e Assim Viveu e Morreu Lampião, Rei do Cangaço.
No seu
livro O Beato José Lourenço, o Caldeirão e a Matança dos
Romeiros (Fortaleza: Premius, 2017), com o seu talento de poeta, Geraldo
Amâncio resgatou um dos episódios mais desumanos da história do Nordeste, que
foi a destruição da comunidade do Caldeirão pelas forças reacionárias da nossa
elite política. Agora, voltando-se mais uma vez para região do Cariri,
Geraldo Amâncio conta a história da conhecida coronela de Lavras da Mangabeira,
cujo perfil biográfico foi por mim tracejado em Dona Fideralina Augusto –
Mito e Realidade (Fortaleza: Armazém da Cultura, 2017).
Dimas Macedo
No seu novo
livro, Fideralina Augusto – A Matriarca de Ferro (Fortaleza:
Expressão Gráfica, 2018), Geraldo Amâncio escreve o poema mais expressivo do
cancioneiro de Dona Fideralina Augusto, mostrando-nos que a sua trajetória e as
suas ousadias deram-lhe, com certeza, uma tradição memorável. Trata-se de
livro arquitetado com a erudição e o talento de um grande poeta, cujo repente o
eleva nas páginas da nossa história literária, celebrando, de último, a memória
de Fideralina Augusto, a nossa Matriarca de Ferro, que tanto de projetou na
história política do Brasil.
Dimas Macedo
Poeta e
Escritor
Fortaleza,Ceará
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2018/03/fideralina-matriarca-de-ferro-pordimas.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário