LAMPIÃO O DESTEMIDO.
Por José Mendes Pereira
Como já é do conhecimento de todos que estudam “cangaço” no dia 04 de junho do ano de 1898, no antigo sítio “Passagem das Pedras”, “Vila Bela”, nos dias de hoje “Serra Talhada”, lá no Estado de Pernambuco, nascia o Virgolino Ferreira da Silva, que posteriormente recebeu a alcunha de Lampião, e se tornou um dos maiores cangaceiros do nordeste brasileiro.
José Ferreira pai de Lampião
Era filho do sofrido casal José Ferreira da Silva um pequeno fazendeiro da região, homem honesto, trabalhador e muito respeitado pela sua vizinhança, e de dona Maria Sulena da Purificação, uma senhora de gênio forte e não aceitava que seus filhos fossem desrespeitados por ninguém.
Maria Sulena mãe de Lampião
Diz alguns historiadores que a vizinhança chegou a dizer que: “Quando José Ferreira da Silva desarmava os filhos na porta da frente da casa dona Maria Sulena da Purificação os armava na porta da cozinha”. E ainda dizia abertamente para quem quisesse ouvir: “Eu não crio filhos para ficarem no caritó e nem para serem desmoralizados".
Analisando o que dona Maria Sulena dizia, ninguém deixa de entender, o comportamento contrário ao bem, não há dúvida, os filhos do casal herdaram o gênio forte da mãe.
Logo que completou três meses de nascido Virgolino Ferreira da Silva recebeu a água benta na capela do povoado de São Francisco, e lá foi apadrinhado pelos avós maternos, isto é, os pais de Dona Maria Sulena da Purificação que eram Manuel Pedro Lopes e D. Maria Jocosa Vieira, com quem Virgolino passou quase toda vida de adolescente com eles.
Capela da Vila de São Francisco onde o rei Lampião foi batizado pelo Padre Quinca, e Virgolino Ferreira da Silva aos 10 anos de idade - Foto da capela: Cortesia Escritor Valdir Nogueira. - Foto do Padre Quinca : Livro - Autor - Edvaldo Feitosa Foto do menino Virgolino: Livro "Lampeão" Autor: Optato Gueiros - 2ª Fonte: Facebook - Página: Voltaseca Volta.
As informações dos pesquisadores afirmam que a cerimônia foi oficiada pelo Padre Quincas, tendo este profetizado os destinos do menino Virgolino Ferreira da Silva, que na hora em que o banhava com a água benta, disse: “- Virgolino – dizia o padre - vem de vírgula (querendo dizer que o vocábulo Virgolino gramaticalmente é derivado da palavra vírgula), quer dizer, pausa, parada".
E arregalando os olhos, disse: - "Quem sabe, o sertão inteiro e talvez o mundo vão parar de admiração por ele".
Diz que a infância de Virgolino foi normal como qualquer outra criança. Vivia harmoniosamente com as demais que com ele conviviam. Juntamente com outros meninos, frequentou escolas, tendo sido alfabetizado pelos professores Domingos Soriano e Justino de Nenéu.
Sua vida estudantil foi curta, passando apenas três meses, e lá, aprendeu a escrever, ficando apto a responder cartas, pois em épocas passadas o estudo para pobres era apenas para alfabetizá-los.
José Ferreira da Silva como não era um grande proprietário e com isso precisava trabalhar; sustentava a filharada através da criação de animais e da roça, e também trabalhando como almocreve, ajudado pelos filhos mais velhos: Antonio Ferreira da Silva e Livino Ferreira da Silva e o próprio Virgolino.
Lampião dedicou-se à vida de almocreve, trabalho em que ele transportava mercadorias sobre o lombo de uma tropa de burros de propriedade da família. E dizem os pesquisadores que este trabalho lhe foi muito importante em anos mais tarde, pois lhe deu bons conhecimentos nos caminhos das caatingas do Nordeste.
Em 1915, ocorreu uma das maiores secas da região nordestina, que muito se prolongou, assim lembrada pela escritora Raquel de Queiroz no seu livro “O Quinze”. Como todos os pais pobres levam uma vida sofrida para sustentar os seus filhos, José Ferreira da Silva não foi diferente. E como a seca havia visitado o sertão pernambucano, e vendo que se não procurasse outro meio para vencê-la, o pai de Virgolino tomou uma atitude, talvez até arriscada: Fazer visita a Juazeiro do Norte, em busca de soluções religiosas, coisa que era de costume de muitas famílias nordestinas formarem grupos e caminharem até Juazeiro do Norte, na intenção de serem abençoados pelo Padre Cícero Romão Batista, que na época, todos o tinham como um santo milagroso.
Sabendo que se toda família viajasse para juazeiro do Norte a sua propriedade ficaria no abandono, e temendo isso, Virgolino não viajou com a família, dispôs a ficar no sítio para cuidar dos afazeres rotineiros.
Mas durante a estadia da família no Juazeiro, mesmo Virgolino com o olhar sobre as suas criações, houve desaparecimento de suas cabras. E assim que a família Ferreira chegou de volta do Juazeiro, percebeu que o rebanho de caprinos tinha diminuído. E ao descobrirem os desaparecimentos de algumas criações, Virgolino começou a fazer investigações, tentando descobrir o verdadeiro larápio dos seus animais. Esta luta durou um bom tempo.
Virgolino e o seu irmão Livino ainda procurando descobrir quem era o larápio dos seus animais, certo dia, sem nenhuma maldade, entraram na casa de um morador na fazenda Pedreiras, do senhor José Saturnino Alves de Barros, conhecido na região por Zé Saturnino, e lá, eles viram couros dos seus animais com o sinal nas orelhas, sendo esta marca da família Ferreira. Com essa descoberta, não havia mais dúvidas, que aqueles couros pertenciam aos animais desaparecidos do chiqueiro dos Ferreiras. Os Ferreiras comunicaram ao dono da fazenda Pedreiras o Zé Saturnino o que estava acontecendo, e em vez dele punir o culpado, revoltou-se contra os filhos de José Ferreira da Silva. E a partir daí, começou uma rixa entre as duas famílias que durou por muito tempo.
Sabendo que essa questão não seria tão fácil ser resolvida Virgolino e seus irmãos reuniram-se, e depois de muitos estudos, encontraram uma solução. Perseguir o Zé Saturnino sem lhe dá chance de defesa.
Após o assassinato do pai os irmãos Ferreiras entrarem no bando de cangaceiros do Sinhô Pereira, na finalidade de apoio para vingarem a morte do seu patriarca, o que nunca aconteceu.
Durante o tempo em que participou do grupo do Sinhô Pereira meses depois ou ano, Virgolino foi alcunhado por Lampião, e prendeu como dirigir um bando de fora-da-lei. Mas o Sinhô Pereira tinha outros objetivos. E aos 26 anos de idade, sentindo-se doente, já com problemas reumáticos, e outros mais, desistiu do bando, entregando-o a Lampião.
Tenente Zé Lucena responsável pelo assassinato de José Ferreira da Silva pai de Lampião
Mas em minha opinião, Lampião perdeu a guerra para os seus inimigos. Um deles foi o José Saturnino que morreu velho em seu leito, e Lampião nunca colocou a sua mão sobre o seu chapéu. Já o outro, o tenente Zé Lucena segundo pesquisadores, foi ele quem aceitou a morte do seu pai por um volante comandado por ele, que segundo autores, Benedito Caiçara nem sabia em quem estava atirando.
Outros afirmam que o Zé Lucena quando viu o José Ferreira morto, deu duro contra o volante Benedito Caiçara, por ter matado o patriarca dos Ferreiras, que a intenção do tenente Zé Lucena não era assassinar o velho, e sim prender os seus filhos, principalmente o Virgolino que ainda não era chamado de Lampião.
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4 - Amigo leitor, eu não tenho certeza se este é o volante Benedito Caiçara que assassinou o pai de Lampião. Encontrei em um site como sendo ele. Caso não seja, desculpa-me. -http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/…/cangaco-vingan…
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