Poema declamado: LADOS DA VIDA
Do armador do
presente
Pro armador do passado,
Armei a rede da vida
E me deitei sossegado
Pra ver o tempo passar
E ao mesmo tempo dar
Uma espiada de cheio
Com toda atenção caída
Na linha que marca a vida
Do ser humano no meio.
Do lado leste
dos anos,
Gravurados pela paz,
A cem metros vi um monte
De sonhos azul-lilás
E um rio de alegria
Despejando poesia
No mar das inspirações
Que vomitava inocência
Tocado pela essência
Das flores das ilusões.
Vi no pináculo
do riso
A transparência do belo
Auxiliar o amor
Na construção dum castelo
Murado de regozijo
Pra servir de esconderijo
Pra vida ainda criança
Que dava seus passos ternos
Nos primogênitos invernos
Do jardim da esperança.
Do lado oeste
da vida,
Vi veredas de cansaços
Feitas pelos pés dos nos
Carregados de embaraços;
Presenciei a tristeza
Se banhar na correnteza
Do riacho da saudade,
Que arrastava os arquivos,
Guardiões dos negativos
Das fotos da mocidade.
Assisti cenas
grotescas
Do filme da impotência
Gravadas pelo destino
Nas páginas da existência;
O rádio dos desencantos
Tocava a canção dos prantos
Chorados pela velhice
Que, cheia de desenganos,
Pagava o bonde dos anos
Pro reino da caduquice.
Depois
desarmei a rede
Da vida pra terminar
De viver os últimos dias
De vida sem reclamar
Das derrotas e tristezas,
Desânimos e incertezas
Pelo destino cativo…
Mesmo de olhos cansados,
Foi bom olhar os dois lados
Da vida que ainda vivo.
Autor: José
Ribamar Alves
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