Por Vanessa Campos
Iniciamos uma
pequena série sobre assombrações do Cangaço. Elas foram contadas por duas
pessoas respeitadas: João Jurubeba e Amaury Corrêa. O primeiro, falecido,
pertenceu as volantes e o segundo, sério pesquisador e escritor do Cangaço. No
final, Valter Rosa Borges, respeitado parapsicólogo, explica o fenômeno:
Era uma noite
de 1956. A temperatura estava quente numa localidade chamada Pau Ferro, próxima
de outra chamada de Serrote Preto, Alagoas. Ali existia um poço conhecido como
Avelino com água potável da melhor qualidade. Era costume de os moradores
buscarem água nesse poço, principalmente em época de seca. Assim fez
Amália Araújo. Aquela noite, além de quente, havia lua cheia, céu sem nuvens.
Pegou o pote, a rodilha e foi caminhando na terra esturricada em direção ao
Avelino por volta das 20h. A lua alta iluminava a estradinha estreita e
deserta. Não fazia medo. Encheu o pote e fez o caminho de volta.
Mal deu alguns
passos, ouviu barulho de gente falando alto. Estranhou, porque na ida não
escutou nada. Procurou ouvir de onde vinha o barulho. Viu embaixo de uma árvore
frondosa uma fogueira grande e ao redor dela, homens e mulheres conversando,
rindo alto. Para espanto de Amália, todos vestiam roupas do Cangaço, inclusive
bornais. Ela ficou paralisada. Controlou os nervos e os músculos. Não tremeu. O
pote na cabeça não derramou uma gota d´água. Observou que alguém do grupo
também a olhava sem dizer uma palavra. Ficaram assim se entreolhando por alguns
instantes. Até que Amália se deu conta de que a fogueira estalava. Sinal que ia
desabar. Não podia ser verdade. Lampião e o bando morreram havia 18 anos.
Decidiu ir para casa. Chegando, colocou o pote no chão e foi se deitar. Não
conseguiu dormir só pensando na cena. Não contou a ninguém, pois iriam dizer que
estava louca. Não pregou o olho, até ouvir o galo cantar. O dia amanhecera.
Levantou, fez o café e partiu para o Poço Avelino com pretexto de buscar água.
Foi até a
árvore onde os “cangaceiros” estavam. Nenhum rastro, nenhuma brasa, nenhum pau
queimado da fogueira. Nenhuma marca de alpercata, nenhum rastro. Nenhuma cinza.
Nada…ela jamais esqueceu o que vira. Sonho, não era possível… Não
teve coragem de contar a ninguém que viu assombração. Muitos anos depois,
resolveu contar. Disseram que foi visão.
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