Vitor
e Adolfo - Foto: reprodução / TribunaPR
A Justiça
tomou uma decisão inédita no país. Mandou perdoar a dívida de um pai que largou
o emprego para tentar salvar a vida do filho doente.
O mutuário da
Caixa Econômica Federal (CEF) Adolfo Celso Guidi, de Curitiba, teve sua dívida
imobiliária paga no mês passado com os valores dos depósitos das penas
pecuniárias da Vara Criminal da capital.
Formado em
engenharia mecânica, Adolfo Guidi parou de pagar as prestações da casa, cerca
de R$ 500, em 2001, quando abdicou da profissão para pesquisar uma eventual
solução para a degeneração cerebral que comprometia a saúde de seu filho, Vitor
Guidi.
O rapaz, que
completou 21 anos no último dia 15, sofre de uma doença rara e que não tem
cura, chamada Gangliosidose Gm1.
Adolfo conta
que a doença, diagnosticada em 2001, se caracteriza pela falta de uma enzima
fundamental para a reposição de células cerebrais.
Depois de
encontrar uma forma de controlar o problema, após um ano, Adolfo tentou voltar
ao mercado de trabalho, mas não conseguiu emprego e voltou a trabalhar como
mecânico usando o espaço em frente à própria residência, onde mora desde 1996.
“Não me arrependo
do que fiz. Conseguimos salvar o Vitor, que é o único no mundo a superar os 11
anos de vida com essa doença”, diz.
A decisão.
Sensibilizada
com a história de Adolfo, a juíza titular da Vara do Sistema Financeiro de
Habitação de Curitiba, Anne Karina Stipp Amador Costa, encaminhou um ofício
para a Vara Criminal de Curitiba.
Ela solicitou
a possibilidade de utilizar os recursos do órgão para possibilitar uma
conciliação junto ao Sistema Financeiro de Habitação, diante da
excepcionalidade do caso.
Em ação
conjunta que envolveu juízes federais, Ministério Público Federal,
conciliadores e procuradores da CEF, foram disponibilizados valores decorrentes
de depósito de prestações pecuniárias e suspensão condicional da pena (valores
pagos por condenados), para quitação da dívida de cerca de R$ 48,5 mil.
“É um caso
excepcional. Sentimos que ele não teria outra alternativa para quitar a dívida.
Ele abriu mão da carreira profissional para cuidar do filho”, afirma Anne
Karina.
“Como ele
também trabalha com a oficina mecânica, se perdesse o imóvel, além da moradia,
perderia também sua fonte de renda”, diz.
A magistrada
ressalta que a conclusão do caso abre precedente para que outros processos que
envolvam peculiaridades semelhantes também tenham o mesmo desfecho.
Com
informações da TribunaPR
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